20. Escuridão

133 11 19
                                    

Octavia Smith.

Em determinados momentos da vida, percebemos que perdemos o domínio, conscientes de que as coisas não estão corretas. No entanto, tomamos tantas decisões equivocadas que parece impossível mudar. Ficamos mergulhados em nossas próprias mágoas, dores e traumas por tanto tempo que, na tentativa de nos proteger, acabamos nos transformando naquilo que nos causou dor. No meu caso, me tornei algo ainda mais sombrio.

—Aquela nuvem ali, parece um coelho—Apontei pro céu enquanto virava o meu olhar pra Carl deitado ao meu lado no gramado.

—Eu nunca vi um coelho pessoalmente — Falou parecendo desanimado— Mas já vi um veado, foi incrível, triste foi o tiro que eu levei depois.

—Nossa mas você tem um chamariz pra levar tiro em...— Brinquei e ele riu.

— Tô com saudades, Octavia, você podia voltar— Carl falou e eu olhei sem entender— Podia voltar pra mim, pra nós, pra você mesma.

—Eu não estou te entendendo— Me sentei e então, ele tossiu e quando tossiu, sangue saiu de sua boca— Carl?— Gritei quando vi ele com um sangramento em direção ao peito e o sangue sair pela sua boca.

—Octavia...— Ele disse fraco e eu entrei em desespero.

—Não, não, não... acorda, olha pra mim, fica comigo Carl, fica comigo— Eu gritava enquanto segurava ele em meus braços e atrás dele, uma mulher com a katana coberta de sangue nas mãos— Oque você fez?

—Eu fiz? Não... eu não fiz nada— Ela começou a caminhar e ela tirou o capuz, mostrando sua verdadeira face e era eu, eu como Blodreina— Você quem fez, Octavia, até porque, eu... sou você— E agora eu que estava com a espada nas mãos, coberta de sangue e aos meus pés todo o povo de Alexandria, mortos, incluído minha mãe, meus pais e meus irmãos.

"Octavia..."

Novamente a voz me chamando e eu pude ver a cabana ao alto do monte, comecei a correr em direção a ela, eu sabia que quem estava me chamando estava ali e quando cheguei lá encima, ela estava de braços abertos me esperando e sem pensar duas vezes, eu a abracei, levantei meu rosto pra poder finalmente descobrir quem era mas novamente, acordei.

Levantei completamente atordoada do pesadelo, joguei água gelada no meu rosto, tentando voltar para a realidade, coloquei minha roupa e fui caminhar por Woodbury, os olhares das pessoas me seguiam conforme eu passava, alguns com medo, outros com respeito e a maioria que já estava a mais tempo, tinha até um certo carinho.

—Octavia, fizemos oque você pediu— Negan se aproximou e eu concordei com a cabeça e ele ficou a me observar.

—O que foi?— Perguntei cruzando os braços e ele suspirou.

—Não acha cruel? Você já matou a garota na frente das pessoas que a amavam e agora, você coloca a cabeça zumbificada dela em uma estaca? Bem em frente a Alexandria?

—E esmagar a cabeça de pessoas com um taco de beisebol em frente aos parentes, esposas e filhos, é uma coisa super adorável, não é?—Respondi em ironia e ele suspirou, eu sendo julgada pelo meu pai insano, talvez, eu esteja no limite.

Me afastei sem falar nada, precisava lidar com as coisas da comunidade, sobre as buscas de comida e essas coisas chatas que uma líder deveria fazer.

Após uma reunião, eu me sentei sozinha e fiquei parada, encarando a parede, pensativa, de repente, comecei a sentir minha respiração ficar mais rápida e superficial. Meus batimentos cardíacos aceleraram, e minha visão começou a ficar embaçada.

Além das sombras.•ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs Onde histórias criam vida. Descubra agora