Minha cabeça pesava, esfreguei os olhos e senti o cheiro de café. Minha mãe está na cozinha. Revi minha rotina do dia, teria que trabalhar e depois faculdade, também precisava procurar um orientador do meu TCC, ok seria um dia tranquilo. Me espreguicei e abri os olhos. Esse teto não era meu.
Sentei assustado e à minha direita havia uma criança no sofá.
— Dormiu bem?
— Quem é você? Onde estou?
Era uma sala de estar em uma casa de madeira muito bonita, me encontrava deitado em um colchão no chão.
— Na minha casa, ué. Você dormiu aqui, como se chama?
— Eu o que? — me levantei jogando a coberta do outro lado da sala. — Onde estou?
— Eu já te disse, está na minha casa.
— Que bom que você já acordou, como se sente? — uma voz surgiu na porta da sala. A mulher de rabo de cavalo entrou com um pano de prato na mão — estou fazendo um café, caso esteja com fome.
Lembrei de seu rosto, ela abriu meus olhos enquanto eu sentia...
— Dor... — sussurrei baixo analisando meu corpo.
— Sim, você veio para cá com muita dor. — como ela me ouviu? — falando nisso, está sentindo algo?
— Não... O que está acontecendo? Onde estou?
Aquela dor terrível havia sumido, só restava um leve desconforto muscular por esforço.
— Eu já disse mãe, ele já me perguntou três vezes .
Ela sorriu levantando a mão e o menino se calou.
— Você está na nossa casa, em Itajaí mesmo, em um bairro próximo. O trouxemos pra te ajudar, pra tirar a dor. — se aproximou e em resposta dei dois passos para trás, quase tropeçando no travesseiro, ela recuou.
— Você é livre para ir quando quiser, não estamos lhe prendendo aqui. Tudo vai ser explicado.
— Que horas são?
— São dez e quarenta.
— De que dia?!
— Quarta-feira.
As datas batiam, havia passado somente uma noite.
— Eu tenho que trabalhar! Meu Deus eu não avisei ninguém. Minha mãe deve estar preocupada!
— Se acalme, eu já liguei para os dois, dei desculpas plausíveis.
— Mas eu não posso faltar! Estou na experiência, serei demitido!
— Fique tranquilo, tudo vai se resolver.
— Onde estão as minhas coisas?
— Você não as trouxe, quer dizer, não pegamos nada em sua casa, veio com a roupa do corpo apenas. O tempo era crucial.
— Vocês invadiram minha casa. — breves imagens da porta semi pendurada apareceram — arrancaram minha porta.
— Bom, é. — ela parecia aborrecida — Arthur vai pagar pela porta.
— Vocês me sequestraram?
— Bom, sim também. Mas não sabemos o que teria acontecido se você não recebesse ajuda. — ela tentou completar com rapidez.
— O que eu tenho? Por que não fui levado a um hospital?
— Fabiano vai poder lhe contar melhor.
Ouvi passos na madeira e de repente dois homens entraram pela porta da frente. Arthur e Fabiano, o homem mais velho que segurou minha cabeça na noite passada com seus olhos amarelos. Durma.
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O Lobo e o Peixeiro
Hombres LoboÁlvaro é sulista de Santa Catarina, universitário de Filosofia com uma vida tranquila. Porém tudo muda quando em certa ocasião presencia uma criatura matar um colega de faculdade durante um passeio na mata. Por pouco escapa com vida e todos dizem qu...