25. O Fim

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"Por mais que se tente, não se pode ignorar a quem se ama."

5 anos depois

Octavia Smith.

O mundo é algo extremamente estranho, principalmente com todas as mudanças que aconteceram nos últimos anos.

Eu descobri que sou imune por conta da radiação nas quimioterapias que minha mãe fazia enquanto estava grávida de mim, os remédios, tudo forte demais pra um bebê e isso acabou me fazendo criar anticorpos mais fortes que o vírus. Infelizmente, não era algo útil, algo que eu pudesse ajudar as pessoas. Eu via meu dom, ou maldição, como um fardo. A imunidade que carregava não me trazia nenhuma vantagem prática em um mundo devastado por zumbis.

—Mãe— Senti meu corpo balançar e abri meus olhos lentamente observando a garotinha de cabelos compridos e um sorriso no rosto— Acorda, vai, você prometeu que ia me ensinar a lutar com espadas hoje.

—Carl, sua filha tá me acordando outra vez— Fechei os olhos novamente e ouvi Carl rir.

—Antes de amanhecer, ela é sua filha— Dei um tapa na cabeça dele enquanto levantava e olhava a garota sorrindo.

—Tudo bem, Ray, vamos treinar. Você vai ser a melhor espadachim do mundo.

Os últimos anos tinham sido uma jornada de sobrevivência, amor e aprendizado. Nossa pequena comunidade havia se estabelecido e, com o passar do tempo, novas gerações surgiram, como Ray, eu e Carl encontramos ela a uns quatro anos atrás e a adotamos, no início foi difícil, já que ela era como um animalzinho selvagem.

— Oi vô — Ela correu para os braços de Daryl e depois abraçou Carol e o tio Henry dela.

Pra uma criança que não tinha ninguém, imagino que seja muito bom ter tios, primos, avós, e, olha que avôs ela tinha três, e ela adorava isso. Aos poucos, ela havia se transformado em uma parte inseparável da nossa família, como um raio de sol em nosso mundo sombrio.

Enquanto treinava com Ray, ensinando ela a manejar uma espada com destreza, eu sabia que estava passando adiante muito mais do que habilidades de combate. Estávamos transmitindo valores, laços familiares e a importância de cuidar uns dos outros.

— Mãe, você acha que um dia o mundo vai voltar ao normal? — Ray perguntou enquanto treinávamos.

Dei um sorriso triste. Era uma pergunta que eu mesma já havia me feito muitas vezes.

— Não sei, querida. Mas, eu vou fazer de tudo pra você ter a melhor vida que se pode ter nesse mundo.

Nossos olhos se encontraram, mãe e filha, e eu soube que, por mais estranho e perigoso que o mundo pudesse ser, o amor e a família eram o que realmente importava.

— Vou ir ver a Coco lá na casa da tia Rosita e do Tio Dean, tá bom?— Ela me perguntou assim que acabamos de treinar e ela saiu correndo em direção a casa do meu irmão.

Tudo parecia estar bem, até meu pai Negan havia encontrado alguém e agora, eu, Dean e Sam teríamos um irmão ou irmã, Sam estava bem feliz, todos nós estávamos, pela primeira vez em anos.

A noite chegou de uma forma tranquila e estrelada, Carl e eu estávamos sentados no telhado de nossa casa, observando o céu noturno. Compartilhávamos um cobertor, afastando o frio da noite e, ao mesmo tempo, aquecendo nossos corações.

O som distante dos grilos e o vento suave criavam uma atmosfera serena, parecia até que os zumbis resolveram fazer silêncio para gente poder aproveitar essa noite maravilhosa. Carl olhou para mim, seu olhar cheio de carinho e admiração.

— Você lembra quando nos conhecemos, Octavia? — ele perguntou suavemente.

Sorri, sentindo o calor daquele momento inundar meu coração.

— Claro que sim. Foi em um dos momentos mais difíceis da minha vida. Eu estava sozinha e sem esperança, e então você apareceu e mudou tudo.

Carl segurou minha mão com ternura.

— Eu nunca vou esquecer aquele dia. Você era a força e a determinação que eu precisava em um mundo enlouquecido. Você chegou divertida com seus flertes e suas piadas ruins e me fez lembrar que dava pra ter momentos felizes.

Nos aproximamos e nossos lábios se encontraram em um beijo suave, cheio de amor e gratidão. O beijo durou o suficiente para transmitir todos os sentimentos que tínhamos um pelo outro. Nosso amor era uma chama constante em meio ao caos do mundo.

Quando finalmente nos separamos, Carl olhou nos meus olhos.

—Eu te amo, amo a vida que temos juntos e amo a família que criamos— Ele falou me abraçando e eu aproveitei o calor daquele momento.

—Eu também te amo Carl. Amo e amo muito.

Enchi o rosto dele de pequenos beijos e ele sorriu e depois fingiu limpar o beijo com novo e eu olhei indignada e beijei ele mais ainda e apoia esse momento, rimos juntos.

Em uma manhã ensolarada, minha família que vive em Woodbury foi para um almoço em Alexandria, eu observava Carl e Ray enquanto eles brincavam juntos.

Eu e minha mãe arrumavamos a mesa grande no meio da comunidade, um almoço de família, todos com seus filhos, amigos, um momento especial sem o leso do mundo.

Ray estava correndo alegremente, perseguindo uma borboleta, enquanto Carl ria e a seguia. A luz do sol brilhava em seus cabelos, fazendo ele parecer mais jovem e cheio de vida.

Glenn brincava com Hershel junto com Maggie, Michonne com sua barriga enorme, quase completando os 9 meses de gravidez e Judith perturbando eles, chamando o Rick pra brincar e o pai foi obrigado a ceder. Negan e Daryl riam de alguma coisa, enquanto Annie vinha nos ajudar com a comida.

— Mãe, olha só! — Ray correu até mim, segurando uma flor selvagem em suas mãos pequenas.

Sorri para ela, pegando a flor e colocando em seu cabelo.

— Você está linda, Ray. Flores combinam contigo.

A música eram as risadas das crianças em Alexandria, se divertindo com o momento e os cantos dos pássaros.

Depois de algumas horas, todos sentamos pra comer. Ray estava toda suja de grama, e Carl fingia horror enquanto ela fazia uma careta travessa.

— Você é uma garotinha muito bagunceira, sabia? — disse ele com um sorriso.

Ray deu de ombros, parecendo orgulhosa de suas travessuras.

— Eu sou igual à minha mãe!

Carl e eu rimos juntos. Era verdade que Ray tinha puxado muito de mim, e vê-la crescer era como reviver minha própria infância, mas com uma perspectiva mais feliz.

Um dia nos disseram que não existia felicidade, que se achávamos que iríamos viver juntos, felizes, estávamos enganados. Bom, essa pessoa errou, aqui nessa mesa, observando toda a minha família unida, se divertindo com histórias, eu percebi que a alegria nasce dos cantos mais obscuros e que é possível ser feliz nesse mundo, mesmo com os momentos tristes.

Fim... Ou não.

Além das sombras.•ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs Onde histórias criam vida. Descubra agora