16 - Contaminação

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Minha cabeça pesava, esfreguei os olhos e senti o cheiro de café. Minha mãe está na cozinha. Revi minha rotina do dia, teria que trabalhar e depois faculdade, também precisava procurar um orientador do meu TCC, ok seria um dia tranquilo. Me espreguicei e abri os olhos. Esse teto não era meu.

Sentei assustado e à minha direita havia uma criança no sofá.

— Dormiu bem?

— Quem é você? Onde estou?

Era uma sala de estar em uma casa de madeira muito bonita, me encontrava deitado em um colchão no chão.

— Na minha casa, ué. Você dormiu aqui, como se chama?

— Eu o que? — me levantei jogando a coberta do outro lado da sala. — Onde estou?

— Eu já te disse, está na minha casa.

— Que bom que você já acordou, como se sente? — uma voz surgiu na porta da sala. A mulher de rabo de cavalo entrou com um pano de prato na mão — estou fazendo um café, caso esteja com fome.

Lembrei de seu rosto, ela abriu meus olhos enquanto eu sentia...

— Dor... — sussurrei baixo analisando meu corpo.

— Sim, você veio para cá com muita dor. — como ela me ouviu? — falando nisso, está sentindo algo?

— Não... O que está acontecendo? Onde estou?

Aquela dor terrível havia sumido, só restava um leve desconforto muscular por esforço.

— Eu já disse mãe, ele já me perguntou três vezes .

Ela sorriu levantando a mão e o menino se calou.

— Você está na nossa casa, em Itajaí mesmo, em um bairro próximo. O trouxemos pra te ajudar, pra tirar a dor. — se aproximou e em resposta dei dois passos para trás, quase tropeçando no travesseiro, ela recuou.

— Você é livre para ir quando quiser, não estamos lhe prendendo aqui. Tudo vai ser explicado.

— Que horas são?

— São dez e quarenta.

— De que dia?!

— Quarta-feira.

As datas batiam, havia passado somente uma noite.

— Eu tenho que trabalhar! Meu Deus eu não avisei ninguém. Minha mãe deve estar preocupada!

— Se acalme, eu já liguei para os dois, dei desculpas plausíveis.

— Mas eu não posso faltar! Estou na experiência, serei demitido!

— Fique tranquilo, tudo vai se resolver.

— Onde estão as minhas coisas?

— Você não as trouxe, quer dizer, não pegamos nada em sua casa, veio com a roupa do corpo apenas. O tempo era crucial.

— Vocês invadiram minha casa. — breves imagens da porta semi pendurada apareceram — arrancaram minha porta.

— Bom, é. — ela parecia aborrecida — Arthur vai pagar pela porta.

— Vocês me sequestraram?

— Bom, sim também. Mas não sabemos o que teria acontecido se você não recebesse ajuda. — ela tentou completar com rapidez.

— O que eu tenho? Por que não fui levado a um hospital?

— Fabiano vai poder lhe contar melhor.

Ouvi passos na madeira e de repente dois homens entraram pela porta da frente. Arthur e Fabiano, o homem mais velho que segurou minha cabeça na noite passada com seus olhos amarelos. Durma.

O Lobo e o PeixeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora