Capítulo trinta e cinco.

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Wednesday olhou para Margaret, seus olhos cheios de desespero enquanto tentava encontrar uma resposta que não revelasse toda a verdade. Ela sabia que suas palavras seriam em vão diante do olhar implacável de sua avó.

-Margaret, vovó, por favor, você não entenderia...- Wednesday começou, sua voz trêmula. - É apenas um projeto de arte, uma performance... Enid é filha de uma camponesa e estava me ajudando com isso, é tudo fantasia!

Margaret arqueou uma sobrancelha, seu rosto permanecendo impassível.

-Uma performance? - ela repetiu, com um tom de descrença. - Eu não sou tola, Wednesday. Você acha que pode me enganar com suas artimanhas? Eu vi as asas, o sangue... isso vai além de uma simples performance, como uma simples camponesa entraria no castelo a essa hora, Wednesday? Pensei que eu a tivesse ensinado melhor, você não se lembra? Eu sinto cheiro de dragão a quilômetros de distância...

As palavras de Margaret ecoavam como um eco ameaçador na mente de Wednesday. Ela sabia que sua avó estava cada vez mais próxima, e sua capacidade de esconder-se atrás de desculpas estava se esgotando rapidamente.

-Margaret, por favor, não faça nada precipitado - suplicou Wednesday, seus olhos marejados. - Eu posso explicar, mas preciso de tempo... de espaço.

Margaret soltou uma risada mordaz.

-Tempo? Espaço? Não há espaço para criaturas como essa aqui. Você sabe muito bem o que eu sempre disse sobre dragões, Wednesday. São feras! E o pior...pelo que vejo, essas aberrações têm consciência, você sabe o que isso significa? Sabe quanto sangue essas feras imundas derramaram na sua família? No seu REINO!

As palavras de sua avó cortaram como facas afiadas. Wednesday sentiu-se encurralada, sem saída. Ela olhou para Enid, buscando conforto e coragem em seu olhar, mas sabia que a situação estava se deteriorando rapidamente.

-Margaret, por favor, antes de fazer qualquer coisa, apenas... escute-nos - implorou Wednesday, lutando para manter a compostura. - Há mais para Enid do que você pode entender agora. Ela não é uma ameaça, eu juro.

Margaret permaneceu em silêncio por um momento, seu olhar frio e calculista. O suspense no ar era sufocante, e Wednesday segurava a respiração, esperando por uma resposta que pudesse determinar o destino de todos ali presentes.

Margaret soltou um suspiro de desdém e dirigiu seu olhar penetrante a Wednesday. Sua voz cortante ecoou pelo espaço, carregada de desgosto e julgamento.

-Wednesday, estou enojada pelo que você se tornou - disse Margaret com um tom de desapontamento. - Você se deixou levar pela tentação carnal, envolvendo-se com um dragão disfarçado de humano. Isso é uma abominação! Até mesmo você, Pugsley...vocês traíram sua nação!

As palavras de Margaret atingiram Wednesday como punhais afiados, perfurando sua alma. Ela sentiu seu coração apertar e as lágrimas ameaçando transbordar. Ela não conseguia acreditar que sua avó estava tão desprovida de compreensão e empatia.

-Pugsley não tem culpa de nada - interrompeu Wednesday, defendendo seu irmão mais novo. - Ele não sabia de nada disso. Por favor, não o envolva nisso.

Margaret lançou um olhar gélido em direção a Pugsley, que tremia diante da tensão no ar. Seu rosto contorcido expressava repulsa e desconfiança.

-Não me faça rir, Wednesday - respondeu Margaret com sarcasmo. - Você acha que pode proteger seu irmão dessa vergonha? Ele também está envolvido nisso. Vocês dois são uma decepção para nossa linhagem.

As palavras de Margaret pareciam pesar sobre os ombros de Wednesday, aumentando seu sentimento de culpa e desespero. Ela olhou para Enid, buscando novamente algum apoio ou compreensão, mas a situação fugiu do seu controle.

O sangue em minhas mãos - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora