Despedida

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"Escrito enquanto a música: Come out and play- Billie Eilish -Tocava, tocava e tocava".

"Não se apaixone por pessoas como eu. Eu te levarei a museus, e parques, e monumentos, e te beijarei em todos os lugares bonitos, para que você nunca volte neles sem sentir meu gosto como sangue na sua boca. Eu vou te destruir das formas mais belas possíveis. E depois eu vou te deixar, e você finalmente vai entender porque furacões recebem o nome de pessoas."



Não fazia o menor sentido e doía como se fosse a pior coisa do universo. Ver Sn todos os dias e não poder roubar um único beijo, foram as piores horas de minha semana que, infelizmente foi recheada de momentos próximos dela, uma vez que meu estúdio virou uma grande colônia de músicos e finalmente, estávamos focando em índigo, mas ninguém imaginava a dor desgraçada que dilacerava meu peito sempre que uma parte de meu corpo esbarrava ao dela e Minha Vida parecia sentir o mesmo.

Choi fazia questão de aparecer em horários quebrados, sem nunca nem avisar e Bang fazia o mesmo, porém o que me deixou em alerta foi o restante dos meninos sempre passar no Rkive, até quando não estava produzindo com o pessoal e sim, trabalhando apenas com Sn, então suspeitei que estávamos sendo observados de perto, mas mesmo que eu quisesse e já adianto que queria muito, não poderia ficar com ela novamente, Sn não queria e nem me permitia tocar no assunto, éramos apenas amigos como se fosse possível colocar uma enorme pedra por cima de tudo que vivemos e seguir nosso caminho como se ela já não me afetasse ou como se eu não estivesse querendo arrancar esse vestido que ela carregava agora.

Quebrado demais para reagir e respeitoso demais para tomar à força.

-Presta atenção. -Reclamou Sn, ela já tinha me chamado umas duas vezes, mas meus pensamentos não me deixaram ouvir.
-Perdão. 'Tô cansado. -Menti.
-Quer terminar depois? -Neguei bebericando o café e Sn riu fraquinho, eu sabia o significado daquele sorriso, de cada um deles na verdade e sabia ainda que seus olhos estavam tentando esconder a verdade, mas ela não conseguia fazer isso, não comigo.
-Cê sabe que 'tá doendo pra caralho, né?
-Namjoon, por favor. -Interveio tirando os óculos e recostando-se no sofá.
-Confessa que dói pra você também, a gente não se afastou só por querer. -Insisti.
-Vamos terminar isso, eu preciso finalizar esse trabalho contigo. -Minha risada irônica surgiu.
-Quer se livrar de mim? -Sn soltou os papéis na mesa de centro, levando as mãos aos cabelos e logo um riso escapou de seus lábios.
-Eu só recebo meu pagamento se o trabalho for finalizado. -Uma pausa seguida de um suspiro me fez deixar as costas eretas, ela nunca era tão séria comigo. -Eu 'tô sozinha num país que não é meu, sem família e eu vim com dinheiro contado pra poder aprender uma língua e tentar conseguir trabalho no Brasil, por que ninguém valoriza uma pessoa que não tem nome.
Outra pausa seguiu-se, carregada demais para ser quebrada por uma piada e Sn pareceu bem mais casada do que aparentava o que, mais uma vez dilacerou meu coração.
-Eu adoro você Namjoon, mas eu não sou parte do seu mundo, você consegue entender isso? Eu literalmente 'tô sobrevivendo aqui.

Sn levantou, mas pude ver as lágrimas saltarem de seus olhos e levantei-me também abraçando-a.
-Me perdoa, eu não 'tô cuidando de você.
-Você não tem que cuidar de nada, só me deixa terminar esse trabalho, me deixa ser só sua amiga.
-Eu amo você. -Sussurrei me permitindo fechar os olhos e sentir o cheiro gostoso que vinha de sua nuca e Sn virou, abraçando-se ao meu corpo e ficamos alguns segundos assim, calados apenas trocando calor, mas aquilo durou pouco, logo estávamos voltando para o sofá e lá pelo meio da madrugada, Sn já tinha me ajudado colocando voz nas guias para que eu enviasse aos colaboradores do álbum e marcasse o dia das gravações.

índigo passou pelas mãos dela, as letras, tons, algumas ideias e quase todas as músicas foram gravadas inicialmente com nossas vozes, apenas ela e eu trancados num estúdio criando memórias que eu guardaria para sempre e salvei todos os áudios que me permitiriam saber sempre que, não foi um sonho ou uma miragem. Ela era real e tinha voz, gosto e um cheiro maravilhoso e esteve ali, junto comigo e permaneceria nas memórias, fotos tiradas e agora, perpetuada em voz, uma voz gostosa que apenas eu poderia ouvir e faria isso sempre que a saudade apertasse.

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