Zombies and Lovers- LARRY

2° Temporada- Saudade

O corpo parecia dormir em cima daquela mesa de mármore, vestindo uma blusa nova que o ômega tinha trago para presentea-lo e não pode, sabia de cor porém, qual seria a reação daqueles olhos castanhos mel quando recebesse o presente, era sempre assim que Shawn agia, doce e prestativo, sempre colocando os outros acima de si, e em uma situação crítica isso é fatal.  Aquele "velório" tinha cheiro de poeira, resquícios de sangue podre e lágrimas salgadas, abraços sendo compartilhados até por quem era menos íntimo, eles só queriam sentir que estavam juntos outra vez.

Algum tempo depois Niall se levantou de uma das cadeiras acolchoadas do lugar, com uma agonia profunda de suas bochechas molhadas ele passou a manga da blusa que vestia ali e foi para o centro do salão, chamando atenção do resto do grupo.

— Eu queria dizer algumas palavras— tentou não olhar para o corpo atrás de si— Mas não quero passar um recado para o Shawn olhando para vocês... eu só queria pedir desculpas por tudo, e mesmo que ele tenha dito que não, eu sinto que muitos dos fatores que levaram o Shawn de nós poderiam ter sido evitados se não fosse pela minha impulsividade e insubordinação, não fui só eu que o perdi...— seus olhos o traíram e não conseguiu evitar uma nova onda de tremores ao ver o ferimento auto infringido na testa do alfa— Desde que Theo nasceu eu sinto que é um recomeço, não só pra nós como grupo, e sim para a humanidade como um todo, esse filhote nasceu em um mundo onde só existe morte para nos trazer um pouco de vida e eu sinto muito por tirar a oportunidade de Shawn fazer parte disso.

Depois desse discurso Niall saiu chorando em direção aos andares de baixo, ele estava instável mentalmente o bastante para Louis sinalizar para alguém ir atrás dele, não poderia deixa-lo sozinho com a cabeça tão cheia de coisas ruins, tinha plena noção do quão impossível seria para si viver sem sua família, doía impossivelmente em seu peito a falta que Shawn fazia, quando ria alto, quando treinavam, quando o ômega tinha que fingir ter sido pego de surpresa toda vez que o alfa tentava ser sutil para assusta-lo ( mesmo ouvindo o barulho alto metálico que a prótese fazia e sentisse o cheiro e a presença) apenas para ver o sorriso brilhante e orgulhoso, ele amava Shawn, amava muitas pessoas desde que o mundo acabou.

— Amor— Harry se aproximou devagar com o bebê no colo que grunhia insatisfeito, ele não era muito de chorar já que nunca teve muita calma e conforto, então não conhecia bem o sentimento de não ser sacolejado de um lugar para o outro, mesmo seus pais e tios sempre fazendo de tudo para seus dias serem o mais normal possível— Acho que ele tá com fome.

Louis enxugou as lágrimas e segurou su filho, encaixando a boca pequena em seu peito e dando de mamar— Veja com eles se já está tudo bem enterrar o corpo, se eles se sentirem prontos mande Zayn e Carl fazer isso, você pode impedir a Camilla de encontrar o Niall por um tempo? É que eu sinto que ela também se culpa um pouco por isso e sei que se ela e Niall conversarem ele vai tentar fazer a cabeça dela...— Louis estava certo, ele viu isso nos olhares deles, então mesmo sem saber ele evitou que uma conversa que os dois tiveram a mais de um ano se repetisse, a diferença seria no desfecho da história, talvez eles fugissem atormentados pela culpa e vergonha, já que Camilla mesmo sendo menos impulsiva ainda compactuava com os erros do beta. Talvez naquele momento mais mortes tivessem sido evitadas.

Harry assentiu, beijando carinhosamente os lábios do ômega, depois a testa de seu filhote e por fim perto de onde o filhote mamava, indo até onde os alfas choravam baixinho, Bella e Jade haviam ido atrás de Niall já que a ômega diria doces palavras e a beta estava com a cabeça mais tranquila, ou não se importava mesmo.

O restante do dia se dividiu entre o enterro do alfa e uma limpeza simples nos cômodos que iriam dormir, então com Edward sendo o encarregado da noite em vigiar as entradas do prédio quase todos tiveram uma noite decente de sono em uma cama confortável, se sentindo seguros mesmo que a felicidade não fosse completa.