Após o constrangimento de descobrir que na verdade minha irmã não namora John e sim Matthew o tal primo, terminamos o jantar num clima descontraído conversando sobre assuntos variados. John me contou sobre o restaurante em qual trabalha e o sonho de montar o próprio negócio. Contei-lhe sobre minha tentativa frustrada de ter uma profissão, quando estudei Design, mas caguei tudo bebendo. Eu gostava muito e sonhava trabalhar com design de sapatos. Contei-lhe também sobre meus pais e a saudade que sinto deles. Ele me disse que os pais dele moram em outra cidade e que mantêm contato quase diariamente com eles. Compartilhamos tudo, desde gostos musicais a ideologias políticas. Há muito tempo eu não conversava assim com alguém. Há muito tempo eu não conversava na verdade, ando sempre sozinha meus amigos se foram a medida que o vício ia aumentando, foi bom ser tratada como uma pessoa normal novamente não uma viciada.
Lavei a louça do jantar enquanto ainda conversávamos, estendi minha roupa no varal para que secassem e logo em seguida John me levou ao quarto ao qual eu ficaria provisoriamente, um quarto de solteiro ao lado do dele, com uma cama apenas e uma cômoda.
- Eu já deixei a cama feita pra você. Só não vá se acostumando. - Ele ri - Isso é só por hoje.
Levanto os braços indicando rendição.
- Ok, ok. Pode deixar. - Sorrio de volta.
John fica sério de repente e pergunta:
-E aquela idéia maluca de pular da ponte? Passou?
- Digamos que foi deixada de lado temporariamente, mas não descartada.
- Você precisa melhorar Anis. Estou falando sério. Você precisa.
O olhar de John ficou triste com essa afirmação. Seguro em sua mão e olho para ele:
- Você não entende, eu não consigo John. Será melhor pras pessoas que amo se deixarem de se preocupar comigo.
- Será melhor para essas pessoas se você mudar, não se morrer.
- John eu já passei pela fase de achar que eu pararia assim que quisesse, depois pela fase de achar que não havia problema nenhum comigo que eu não era doente, quando aceitei o problema passei pela fase de achar que estava fazendo mal só pra mim e para o meu corpo, depois entendi que eu afetava todos a minha volta, quando tentei mudar não consegui, então cheguei a fase que se não consigo mudar o melhor a fazer é privar as pessoas que amo do mal que causo.
- Sozinha você nunca vai conseguir. Você precisa de apoio.
- Eu agradeço a sua ajuda John, mas não quero mais falar sobre isso, ok?
- Ok. - John solta minha mão visivelmente aborrecido e coloca as mãos no bolso da calça. - Você quem sabe.
Sorrio.
- John, você foi um anjo hoje. Se amanhã eu for e não nos vermos mais quero que saiba disso.
John sorri.
- Boa noite, Anis.
- Boa noite John.
John sai do quarto fechando a porta atrás de si. Deito na cama, mas o sono não vem, fico assim por algum tempo até que escuto a porta da frente do apartamento se abrindo e passos de pessoas entrando. Adele chegou provavelmente com Matthew seu namorado. Ouço toda a movimentação da casa enquanto eles se preparam para dormir. Passou-se mais algum tempo com a casa completamente em silêncio, tenho sede. Levanto-me da cama e me dirijo para a cozinha tomando cuidado para fazer o mínimo barulho possível. Paro na porta da sala imobilizada, droga! Lá estava ele parado do outro lado da sala me encarando, mais que isso me chamando: o bar. Vejo minhas pernas me levarem até ele, paro a frente dele passo minha mão pelos copos dependurados cuidadosamente depois pelas garrafas dispostas de forma aleatória sobre a bancada, leio seus rótulos vodca, uísque e conhaque. Não vou beber. Não posso beber. Talvez só sentir o cheiro? Abro uma delas e sinto o aroma invadindo minhas narinas, tento me consolar com apenas o aroma, mas é mais forte que eu. Passo o dedo pelo gargalo da garrafa e coloco na boca para sentir o gosto da bebida. Tarde de mais. Levo a garrafa à boca e bebo vários goles seguidos do líquido amargo. Chego à segunda garrafa sem dificuldade, fico com as pernas bambas e os lábios dormentes na metade dela. Sento no chão com dificuldades de me manter em pé. Meus sentidos vão me deixando aos poucos e apago.
John acorda pela manhã com uma pequena dor de cabeça. Levanta e sai do quarto para um banho rápido antes dos outros acordarem apressados para irem trabalhar e brigarem aos tapas pela vaga. Toda manhã era a mesma coisa Adele e Matthew acordavam atrasados e era uma gritaria só. Essa manhã não seria diferente.
Ao passar pela sala John se dá conta de que um braço e uma mão estavam caídos atrás do sofá, paralisado por um momento um nome vem a sua cabeça: Anis. Ele então a encontra deitada no chão da sala com uma garrafa de vodca e uma de conhaque vazias ao seu lado além de outra garrafa ainda fechada em sua mão. John passa as mãos pelos cabelos e esmurra o ar com raiva de si mesmo.
- Porra Anis. Que merda é essa que você foi fazer? - Fala enquanto tenta acordá-la sacudindo-a. - A merda é sua John que deixa um bar a disposição de uma pessoa com problemas com álcool seu idiota. - Ele repreende a si mesmo. O esforço que faz é inútil e Anis não esboça reação alguma, parece em coma. John retira a garrafa da mão de Anis, cuidadosamente a pega em seus braços e a leva para o quarto. O cheiro da bebida que está nela é insuportável. Ele a deita na cama e a cobre. Volta para a sala e limpa a bagunça antes que Adele acorde e se depare com as garrafas espalhadas, depois cuidaria de Anis. Joga as garrafas no lixo da cozinha e encosta na pia com as mãos atrás da cabeça.
- Droga! Que diabos eu faço agora?
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OBS: este capítulo não está completo....
Em breve a cintinuaçao e o próximo capítulo.
Espero que gostem, se gostaram votem e comentem.
;)Beijos
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SEDE
ChickLitDecidida a tirar a própria vida Anis contempla seu futuro nas águas calmas de um rio. Um estranho surge de repente e a impede de cometer tal loucura. Enfrentando seus medos mais íntimos Anis encontra na amizade, na determinação e no amor forças pa...