03 - Clube do Livro

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No dia seguinte esperei Lizz em frente a Universidade com um café na mão, estava meio nublado e frio, mas ainda sim um fim de tarde bonito. Abri meu coração e bolso e comprei um café para Lizz, após cinco minutos de espera ela finalmente aparece fumando seu cigarro.

— Esse é o meu? — diz apontando para o café.

— Olá para você também

— Obrigada. Onde comprou?

— McDonald's

— Sério?

— Vai desdenhar agora? É cinco reais, pega essa desgraça logo e apaga esse cigarro.

Seguimos para o clube do livro, Lizz tinha me explicado que funcionava mensalmente, e por sorte naquele mês eu já tinha lido o livro necessário quando estava no ensino médio. Me disse também que sempre entravam e saíam pessoas com frequência, então não era obrigado a estar todo mês nas reuniões, somente nas que eu desejasse e tivesse obviamente lido o livro em questão.

— Você leu esse livro quando? — perguntei

— Esse mês mesmo, com a Karine.

— Iii lá vem coisa, tu para de falar dessa menina. Quero ver planos pro futuro, baixe o Tinder, programe baladas, orgias em cemitérios, viva!

— Não é tão fácil assim, ela me marcou.

— Eu sei minha amiga. Mas as coisas vão mudar, o tempo vai passar, as provas virão, os pássaros vão cair e quando você menos esperar estaremos formados e nunca mais veremos a Karine — Disse de forma carinhosa enquanto passava meu braço por seu ombro.

— Tem razão, mas no momento ela estará naquela reunião me evitando e vou me sentir um lixo.

— Quer que eu derrube meu café nela?

Liz riu um pouco e disse:

— Não é necessário, mas agradeço a iniciativa, de qualquer forma eu mesmo despejo o café nela.

— É assim que eu gosto, Lizz malvada.

Entramos na sala e dito e feito, Karine estava lá, também possuía uma cara de bunda e de poucos amigos, sentei perto da Lizz no lado oposto ao de Karine. Era uma reunião com cerca de 15 pessoas sentadas em um círculo de cadeiras, todas animadas e falantes segurando seus livros ou Kindles em mãos, enquanto eu apenas segurava um café morno e sem vida. Ao olhar pro lado vejo Lizz com um livro, um kindle e uma prancheta com lápis recém apontado pronto para anotações. Deveria me importar mais com as coisas e me programar como Lizz. Na próxima quem sabe.

Dentro de uns 10 minutos o nossa professora responsável entrou na sala com uma bolsa enorme e com todas as características de uma professora de português: tom de voz de alguém que está conversando eternamente com uma criança de quatro anos, um avental branco com babados e um rabo de cavalo. Era alta, tinha um sorriso largo e a pele do pescoço esticava quando ela sorria. Se chamava Cinthia.

— Boa tarde, sejam todos muito bem vindos, vejo que temos rostos novos e espero que gostem e voltem mais vezes. Vou explicar brevemente como funciona o clube do livro e para que todos estejam bem informados, tudo bem?

Ela explicou, eu não guardei absolutamente nada, minha mente fluiu para coisas aleatórias sem a minha permissão. Acredito que eu possuía Défict de Atenção ou algo do gênero, pois não conseguia prestar atenção sem fazer um esforço imenso. Estava absorto em um pensamento a respeito da escolha das casas em Hogwarts, se uma pessoa é bipolar ou apresenta dupla, ou mais personalidades desde criança, como o chapéu seletor vai saber qual casa é a certa se existem duas pessoas em uma só cabeça? Qual método seria o ideal? Existiam pessoas bipolares em Hogwarts, existiam psicólogos? Não acredito que Dumbledore deixaria isso de lado, um cara tão gente boa...

O Lobo e o PeixeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora