22. Meus sentimentos

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"Quem nós somos e quem precisamos ser para sobreviver, são coisas bem diferentes."

Carl Grimes.

Eu já havia sofrido tantas perdas, e o mundo ao nosso redor estava em constante tumulto. Minha mente estava repleta de pensamentos, mas um deles dominava tudo: meu último encontro com Octavia.

Eu desejaria ter o controle, ansiava por lembrar de todas as coisas terríveis que ela havia feito e, assim, encontrar o ódio necessário. No entanto, era uma tarefa que eu não conseguia realizar. Por mais que eu tentasse com todas as minhas forças, esse sentimento parecia estar além do meu alcance. Minha ligação com Octavia era inquebrável, um amor incondicional que resistia a todas as circunstâncias.

— Você vai pra Woodbury outra vez?— Meu pai perguntou me seguindo pelas ruas de Alexandria.

— Vou, eu preciso ir lá— Respondi ríspido, não queria outro sermão.

—Carl, não adianta, a Octavia não vai mais voltar.

As palavras do meu pai eram duras, mas eu sabia que ele estava certo. Octavia tinha ido embora, e eu estava perseguindo um fantasma. No entanto, algo dentro de mim se recusava a desistir. Eu não podia ignorar o vínculo que compartilhávamos, mesmo que isso significasse enfrentar essa pessoa na cabeça dela.

Cheguei aos portões de Woodbury e Negan estava de vigia e riu assim que me viu, quando ele ficou ao lado da Octavia, todos nós julgamos ele, acreditamos que ele sentia falta das maldades que ele fazia antes mas depois eu entendi que Negan estava ali pelo mesmo motivo que Daryl, trazer ela de volta.

— Você não desiste mesmo—  Negan abriu os portões e eu entrei.

— Como ela está?— Perguntei inseguro e ele negou com a cabeça.

—Pior, ela fica oscilando. Tem horas que é ela e tem horas que é a Blodreina, briga sozinha com ela mesma, se machuca sozinha.

Eu engoli em seco, a preocupação pelo estado de Octavia pesando em meu peito como uma âncora. Saber que ela estava em um estado tão frágil e perturbador me deixava angustiado. Eu me perguntava se seria capaz de ajudar ela a superar essa batalha interna que travava consigo mesma.

— Onde ela está? — perguntei a Negan, enquanto caminhávamos pelos corredores vazios de Woodbury.

Ele me guiou até um quarto escuro e austero, onde Octavia estava sentada no chão, com o olhar perdido no vazio. Seus olhos, outrora tão vivos e determinados, agora estavam opacos e desprovidos de qualquer brilho. Era como se duas almas lutando em um único corpo a tivessem esgotado.

— Octavia, é o Carl.  — sussurrei, me aproximando com cautela.

Ela levantou o olhar para mim, mas o que vi nos seus olhos era a pura manifestação da dualidade que a consumia. Em um momento, era Octavia, e no próximo, a Blodreina surgia com toda sua ferocidade.

—Carl...— Ela falou baixo e me puxou com força, me fazendo a abraçar — Você não deveria estar aqui. — ela disse com a voz trêmula.

Minha determinação permaneceu inabalável. Eu estava disposto a enfrentar o perigo, mesmo que isso significasse enfrentar a escuridão que assombrava Octavia.

— Não vou embora, Octavia. Nós vamos superar isso juntos — prometi a ela.

No entanto, sabia que a jornada seria longa e cheia de desafios. Octavia estava lutando não apenas por sua sobrevivência, mas também pela recuperação de sua própria identidade. E eu estava determinado a estar ao seu lado em cada passo desse caminho incerto.

— Você não pode... Eu não... eu não consigo me controlar, eu posso machucar você, eu não quero machucar você— Ela falou preocupada e logo me soltou, se afastando de mim.

Compreendi a angústia de Octavia, a luta interna que a dominava e a fazia temer por minha segurança. Sabia que ela não estava completamente no controle de si mesma, e que a Blodreina, essa parte sombria de sua personalidade, era uma ameaça constante. No entanto, eu não podia simplesmente abandonar ela, eu não era capaz disso.

— Octavia, eu não vou deixar você enfrentar isso sozinha. Não importa o que aconteça, estamos nessa juntos — declarei, minha voz firme e decidida.

Ela olhou para mim com olhos cheios de emoção, uma mistura complexa de gratidão e desespero. Eu me aproximei dela novamente, com cuidado, como se estivesse me aproximando de um animal ferido.

— Precisamos encontrar uma maneira de ajudar você, Octavia. Não podemos desistir.

Ela balançou a cabeça lentamente, como se tentasse concordar comigo, mas a luta ainda era evidente em seus olhos.

— Eu... eu tenho medo, Carl. Medo do que posso fazer quando a escuridão me consome.

— Vamos encontrar uma saída, juntos. — Prometi mais uma vez, determinado a não deixar que a escuridão prevalecesse.

O desafio que tínhamos pela frente era monumental, mas eu não desistiria de Octavia. Unidos, enfrentaríamos os fantasmas do passado e as sombras que a atormentavam, na esperança de encontrar a luz no fim desse túnel sombrio que ela estava trilhando.

— Eu te amo, Carl, eu te amo— Eu não estava esperando por isso, a Octavia dizendo que me amava, eu sentia tanta falta disso.

As palavras de Octavia, declarando seu amor por mim, foram como um raio de luz atravessando a escuridão que a envolvia. Meu coração se encheu de emoção, e eu sabia que, apesar de todas as adversidades, nosso vínculo era inquebrável.

— Eu também te amo, Octavia. Não importa o que aconteça, sempre vou te amar — respondi, os olhos cheios de determinação e carinho.

Naquele momento, eu soube que não importava quão difícil fosse a jornada pela frente, nossa ligação e o amor que compartilhávamos seriam nossas forças motrizes. Unidos, enfrentaríamos os desafios que se apresentassem, na esperança de trazer Octavia de volta à luz e à sua verdadeira identidade.

— Você precisa ir, agora!— Ela se afastou completamente de mim, parecendo extremamente preocupada e eu demorei pra entender — Eu tenho mais coisa pra fazer, Grimes, sai daqui— Até o tom de voz dela mudou.

Eu aprendi que discutir não adiantava, não dava certo e sempre acabava em mortes desnecessárias, por isso eu obedeci.

— Você é mais forte que isso, Octavia— Eu respondi antes de ir embora.

— E aí? como foi lá? — Daryl e Negan se aproximaram curiosos e preocupados.

— Ela precisa de ajuda, muita ajuda e eu não sei de verdade, o que fazer... — Respondi triste porém não me dei por vencido.

Sai de Woodbury pensativo, matei alguns zumbis no caminho porém ao chegar em próximo aos portões de Alexandria, percebi que algo estava errado e no momento em que me acertaram pelas costas, eu tive certeza.

Além das sombras.•ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs Onde histórias criam vida. Descubra agora