17. Woodbury

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"⁠Não se preocupe. O inferno é grande o suficiente para nós dois."

Octavia Smith.

A luz do sol cegava meus olhos, minhas mãos estavam acima do rosto pra tentar enxergar o caminho na minha frente, meus pés pisavam suavemente pelo chão gramado, eu não fazia a mínima ideia de onde estava mas eu sabia pra onde ir.

Uma pessoa um pouco mais distante, em uma cabana na direção que eu ia, eu não podia ver seu rosto, o sol impedia, era somente sua silhueta.

— Ei! Você?!— Gritei tentando chamar a atenção da mulher na cabana, sai correndo em direção ao local mas continuava parecendo tão distante.

À medida que eu me aproximava da cabana, a silhueta da mulher se tornava mais nítida. Seu cabelo balançava suavemente ao vento, e ela parecia imersa em alguma atividade. O lugar ao redor era tranquilo e sereno, como se estivéssemos em um refúgio isolado do mundo exterior.

"Octavia..."

Eu ouvia uma voz me chamar mas eu não conhecia, eu não conhecia aquela voz.

Finalmente, alcancei a entrada da cabana, ofegante pela corrida. E quando a mulher virou-se para mim, eu acordei.

Senti meu peito subir e descer freneticamente, parecia que eu realmente tinha corrido mas aquele sonho tinha sido tão real, eu sentia como se de fato tivesse vivendo aquilo, era bizarro demais.

Sacudi a cabeça tentando afastar os pensamentos e me levantei da cama, tomei banho e me vesti, descendo as escadas da casa e abrindo a porta, vendo as crianças de Woodbury brincando.

Depois de tudo que aconteceu, eu decidi ir embora de Alexandria, não conseguiria ficar lá nem por um segundo, eu não sabia o motivo mas tudo lá, me gerava agonia.

Caminhei pela comunidade, sem muito contato visual com as outras pessoas, apenas seguindo meu destino, entrei na área fechada que antigamente costumava ser um tipo de ringue de luta entrem pessoas e zumbis, a forma de diversão do governador e agora, era minha arena.

—Oque vocês querem?— Perguntei me sentando em minha cadeira que ficava um pouco mais alta que a arena, me permitindo enxergar tudo.

— Eles querem se juntar a nós— Luna, a garota loira gritou. — Estão aqui pra pedir sua permissão pra viverem entre nós.

—Claro que sim, novos membros são sempre bons— Me levantei encarando eles ali e vi Luna sorrir e começar a se afastar dos dois— Só que vão ter que fazer por ontem, o que sobreviver, fica em Woodbury, agora lutem!

—Mas ele é meu irmão, viemos na esperança de ficarmos juntos— O homem que parecia mais velho falou e eu dei de ombros.

—Se vieram até aqui, é porque ouviram falar de mim e se ouviram... já imaginavam oque ia acontecer, sem excessões, lutem ou eu mesma mato vocês dois— Ameacei e vi eles se entre olharem e quando a luta começou,dei um sorriso de satisfação, me sentando novamente em minha cadeira para assistir à batalha que se desenrolava na arena improvisada. Os dois irmãos estavam claramente relutantes em lutar um contra o outro, mas a necessidade de sobreviver parecia superar qualquer laço familiar que pudessem ter.

Eles se enfrentavam com hesitação, cada golpe sendo dado com uma mistura de desespero e relutância. Os espectadores assistiam em silêncio tenso, sabendo que essa era uma das provas cruéis que a nova realidade impunha mas alguns adoravam.

À medida que a luta continuava, pude ver a angústia nos olhos dos irmãos. Eles pareciam estar lutando não apenas um contra o outro, mas também contra si mesmos. Era uma luta interna entre o desejo de sobreviver e a ligação familiar que compartilhavam.

Era uma situação difícil, e eu sabia que eles estavam enfrentando um dilema agonizante.

O mais novo e o mais velho trocavam socos, se acertavam com qualquer coisa que estavam no chão e quando o mais novo estava prestes a matar o próprio irmão, eu parei a luta.

— Você passou no teste. Seja bem-vindo a Woodbury — disse com seriedade. — Mas lembre-se disso, a sobrevivência aqui exige sacrifícios difíceis e decisões dolorosas.

O sobrevivente olhou para cima, olhos cheios de tristeza e raiva. Ele havia feito o que era necessário para viver, mas o preço que pagara era alto demais.

—E você...— Apontei pro mais machucado— Corra! Estou de bom humor, hoje, eu não mato você.

O mais machucado olhou para mim com surpresa e incerteza em seus olhos, talvez não esperasse uma oportunidade tão inesperada. Ele hesitou por um momento e depois se levantou com dificuldade, cambaleando para longe da arena e logo o vi passar pelo portão. Muitos na multidão observavam, alguns curiosos e outros desapontados pela reviravolta na situação.

Voltei minha atenção para o sobrevivente que permanecera, ainda processando a intensidade do momento que vivenciara. Ele encarou o chão, a respiração pesada, e eu pude sentir a mistura de emoções que o dominava.

Luna aproximou-se do sobrevivente, oferecendo-lhe uma garrafa de água e um olhar compassivo. Era claro que, apesar da brutalidade do teste, a comunidade de Woodbury estava disposta a acolher aqueles que eram fortes o suficiente para sobreviver, mesmo que isso significasse enfrentar escolhas desafiadoras.

— Você é forte— murmurei, minha voz carregada de um entendimento que vinha das experiências vividas nesse mundo pós-apocalíptico. — Mas você fez o que precisava ser feito para sobreviver. Essa é a realidade que enfrentamos agora.

O sobrevivente ergueu o olhar para mim, seus olhos expressando uma mistura de resiliência e resignação.

— Não imaginava que seria assim... — ele murmurou, sua voz cheia de cansaço.

— Luna vai te levar pro lugar onde vai ficar.

A multidão começou a se dispersar, e o ambiente na arena ficou mais calmo.

Carl Grimes.

Alguns meses se passaram depois que Octavia foi embora e eu sentia falta dela, não melhorou, não mudou, eu não esqueci, ainda estava em mim e eu nem sabia mais aonde ela estava.

Caminhei pelo lado de fora de Alexandria limpando o excesso de zumbi, era oque eu costumava fazer pra distrair a minha mente e foi quando eu vi o homem quase morto, se arrastando pela mata, corri pra ajudar a ele e assim que eu o toquei, ele tremeu em susto.

—Oque aconteceu com você? — Perguntei preocupado.

— Blodreina... — Foi a última coisa que ele disse antes de desmaiar.

Oque caralhos é Blodreina?

Além das sombras.•ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs Onde histórias criam vida. Descubra agora