Afastados

1.3K 65 17
                                    

Estar na mesma cidade e não poder encontrar, é o mais novo método de tortura que a vida resolveu testar comigo. Sn passava por mim nos corredores da Hybe, mas sempre tinha informação demais acontecendo no momento ou eu precisava estar em algum outro lugar e por vezes até puxei ela pro meu colo e fui andando agarrado nela e, só soltei quando as portas do elevador se abriram para mim. Saudade era minha palavra atual e correria vinha logo atrás. Os prazos apertados após uma pandemia que ainda fazia todos usarem máscaras para ensaios e gravações, havia ainda a loucura de descolorir cabelos que estava de volta e dessa vez, eu iria ousar.

Apenas mensagens eram trocadas e algumas vezes chegamos à fazer chamadas de vídeo um tanto quando quentes demais.

O que mais se poderia fazer? Um homem e uma mulher, na flor da idade, atraídos um pelo outro mas que não conseguiam se encontrar? A solução era brincar com a imaginação e pedir ajuda para toda tecnologia desenvolvida.

Eram as noites em que mais conseguia dormir tranquilo. Não por causa da chamada e sim por ela. Sua voz doce, seu sorriso e sua boca atrevida que respondia com rebeldia durante a maior parte do tempo. Sn era arredia e linguaruda, porém isso me mantinha com sentimentos atrelados à ela como nunca fui na vida e isso era sinal de perigo.

Eu dava muitas risadas, ela trocava palavras e juntava algumas usando inglês e coreano ao mesmo tempo, por exemplo thanksahabnida, que era a mistura de thank you e 감사합니나, outras vezes misturava inglês e português com um obrithanks, que depois descobri ser a mistura de thank you e obrigado. Essas eram apenas umas das misturas com as quais minha pequena criava um dicionário só dela e eu demorava uns segundos pra compreender o que estava acontecendo, mas quando entendia, me permitia sorrir livremente e acontecia tanto que minha mandíbula até doía, mas eu amava. Sn me fazia rir até no meio de um vídeo sem-vergonha e quando não nos falávamos, sentia muita falta da leveza que sempre era adicionada ao meu dia.

Permission to dance tomava todo meu tempo, fossem os ensaios da coreografia ou a preparação corporal para o que viria quando fosse lançada, e ainda estávamos iniciando parceria com uma grande marca de roupas, o que acabava pegando as poucas horas livres, precisávamos de fotos, vídeos e principalmente, fazer pedidos no site para receber peças à tempo para a viagem e não poder estar com ela, ainda era meu maior castigo. Eu ia escavando, o máximo que podia para permanecer na mente dela, fosse mandando flores ao hotel, deixando mensagens ou entregando chocolates discretamente no meio de um corredor lotado.

Após terminar sua parte na música do grupo, Sn trabalhava com Hoseok no pouco tempo livre dele e continuava nas aulas de intercâmbio que tomavam quase o dia todo dela. Ela havia melhorado muito no coreano e agora, já recebia convites de grupos fora da Hybe e por ser freelancer da empresa, ela até aceitava projetos que seriam mais rápidos, mas sua prioridade era o Bangtan e eu ficava muito grato por isso, depois de ficar meio enraivado, claro.

Meu cabelo seria descolorido para a gravação do Mv de Permission to Dance, seria um verde um pouquinho diferente do convencional e as gravações também, por isso fui cedo para a empresa, finalizei alguns trabalhos no Rkive e quando estava prestes a sair, ouvi uma batida leve na porta. Meu corpo inteiro arrepiou, era a batidinha dela, Sn era extremamente educada e odiava atrapalhar os outros. Abri no mesmo instante e lá estava, linda mordiscando o lábio e com as mãos para trás.
-Bom dia. -Cumprimentei sem esconder meu sorriso.
-Bom dia. -Sussurrou. -De acordo com sua escala, em meia hora tem que estar pintando o cabelo.

Sn entrou no estúdio, segurando uma prancheta. Ela estava com calça e camiseta, ambos pretos e um par de tênis brancos, o mesmo que banhei de limonada. Seus cabelos soltos e o cheiro de pêssego dela, tomou o ambiente inteirinho. Apenas sentei no sofá e observei sua silhueta linda, com sua cintura marcada pelo cinto, já que a camiseta estava por dentro da calça.

Melhores AmigosOnde histórias criam vida. Descubra agora