No dia seguinte esperei Lizz em frente a Universidade com um café na mão, estava meio nublado e frio, mas ainda sim um fim de tarde bonito. Abri meu coração e bolso e comprei um café para Lizz, após cinco minutos de espera ela finalmente aparece fumando seu cigarro.
— Esse é o meu? — diz apontando para o café.
— Olá para você também
— Obrigada. Onde comprou?
— McDonald's
— Sério?
— Vai desdenhar agora? É cinco reais, pega essa desgraça logo e apaga esse cigarro.
Seguimos para o clube do livro, Lizz tinha me explicado que funcionava mensalmente, e por sorte naquele mês eu já tinha lido o livro necessário quando estava no ensino médio. Me disse também que sempre entravam e saíam pessoas com frequência, então não era obrigado a estar todo mês nas reuniões, somente nas que eu desejasse e tivesse obviamente lido o livro em questão.
— Você leu esse livro quando? — perguntei
— Esse mês mesmo, com a Karine.
— Iii lá vem coisa, tu para de falar dessa menina. Quero ver planos pro futuro, baixe o Tinder, programe baladas, orgias em cemitérios, viva!
— Não é tão fácil assim, ela me marcou.
— Eu sei minha amiga. Mas as coisas vão mudar, o tempo vai passar, as provas virão, os pássaros vão cair e quando você menos esperar estaremos formados e nunca mais veremos a Karine — Disse de forma carinhosa enquanto passava meu braço por seu ombro.
— Tem razão, mas no momento ela estará naquela reunião me evitando e vou me sentir um lixo.
— Quer que eu derrube meu café nela?
Liz riu um pouco e disse:
— Não é necessário, mas agradeço a iniciativa, de qualquer forma eu mesmo despejo o café nela.
— É assim que eu gosto, Lizz malvada.
Entramos na sala e dito e feito, Karine estava lá, também possuía uma cara de bunda e de poucos amigos, sentei perto da Lizz no lado oposto ao de Karine. Era uma reunião com cerca de 15 pessoas sentadas em um círculo de cadeiras, todas animadas e falantes segurando seus livros ou Kindles em mãos, enquanto eu apenas segurava um café morno e sem vida. Ao olhar pro lado vejo Lizz com um livro, um kindle e uma prancheta com lápis recém apontado pronto para anotações. Deveria me importar mais com as coisas e me programar como Lizz. Na próxima quem sabe.
Dentro de uns 10 minutos o nossa professora responsável entrou na sala com uma bolsa enorme e com todas as características de uma professora de português: tom de voz de alguém que está conversando eternamente com uma criança de quatro anos, um avental branco com babados e um rabo de cavalo. Era alta, tinha um sorriso largo e a pele do pescoço esticava quando ela sorria. Se chamava Cinthia.
— Boa tarde, sejam todos muito bem vindos, vejo que temos rostos novos e espero que gostem e voltem mais vezes. Vou explicar brevemente como funciona o clube do livro e para que todos estejam bem informados, tudo bem?
Ela explicou, eu não guardei absolutamente nada, minha mente fluiu para coisas aleatórias sem a minha permissão. Acredito que eu possuía Défict de Atenção ou algo do gênero, pois não conseguia prestar atenção sem fazer um esforço imenso. Estava absorto em um pensamento a respeito da escolha das casas em Hogwarts, se uma pessoa é bipolar ou apresenta dupla, ou mais personalidades desde criança, como o chapéu seletor vai saber qual casa é a certa se existem duas pessoas em uma só cabeça? Qual método seria o ideal? Existiam pessoas bipolares em Hogwarts, existiam psicólogos? Não acredito que Dumbledore deixaria isso de lado, um cara tão gente boa...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Lobo e o Peixeiro
WerewolfÁlvaro é sulista de Santa Catarina, universitário de Filosofia com uma vida tranquila. Porém tudo muda quando em certa ocasião presencia uma criatura matar um colega de faculdade durante um passeio na mata. Por pouco escapa com vida e todos dizem qu...