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- Quero que chame o gerente agora! - Me assusto com o grito repentino do freguês estressadinho. Era um homem na idade entre 50 anos, estava criando caso com o queijo em seu prato, sendo que em momento algum ele mencionou sua intolerância à lactose enquanto fazia o pedido.

- Tudo bem senhor, por favor se acalme, já vou pedir outro prato para o senhor. - Dou-lhe meu sorriso mais simpático tentando conter seus ânimos alterados.

- Não quero porra de prato nenhum. Quero que chame o gerente desta espelunca, sua imbecil!- Arregalo os olhos surpreendida pela ofensa abaixando a cabeça em seguida sentindo meus olhos encherem-se de lágrimas. - Agora! - Acrescenta com um grito.

- Algum problema Anis? - John pergunta se aproximando com uma das sobrancelhas levantada me questionando com o olhar apreensivo. Deve ter ouvido a gritaria da cozinha.

- Meu pedido veio errado! - O cliente o responde em meu lugar.

- Pois não senhor! -John responde sorrindo. - O que há de errado?

- O queijo dessa salada! Eu não como, sou intolerante. A ignorante da sua garçonete me trouxe uma salada repleta de queijo.

Eu cerro meus punhos me controlando ao máximo para não acertá-los na cara desse infeliz.

- Desculpe senhor, mas você mencionou a ela que era intolerante? - John questiona.

- Não, mas... é ...é um absurdo. - O cliente gagueja. - Uma simples salada levar queijo!

- Com todo o respeito, mas o senhor não leu o menu? Todos os nossos pratos tem a descrição dos ingredientes e modo de preparo logo abaixo dos seus respectivos nomes. - John o questiona.

- Eu perguntei se ele queria que trouxesse outro pedido, ele insistiu em chamá-lo John. - Interrompo o diálogo dos dois tentando me defender.

- Cale a boca sua incompetente! Volte pra cozinha que é o seu lugar. - Grita comigo o cliente arrogante.

Pisco algumas vezes perplexa com a grosseria do homem sentado a minha frente e faço o que ele manda vou em direção a cozinha.

- Idiota! - Exclamo ao entrar pela porta. Não sem antes fixar meus olhos alguns segundos no freezer ao lado dela, cheio de bebidas, sentindo a garganta secar em seguida. Aperto os olhos com força e entro na cozinha deixando o ar abafado e cheio de aromas do lugar me envolver.

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- Senhor eu peço que se acalme. - John intervém. - Peço desculpas pelo mal entendido, mas se continuar a tratar meus funcionários com falta de educação vou gentilmente lhe convidar a se retirar do nosso restaurante. - John aponta para a porta da frente.

- Eu faço questão! - O cliente diz já se levantando da mesa. - Escute o conselho de alguém mais experiente meu jovem. - O homem coloca a mão sobre o ombro de John que bufa impaciente cruzando os braços e arrumando a postura na defensiva. - Não trate o proletário como seu igual. Seu negócio nunca irá pra frente desse modo. É pra isso que servem entende? Pra servir. E aquela belezinha lá atrás pode servir de tantas maneiras. - O senhor alonga a palavra "tantas" como se estivesse a imaginar as possibilidades. - Seja esperto. - Acrescenta.

John fica vermelho de raiva e tira a mão do homem de seu ombro. Como pode haver tantas pessoas escrotas no mundo? Como ele não iria tratar seus funcionários e amigos como iguais? Por que a maioria ali era amigo intimo dele. Uma delas até morava com ele e a mente deturpada desse homem o sugeriu para se aproveitar do fato de ela ser mulher e hierarquicamente inferior a ele no trabalho para servi-lo de outras formas. Isso era absurdo além de abuso! John estende o braço novamente em direção a porta em silêncio, mostrando a saída ao homem, sabia que se abrisse a boca para expressar algo a esse cidadão iria se arrepender logo em seguida.

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