O sangue em minhas mãos - Wenclair

Capítulo 42 | Fim.

Enid e Wednesday abriram os olhos e se encontraram em um lugar que parecia o nada. O ambiente era sereno, tranquilo e banhado em tons de azul. Era como se estivessem imersas em um céu sem fim, envolto em nuvens suaves e brancas.

Elas observaram ao redor, maravilhadas com a sensação de paz que emanava do lugar. Não havia mais dor, medo ou preocupação. Apenas serenidade e uma conexão profunda entre elas.

Enid olhou para Wednesday com os olhos brilhantes e um sorriso nos lábios.

-Estamos... no além? - perguntou, com a voz cheia de admiração.

Wednesday assentiu, sentindo-se acolhida e envolta por uma calma reconfortante.

-Parece um lugar onde nossos corações podem finalmente descansar - sussurrou ela.

Elas se abraçaram, sentindo a conexão profunda que existia entre elas se fortalecer ainda mais. Era como se estivessem unidas por algo além do tempo e do espaço. Não havia machucados ou dor, tudo desapareceu, toda dor, toda angústia.

De repente, uma voz ressoou no ar, acompanhada por um brilho dourado que envolveu Enid e Wednesday.

-Você finalmente voltou! - declarou a voz com um tom caloroso e acolhedor.

Enid e Wednesday se afastaram um pouco, curiosas para verem a origem dessa figura encantadora. Uma mulher de aparência divina estava diante delas, com uma semelhança impressionante com Enid. Seus cabelos loiros brilhavam intensamente como raios de sol, flutuando graciosamente. Sua pele resplandecia com uma luz radiante, e seus olhos castanho-escuros emanavam ternura e compreensão. Vestindo uma armadura adornada com detalhes solares, ela carregava uma taça de vinho em sua mão. Um sorriso radiante dançava em seu rosto enquanto observava Enid.

-Eu estava esperando por você, minha querida filha! E vejo que trouxe uma companhia maravilhosa - disse a figura com uma voz suave e melodiosa, como a doce melodia de um piano.

Enid ficou maravilhada, seus olhos brilhando com emoção ao reconhecer a figura que se apresentava como uma mãe há muito tempo perdida. Ela se aproximou lentamente, sentindo uma conexão profunda e inexplicável.

-Mãe...? - disse Enid, a voz carregada de emoção.

A mulher assentiu, os olhos transbordando amor e orgulho. Abraçando a pequena criança com cuidado.

-Sim, minha querida. Sou eu, sua mãe…mas, você deve me conhecer como "Fonte". Eu esperei por este momento, por sua volta. E estou tão feliz em vê-la novamente!

Wednesday observava a cena, um sorriso terno nos lábios. Ela sentia a energia amorosa que envolvia mãe e filha, um vínculo especial que transcendia qualquer explicação. Era um reencontro tocante, repleto de emoção e amor.

A mãe de Enid estendeu a mão, convidando Wednesday para se juntar a elas.

Wednesday se aproximou, sentindo-se acolhida pelo calor materno que emanava daquela figura divina.

-Então... você é a fonte?! Uma deusa?! - perguntou Wednesday, maravilhada.

A mãe de Enid sorriu e soltou uma risadinha, encantada com tamanha curiosidade.

-Bem, eu sou uma espécie de divindade, mas eu já fui mortal e agora é a vez de Enid assumir meu lugar... - respondeu a figura com calma, afastando delicadamente alguns fios loiros do rosto de Enid.

O sorriso de Wednesday desvanecia lentamente, misturado com uma sensação de tristeza.

-Morrer? Mas você é uma divindade... - indagou Wednesday, intrigada.

-Querida... as flores brotam e morrem, as estrelas brilham, mas um dia se apagarão... tudo morre, a terra, o sol, a Via Láctea e até mesmo todo esse universo não são exceções. Comparado a isso, a vida do homem é breve e efêmera como um piscar de olhos. Nesse curto instante, os seres humanos nascem, riem, choram, lutam, sofrem, celebram, lamentam, amam e odeiam. Tudo é transitório e, em seguida, todos adormecem eternamente no chamado sono da morte. É isso que une todos os seres do universo: a morte. Todos morrem, inclusive os deuses. É o que nos torna iguais.