21. Meu eu maligno

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"Meu próprio eu maligno, diz que eu sou doente e minha mente, me perturba"

OCTAVIA SMITH

Eu sem dúvida alguma estava ficando louca, era como se eu não fosse mais só eu e isso fazia minha cabeça doer, principalmente quando eu lutava contra.

Acordei e me vesti normal, sem toda aquele couro, terror, sem a capa, sem tudo aquilo que chamava atenção na Blodreina, parei em frente ao espelho e joguei água em meu rosto e quando olhei novamente, me vi com o rosto manchado de vermelho, como a "maquiagem" que costumo usar, balancei a cabeça negando mas lá estava eu, completamente diferente de como eu estava de fato, me encarando.

— Você não pode fugir de mim, Octavia— Ela falou pra mim e eu senti meu corpo arrepiar.

Aquela voz na minha mente era como um eco sombrio, uma presença que eu não podia ignorar. Minha luta contra essa parte obscura de mim mesma estava se tornando cada vez mais intensa e desgastante. Eu não sabia como lidar com essa dualidade que parecia me consumir e o pior de tudo, era me ver perder, todos acham que estou sobre o controle menos o Carl, quando o Carl olha dentro dos olhos da Blodreina, é como se ele enxergasse o verdadeiro eu.

— Você não me controla, Octavia. Eu sou você, tão real quanto qualquer parte sua. Você não pode simplesmente me negar — a voz na minha cabeça continuou a sussurrar, uma mistura de tentação e ameaça.

Eu sabia que aquela parte sombria de mim estava certa de alguma forma. Ela fazia parte de mim, era uma consequência de todas as escolhas difíceis e traumas que eu tinha enfrentado no mundo pós-apocalíptico. Mas eu não queria ceder a ela. Eu não queria mais agir como a Blodreina.

A imagem no espelho voltou a ser eu e eu respirei aliviada mas quando me virei, ela estava ali, na minha frente, tão real quanto a cama, tão real quanto qualquer coisa que já vi na minha vida.

—Achou que ia escapar?— Ela falou me empurrando contra a parede— Toda a sua força, sua coragem, tudo isso vem de mim, sem mim, você é só uma garotinha com medo de apanhar do papai.

— Eu sou mais forte que você, sem mim, você nem sequer existe— A chutei na barriga a afastando de mim, me dando espaço pra respirar.

Blodreina levanta sua espada e sorri e eu pego a minha correndo e apontou pra ela.

— Que a melhor vença. Não será uma luta fácil para você.

O quarto escuro está impregnado de tensão, e eu me encontro diante da figura sombria que é minha contraparte, Blodreina. Ambas seguramos nossas espadas, os olhos fixos um no outro, enquanto o ar carrega uma expectativa quase palpável.

Sem hesitar, dou um passo à frente, investindo contra Blodreina com um golpe feroz de minha espada. O metal corta o ar em um arco rápido. Blodreina reage com destreza, bloqueando meus ataques com sua própria lâmina. Cada choque de espadas ressoa como uma sinfonia sombria, enchendo o espaço ao nosso redor com sua música sombria.

Ambas as versões de mim mesma se movem com agilidade e precisão, em uma dança mortal. Cada uma de nós está determinada a ganhar a vantagem sobre a outra. É uma batalha interna, uma luta pela minha própria alma.

—Você não vai me controlar! Eu sou mais do que essa escuridão dentro de mim!.

Blodreina responde, sua voz sibilante e sinistra:

—Você não pode fugir de quem realmente é, Octavia. Você é forte quando me abraça, quando aceita sua natureza.

Continuamos a lutar, esquivando-nos, atacando e defendendo. É uma batalha que transcende a mera força física; é uma batalha de vontades e de identidade.

Quem sairá vitoriosa nessa luta interna, eu ou Blodreina? Isso permanece incerto, mas uma coisa é clara: estou determinada a não permitir que a escuridão me consuma por completo.

— Você acha oque?— Ela conseguiu me chutar e me jogar contra o espelho que se quebrou e me cortou — que o Carl ainda vai amar você? Ele quer te enfraquecer, ele quer vingar a Enid,ele nunca mais vai amar você, Octavia.

As palavras de Blodreina cortaram fundo, como uma lâmina afiada. Eu estava ferida, tanto fisicamente pelo vidro quebrado quanto emocionalmente por suas palavras cruéis. Minha respiração estava pesada enquanto eu me levantava, ignorando a dor.

— Você está errada. O Carl me ama pelo que sou, não importa o que aconteceu no passado. Ele não quer me enfraquecer. Ele quer me ajudar a superar essa escuridão, a encontrar o equilíbrio. — Minha voz era firme, apesar do tumulto em minha mente.

A batalha entre nós continuou, cada golpe de espada carregando o peso de nossos conflitos internos. Eu lutava não apenas por minha própria identidade, mas também pelo amor e confiança daqueles que eram importantes para mim e eu estava perdendo.

— Você é uma grande tola Octavia, você acredita mesmo que vão ficar juntos outra vez?— Falou batendo com a espada com mais força contra a minha e eu parecia ficar mais fraca— Acho que ele vai esquecer das coisas horríveis que você fez?— Dessa vez, cortou meu braço— Ele NUNCA vai ter perdoar— E aquilo foi a gota d'água pra me jogar no chão novamente.

Blodreina levantou a espada e ameaçou cravar ela em meu coração, a batalha interna havia chegado a um ponto crítico, e eu estava à beira da derrota, tanto emocional quanto fisicamente. As palavras cruéis de Blodreina ecoavam em minha mente, aumentando a dor que eu já sentia. O sangue escorrendo de meus ferimentos era uma prova tangível de minha luta desesperada.

Quando meu pai entrou no quarto, eu não sabia mais o que era real e o que era produto de minha mente perturbada. Ele me levantou com cuidado, preocupação em seus olhos. Eu só conseguia olhar para o local onde Blodreina estava antes, como se ela ainda estivesse lá, observando.

— Octavia, o que aconteceu aqui? — meu pai perguntou, sua voz cheia de preocupação.

Eu não sabia como explicar a ele a batalha que tinha ocorrido dentro de minha mente. Tudo o que podia fazer era abraçá-lo e tentar conter as lágrimas que ameaçavam escapar.

— Eu... Eu não sei, Daryl. Eu não quero ser a Blodreina novamente.

Meu pai segurou meu rosto gentilmente, olhando diretamente nos meus olhos.

—Eu tô aqui, você não tá sozinha— Fez carinho em meu rosto e eu suspirei concordando com a cabeça, eu me sentia tão indefesa mas ao mesmo tempo algo dentro de mim se misturava, entrava em colapso e quando dei por mim, já havia afastado meu pai de mim.

—Chega, eu tô bem, preciso me limpar, tenho coisas pra fazer— Me afastei por completo e segui para o banheiro pra tomar banho.

Foi um longo banho, com flashs dos acontecimentos recentes e nos acontecimentos passados, tudo confuso, duas pessoas em uma cabeça só, eu não sabia oque fazer e foi assim que eu, virei ela outra vez.

Além das sombras.•ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs Onde histórias criam vida. Descubra agora