Cara a cara

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Estar em um país que não era meu e ainda não ter o alguém que fazia o mundo rodar no lugar certo, era uma das mais difíceis sensações. Faziam poucas horas que Namjoon havia viajado e eu estava no hotel, arrumando minhas coisas para ficar na casa dele, depois de muito reclamar e ele insistir demais.

"Fica lá em casa, por favor. O hotel não é seguro."

Ele fez questão de mandar essa mensagem e não fosse por Eunchoon, ter ficado na portaria do hotel, eu definitivamente não teria ido até o Han aquele dia e provavelmente só faria visitas esporádicas para colocar água nas plantas e deixar as janelas abertas enquanto o fazia. Mas Kim Namjoon era demasiadamente teimoso e eu não queria arrumar uma chateação com ele, então guardei minhas coisas em uma mala pequena e sai, carregando alguns livros que logo, foram pegos pelo motorista, tão cavalheiro quando o Idol.

Estava na cara que ele e Kim andavam juntos. A cortesia era a mesma e diferente de outros trabalhadores da Hybe, esse era gentil e até sorria com facilidade. Entraria fácil numa conversa com ele, não fosse tamanha minha vergonha. É mais que óbvio que ele sabe o que aconteceu naquele carro durante o percurso até o aeroporto, só um idiota não iria desconfiar da atitude suspeita de fechar a visão da parte traseira do carro e ligar a música, mas aproveitei meu coreano capenga e só agradeci e troquei amenidades com Eunchoon, que deixou-me na portaria do grande prédio onde a mansão de Namjoon ficava, quase me obrigando a anotar seu número e salvar, caso houvesse alguma emergência.

Até parece que eu ia ligar para ele, só poderia ser piada!

Vergonha era minha palavra do dia. Não queria ficar aqui, nessa casa enorme e correndo risco de precisar receber algum amigo, parente ou até uma encomenda de Kim Namjoon.

Subi o elevador e digitei a senha na porta, entrando em seguida e correndo para deixar os livros no sofá e voltar à soleira da porta, onde fechei-a e tirei os sapatos, colocando os pés no chão, do jeito que amo fazer e logo, lembrei de outra mensagem dele.

"Não fica descalça. Pode machucar o pézinho ou pegar resfriado enquanto eu estiver fora. Os chuveiros ficam quentes, é só apertar o botão e pode aproveitar a banheira, os vinhos e qualquer coisa que queira comer ou vestir."

Era óbvio que eu iria desobedecer, não havia lógica nenhuma por trás dos pedidos dele e logo me dirigi ao quarto principal, onde ficaria hospedada. Meu plano era ficar só dois ou três dias, o suficiente para que Namjoon parasse de perguntar sobre minha localização e assim, poderia voltar para o hotel e continuar minhas obrigações em um ponto de partida mais perto, afinal o Han ficava distante dos meus compromissos e embora o carro de Jimin fosse ser minha obrigação, não queria ficar dirigindo nesse trânsito caótico com um automóvel caro daqueles.

Um envelope na mesa de cabeceira chamou minha atenção. Eu não queria bisbilhotar nada, mas em minha defesa, meu nome estava escrito acima dele e ao lado um pacotinho com gelatinas em formato de pêssego. Peguei-o desconfiada e abri, vendo a caligrafia dele.

Minha pequena
É um prazer ter você aqui, em minha casa, o único arrependimento é eu estar praticamente do outro lado do mundo, onde o sol se põe depois e com toda certeza as estrelas me farão lembrar você, seus olhos e sorriso lindo.
Fique livre, minha casa é sua também e deixei a geladeira e armários abastecidos com coisas que uma pesquisa me disse serem brasileiras. Não entendi metade dos ingredientes, mas espero que consiga se sentir confortável enquanto estou longe. Temos água quente em todos os banheiros e pias da casa, não se preocupe com a bagunça que fizer, já sei que você adora deixar coisas espalhadas e nas terças e quintas a senhora Lee irá fazer a limpeza da casa, como de costume.
Preciso que fique em minha casa, é um lugar seguro e posso mandar alguém em caso de necessidade.
Muito obrigado por tomar conta das plantinhas e do meu coração. Enquanto estou longe, pensarei em você passeando por meus cômodos (sem calcinha) e ficarei sentindo falta de nós.

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