Fio Vermelho

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Dentre inúmeras coisas que são "mediadas" por deus e ancestrais, existe ainda uma lenda chinesa, muito conhecida na Ásia e que atualmente, se espalhou por quase todo o globo, e eu particularmente, sempre achei que fosse apenas balela criada para explicar acasos que chegavam no meio de um rolê ou em qualquer dia onde você estivesse ocupado demais.

Akai Ito ou Fio vermelho do destino, era uma lenda que contava que no momento do nascimento, os deuses amarravam uma corda invisível vermelha no tornozelo e conectavam-na em outro pezinho, o que significava que, mais cedo ou mais tarde essas pessoas se encontravam e a conexão delas, se tornava o que chamamos de 'almas gêmeas'.

Não preciso nem dizer que eu tinha sérias dúvidas sobre toda aquela baboseira, principalmente quando se tratava de dar uma explicação para se dar bem com alguém cujo VOCÊ escolhia passar a vida junto. 

"Foi o destino"

"É minha alma gêmea"

"Estávamos predestinados"

Muito se falava sobre o mesmo e quase nada se dizia sobre como encontrar essa tal pessoa no meio de tantas outras, ainda mais quando surgem ofertas e sentimentos tão contraditórios. Achar, no meio do mundo, seu amor verdadeiro, não era de forma alguma uma coisa fácil. Mas, da varanda do hotel em Portugal, vendo Sn deitada na cama, dormindo tranquila dentro de uma camisa minha, senti que de uma vez por todas, eu conseguiria entender o que as pessoas tanto falam sobre amor.

A noite estava quente demais, embora houvesse um quarto refrigerado e o vento do mar que cobria toda a baia até onde a vista alcançava. Era madrugada, minha primeira em Portugal com ela e o clima parecia mais abafado que outros lugares que visitei. Acordei suado, meio desorientado sobre onde estava e achando o quarto estranho, até ser impossibilitado de mover o braço onde Sn estava deitada, com a mãozinha linda sob meu peito e a perna rodeando meu quadril nu.

O calor do corpo dela não me deixou incomodado, ao invés disso, senti que meu peito poderia explodir em emoção, observando a expressão relaxada enquanto ela dormia agarrada em mim. Toquei seus cabelos, deslizei meu indicador no rosto lindo, contornando o nariz, a linha dos lábios, as sobrancelhas e deixei um beijinho na testa, soltando-me dela devagarinho e logo Sn virou para o outro lado, deixando a cerejinha despida aparecendo para mim, como um convite para voltar até a cama e acordá-la.

Não o fiz, coloquei um lençol fino por cima dela, onde minha camisa não cobria e fui ao banheiro só para levar um susto dando de cara comigo mesmo no espelho. Meus cabelos estavam desgrenhados apontando para todas as direções e haviam marquinhas em meu peitoral, todas feitas por Sn, sua boca e unhas, sinal de que nosso momento foi realmente incrível e não apenas um sonho meu. Observando um pouco mais, achei outra marquinha na virilha, na coxa e até do lado direito de minha cerejinha, o que me trouxe memórias e um risinho. Sn me virou de bruços na cama e montou em meus quadris, beijando minhas costas e deixando mordidinhas pelo caminho. 

O tapa me surpreendeu e fiquei em choque quando senti os lábios e dentes dela mordiscando meu bumbum, o que me fez sentir cócegas e vergonha, e agora olhando para meu corpo enquanto lavava as mãos, me senti grato por finalmente conseguir viver um pouco disso com ela.

Abri a porta da varanda depois de vestir uma Calvin que estava caída no chão, peguei algumas bolachas recheadas que estavam em um potinho no canto da mesa e uma garrafa d'água no frigobar, me dirigindo para a sacada do quarto. Mesmo de noite, a vista era linda e abafada, eu sequer sabia onde estava meu celular e nem me preocupei em procurar nada, só queria curtir ao máximo tudo que pudesse. 

Observar Sn daqui, estava se tornando minha obra de arte favorita e senti necessidade de um cigarro naquele momento, minha cabeça ainda estava cheia e isso levava minhas preocupações com a fumaça que saia.

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