𝐴 𝐹𝑖𝑙ℎ𝑎 𝐷𝑎 𝐶𝑜𝑖𝑠𝑎 | IT A COISA +16

Lembranças

- Não vai contar.. Não é?

- ... Não.   - Sorrio fraco - Como fez para o papai não saber?

- Já faz uns dias... Então.. Não.   - Sorriu fraco, e me surpreendi -  ... É verdade o que você disse sobre a mamãe?

Meu sorriso some e fico séria.

-... Não. Tenha cuidado pra ele não o descobrir.   - E apenas saio do quarto dela.

Pelo visto... Isso irá me perseguir. E vou continuar sendo uma marionete nas mãos de Nevins.

O segredo que Evie escondia, era uma das minhas menores preocupações, mas eu gostava de prometer à ela que irei guardar seu segredo, mesmo que fosse o mais pequeno, eu guardaria nas sete chaves.

Após voltar para meu quarto, acabo sentindo uma tontura fechando meus olhos, e me segurei na porta e apoei minhas costas ao fechar.

- O que está havendo, Megan? Cadê aquela pose toda de durona?   - Abri os olhos vendo a imagem de Madeleine na minha frente. Sua roupa estava rasgada e manchada à sangue, junto ao seu rosto e pescoço.

- O quê...? 

- Owww você vai mesmo criar mais uma mentira para sua família, Megan?  - Fez uma cara tristonha e deu uma risada, uma risada sombria e fecho os olhos -  Irá mentir agora para sua irmãzinha preferida? Que feio, Megan!

- Cala a boca, cala a merda da boca!   - Ponho minhas mãos sobre as laterais de minha cabeça fechando os olhos.

E assim que abri os olhos, ela, a ilusão, ou o cadáver de Madeleine não estava mais ali.

Dei um soquinho na porta com um olhar sério.

- Droga!  - Xingo com o olhar pro chão. Me assustei quando o telefone tocou de repente. Engoli em seco e caminhei cautelosamente até a escrivaninha onde estava o telefone amarelo e antigo, que não sei quando... Que apareceu ali.

Peguei o telefone e levei próximo ao meu rosto.

-  ... Alô?    - Mas apenas escutei chiados e apertei os dedos levemente nervosa -   É você, Nevins?! Por quê se for, eu juro que..

- Me salve!   - Escuto uma voz. Era de um garoto que só pela voz, aparentava ter uns nove à onze anos -   Me salve! Socorro! Por favor! Tá doendo muito! O meu braço!   

Meus olhos se arregalam, minhas mãos tremem segurando o telefone de fio, ao ouvir outras vozes de crianças gritando por socorro, e se misturavam com risadas, choros, o que me deixava com uma dor de cabeça.

- Chega!    - Dei um basta em tom alto batendo o telefone contra seu suporte, e ao olhar para meu quarto, minha respiração falhou.

Só pode ser brincadeira...

As paredes retas em um corredor escuros, palavras gravadas nas madeiras da parede, brilhavam em um tom vermelho sangue, palavras, frases escritas “Foi ele”, “Culpa dele” “Monstro” e outras repetidas.

E aí eu entendi... Não era sobre mim... Então se não era sobre mim, era sobre... Papai.

- Não!    - Gritei com as mãos forçando as laterais de minha cabeça -  Pare!... Por favor... Por que está fazendo isso?!

A escuridão parecia se aproximar e comecei a dar passos para trás, escutava sons de algo em velocidade vindo na minha direção, e agora, as vozes das crianças gritavam desesperadamente para eu correr, e céus! Não pensei duas vezes até começar a fugir com o coração na “mão”.

Eu tentava gritar por socorro, mas minha garganta estava fechada, só me bastava correr no meio da escuridão.

Bem.. Eu tentei.

Meu corpo parou quando senti alguma coisa forte ultrapassar os ossos de minhas costas, e atravessando minha barriga.

Mas então... Acordei em um sobressalto, vendo Pietro sobre mim, empurrando meus ombros.

- Acordei.   - Ele me abraça com o rosto abaixo do meu, e retribui.

Assim que ele deixou o quarto, fiquei mais tempo na cama, olhando o teto e meus olhos aos poucos ficavam marejados.

Por que tá tão difícil agora?! Antigamente.. Ah, antigamente era tão simples... Eu obedecia papai e mamãe, os respeitava.. E era feliz.

Permiti meus olhos se fechar para eu cair nas lembranças de minha infância, onde não havia tanta dor.. Isso é claro, antes da ida de papai.

- Mamãe me pegue!   - Digo e me joguei da parede em que estava pendurada, após escalar usando meus poderes.

- Megan!   - Essa me segurou forte - Eu já falei para parar de fazer isso!

- Hihi! Papai que deixou!

- .. Oi?  - Se engasgou o qual aparece na sala de repente, me olhou e o dei uma piscada -  ... Pirralha folgada, heh.

Me lembro de quando fizemos mamãe colocar o vestido de noiva, minhas irmãs já haviam nascido.

- Ewwww!   - Fizemos o som enjoado, após os nossos pais se beijarem.

- Oras, um dia vocês três irão beijar também!  - Diz mamãe rindo.

- Não, é nojento!    - Cruzo os braços pondo a língua pra fora os fazendo rir.

Lembro-me de quando conheci os Losers, amigo de mamãe e nunca mais os vi. Lembro de quando papai nos levou para o parque de diversão... Para nos deixar distraídas... Me recordo de como aqueles cinco dias nos fizeram sorrir e se divertir como nunca...

Acabei lembrando da pergunta que Nevins fez a mim.
Se.. Eu sei como é a dor de perder alguém... Eu havia respondido que não mas... Céus... Assim que o papai se foi... Eu senti essa dor!

Nessa hora, foi como se um estalo tivesse feito em minha mente, e apenas senti as grossas lágrimas rolar sobre as maçãs de meu rosto.

- E-eu errei...   - Sussurrei.

Escuto um movimento baixo de algo se arrastar, e olhei para a porta, vendo uma tartaruga batendo suas garras na porta.

- O que...?

Me levanto e vou até a tartaruga e a segurei sentindo seu peso.

Assim que fechei os olhos por poucos segundos, escuto a porta bater da sala e rapidamente apareço na porta vendo papai em sua forma humana, ao meu lado. Já fazia um tempo que não o vejo com essa forma; ele me analisou por um curto tempo, e se afastou logo dando as costas sem dizer nada.

Respirei fundo e abri a porta me deparando com Nevins no corpo de Matt.

- Minha querida!   - Deu um sorriso maroto, e assim que ia se aproximar para me roubar um beijo, o puxei pelo braço.

- ... Eu tenho algo pra tratar com você!  - Rosnei nos levando para fora, e assim que bati a porta ao fechar, o olhei seriamente -  ... Nevins eu aceito fazer isso! Mas você já sabe o que quero em troca.

- Eu sei, Megan... Fez uma ótima decisão mas sem esse corpo, não posso entrar em contato com você. Ele é.. Compatível à mim, até parece que a maldade dele se mistura com a minha!  - Riu divertido, e o olhei confusa.

- ... Matt não é como você.

- Não... Mas com você, ele não é a mesma pessoa, pode acreditar, já vi o futuro dele, e você não o merece. Ele é sujo. Eu o consideraria até um monstro de Todash!   - Fez um olhar enojado.

- ... O que você viu?   - O olhei.

- Eu posso mostrar, mas.. É a primeira vez que concordo com seu pai e Maturin!