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Meus dias sempre eram regados pelo dom som da voz de Sn, fosse ao acordar ou pertinho da hora de dormir. Sempre ligávamos um para o outro e por vezes ficávamos horas cochichando, sussurrando, olhando um para o outro, assistindo algo compartilhado ou apenas trabalhando juntos. Eu era apaixonado na companhia dela e nos sorrisos tímidos escondidos por trás da armação dos óculos e amava até quando ela escondia os dentinhos com a mão, tudo na implicância de esconder a beleza de mim.

Era quando ela ficava ainda mais linda e tentadora. A simplicidade puxando minha sanidade pela mão e tomando todo meu controle para jogá-lo fora. Sn sempre conseguia ser minha maior fraqueza e posso jurar que faria qualquer coisa para vê-la feliz, ainda que não fosse ao meu lado.


O tempo permanecia nublado, já haviam se passado três dias com o céu cinza e para nós, isso indicava grandes chuvas, esse se tornava o sinal de que o inverno, viria severo e solitário. Jin se organizava para o alistamento, enquanto Hoseok trabalhava em seu álbum, que seria lançado "as pressas", para dar tempo de ele seguir os caminhos. Nossa pausa era cansativa, pelo menos eu, estava acostumado com a correria dos dias, com idas e vindas, roupas e maquiagens sendo trocadas na velocidade da luz e a pandemia tinha, de certa forma, acabado com isso e quando pensamos que tudo voltaria ao padrão normal, uma pausa na carreira era anunciada e o exército coreano batia na cara da gente, literalmente gritando nossos nomes e eu ainda tinha a carta dourada do destino, Choi que não dava meia hora de sossego.

Meu dia havia começado às quatro e meia da manhã, quando desisti de lutar contra a insônia que me batia desde que acordei apavorado, depois de um sonho com Sn.

É uma verdade que o sonho com ela me tirou o sono? Sim. Mas não vamos tecer comentários sobre isso nem revelar que ela estava extremamente magnífica dentro de uma camisa minha, que chegava com esforço até o meio das coxas e nem vou revelar que fiquei maluco por causa das unhas vermelhas que ela mostrava nas mãos, as quais estavam lindamente acomodadas em uma parte muito especial do meu corpo.

Precisava falar sobre esses sonhos na terapia, não era normal um homem ter tantos sonhos assim com alguém, ainda mais uma amiga. O que Sn pensaria sobre mim se soubesse que andava tendo essa imagem dela?


Levantei e tomei um banho rápido para colocar meu moletom confortável e sai de casa para correr até a cafeteria que abriria dali meia hora. Ela ficava no parque Yeouido, nem tão perto para chegar rápido, nem tão longe a ponto de me cansar demais, só precisaria conseguir um carro depois, sem levantar muitas suspeitas, para poder chegar na Hybe.

Quando as pessoas falam que Seul é movimentada durante as noites, elas não estão brincando. Os parques estão quase o tempo todo, cheios de turistas , artistas mirins mostrando seus talentos e buscando por oportunidades enquanto se apresentam no meio das praças. Era uma vista bonita, aquele horário da manhã ter tanta gente se divertindo, conversando, comendo, bebendo, voltando de baladas ou simplesmente sendo vencido pela insônia, assim como eu.

Encontrar pessoas quebradas não era difícil, ainda mais em grandes cidades e capitais. Não estou dizendo que outros lugares não possuem situações assim, mas supostamente, grandes centros deveriam ser recheados de boas companhias e pessoas satisfeitas, não deveriam? Vamos lá, é da Coreia do Sul que estamos falando. Seul, grande, bonita, imponente, forte e extremamente bem visitada.
Corações se partiam aqui também, com mais frequência que o indicado, então não me senti tão no fundo do poço, afinal, de certo haveriam mais pessoas como eu ou até pior.

Atravessei o parque tentando não atrair tantos olhares, uma meta meio complicada de alcançar, afinal minha altura chamava atenção de longe, mas a galera estava tão imersa em seus grupos que até consegui entrar em uma conveniência, onde havia ido com Sn meia dúzia de vezes, comprei bobagens e até me sentei em um canto, de costas para as entradas e comi o Lámen que eu mesmo fiz, os ovos que escolhi, bebi o suco de pêssego que vinha com um copo de gelo em formato de bolinhas e após minha refeição, ainda saboreei as gelatinas, também sabor pêssego e esperei pacientemente o café abrir do outro lado da rua, mas quando isso aconteceu, apenas comprei bolinhos para viagem, um café e quando me dei por mim, já estava ouvindo a milionésima música no fone de ouvido, parado bem diante do hotel onde ela havia ficado hospedada.

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