Um dia ímpar

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O caos já começou após deixar Sn no aeroporto e ao chegar em casa, juntei as coisas dela que haviam ficado na Coreia e organizei os itens da bolsa em um dos móveis de meu quarto, da estante da sala e do cantinho de estudos, meus lugares favoritos e me acomodei na sala de estar, pronto para organizar o laptop e tomar um banho antes de continuar acompanhando o longo voo que ela fazia. E enquanto me arrumava e preparava meu ser para todas aquelas horas que se seguiriam, lembrei tudo que vivemos nas últimas horas, os choros e a vontade de mudar tudo que estava por vir.

Eu queria viver com e para Sn mas jamais iria interferir em alguma decisão ou vontade dela e tudo que estava ao meu alcance, fiz para que a viagem fosse o menos tediosa possível, combinado com Jimin para que houvesse um ou dois comissários cuidando dela, ainda que isso custasse um pouquinho mais, era meu bom investimento e eu sabia bem os efeitos de um bom voo cheio de cuidados especiais, tendo sentido na pele as duas versões por inúmeras vezes.

Mandei mensagens que não foram lidas por um tempo e a medida que o avião se distanciava, eu ficava mais preocupado, mas não havia muito o que fazer, Sn não tinha dormido bem em nossa última noite juntos, então supus que estaria dormindo ou pelo menos tentando, antes de quase surtar por não poder andar de um lado pro outro ou até mesmo abrir uma janela. 

Ela conseguia se comportar como Yoongi e Jeon no mesmo dia. Um minuto com energia para derrubar um muro no braço e no segundo seguinte, bateria social descarregada no ponto dorminhoca incurável. Eram minhas versões favoritas. Sn elétrica e ainda assim calma. E eu amava reconhecer quando ambas as fases estavam chegando. 

Minha Sn gostava de carinho, mas não sabia pedir por isso e cansava na mesma rapidez que mostrava a língua em rebeldia, uma menina mulher que me deixava doido e conseguia arrancar tudo de mim apenas me dando um sorriso meigo.

E agora estava indo para longe com tempo indeterminado. O que mais eu poderia fazer?

Sentei no chão e acomodei meu Lámen quente na mesa de centro, ligando a Tv em seguida para assistir Rio, o filme da ararinha azul, indicado por Sn, claro.

Juro que poderia escrever um milhão de músicas sobre ela. Sobre os costumes que tinha, sua forma de falar e os xingamentos que soavam como elogios. Poderia falar coisas boas sobre o que ela pensava serem defeitos e poderia descrever suas curvas com minhas palavras, escrevê-la em uma canção para o mundo e desenhá-la com minhas letras, tudo para eternizar minha pequena e deixar um pouco dela em todos os corações que minha voz alcançasse. 

Era fácil amá-la, mas ela não sabia disso e quando contei, achou impossível de acreditar e isso me fazia pensar, quantas pessoas incríveis se achavam quase nada só por terem sido machucadas antes?

Queria cuidá-la, protegê-la e beijar suas inseguranças todos os dias, até que Sn se desse conta do quão atraente e magnífica ela é.

Minha comida queimou minha boca por causa de minha pressa em comer sem assoprar e olhei apressado para o celular que carregava na extensão assim que a tela acendeu ao meu lado, mas não era ela e sim um amigo que sempre mantinha contato comigo. Voltei minha atenção para o desenho que se iniciava com um samba divertido. Não era com ele que eu queria conversar, não queria ser cordial com outra pessoa.

Apenas ela.


Seu voo se distanciava pouco a pouco e mandei mais algumas mensagens, querendo mostrar que estava pensando nela e ao mesmo tempo tentando esconder minha ansiedade, mas eu já estava me apavorando e peguei sorvete no congelador sentando novamente vendo as araras serem quase contrabandeadas em pleno carnaval e ver tantas pessoas de "biquíni" me fez querer ir até um evento desses com Sn, imagine só, nós dois andando pelas ruas do Rio de Janeiro e ela me presentear com aquelas curvas em uma roupa de banho linda?

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