12-5 - Capítulo extra - 1

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03:25 da madrugada


"Quem eu era? Quem eu sou? Fiz tanta merda E nada me restou Não importa o que eu faça Nada me completa Respiração trava E o meu peito aperta Meus erros me perseguem E me puxam pra baixo E eu sei que sou o culpado" – Bojack Horseman / Vazio existêncial/ Anirap.


(P.V Flipy)


Entre a brisa da madrugada, lá estava eu no terraço do Bloco A, encarando a lua minguante de cristal, as nuvens a cobrindo junto com as estrelas, dou mais uma tragada e suspiro, que porra eu ando fazendo da vida? As vezes me pego me perguntando isso, desde a sua morte a quatro meses atrás, eu senti minha vida voltando a merda que era. De tantos colegas, Luan é o único que posso chamar de amigo.

Sempre que podíamos, a gente vinha prosear aqui mesmo, no terraço até altas horas, eu conhecia ele desde os meus treze anos, ele que me ajudou muito tanto no dia em que descobri que meu pai me largou aqui quanto no dia em que eu soube da morte do meu primo que morreu em um acidente de carro.

Luan também me ajudou muito, ele um dia me questionou o porquê de eu fumar (Vale ressaltar que eu tinha quinze anos, ano retrasado) e eu falei que...apenas eu me viciei, mas eu sei que era mentira, começei a fumar para fugir da merda de realidade que eu vivo. Luan e eu discutimos e ele se emepnhou em fazer eu sair do mundo das drogas e assim foi, dias, meses e virou o ano e eu já estava bem melhor. Luan foi o cara que me salvou do meu afogamento nas águas turbulentas da tristeza.

Mas aí tudo decaíu outra vez, me lembro como se fosse ontem, eu e os meninos dormindo tranquilamente nas nossas camas quando o aviso do diretor nos fez despertar e pelo alto-falante anúnciou que Luan Moraes do quarto 413 faleceu naquela madrugada de quarta para quinta no campo de futebol devido a uma overdose de drogas. A partir desse dia, as revistas nos quartos de ambos os prédios do ensino médio foram mais frequentes, pegaram muitos alunos e alunas que escondiam drogas no quarto.

Se minha vida mudou depois disso? Sim, mudou e muito!! Cada dia que passava sem poder ouvir sua voz indagadora era como a dura realidade do mundo batendo na porta avisando que veio revistar o seu quarto. Eu nunca acreditei no que o diretor Hashirama falou, Luan nunca usou drogas!! Alguém matou ele e por mais que eu tivesse investigado, fui impedido de continuar quando meu pai apareceu e falou que se eu não parasse, ele iria me tirar dessa escola e me colocar na outra, o internato Marta Almeida, um lugar muito rígido e de costumes antigos e sem celular, apenas cartas.

Isso é o que me fez parar e voltar para o meu habitat natural, aí eu voltei a fumar. Não passei de ano e fiquei no segundo enquanto meus parças iam para o terceiro. Eu me relacionei mais com o primeiro do que a minha turma, eu já era amigo do Flerchie, do Frogit, do Frolinus e da Petúnia para você ter uma ideia.

Agora aqui jaz eu com minha ideia mundana que ninguém sabe exceto eu. Lembrando que como eu posso viajar no tempo. Eu sei o que vai rolar se eu não pagar o Mathew e com certeza o Kauan não vai querer saber que se eu não conseguir todo o dinheiro, vou estar morto (Literalmente) daqui a algumas semanas.

Suspiro e apago o cigarro no parapeito. Obrigado por me ouvir dona lua, espero que a senhora consiga se casar com o sol, afinal faz tanto tempo que ele a pediu em casamento. Guardo minhas coisas no bolso e saio do terraço pela porta de incêndio.


(P.V Flipy, acabou)

O Lobo SolitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora