XIX

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Assim que Letícia volta ao seu lugar ao lado do marido Carlos convida Eduard a ir à frente e contar sua experiência com o álcool. Ele tinha estatura mediana cabelos e olhos claros e aparentava ter uns 40 anos. Vestia-se socialmente com um terno alinhado, se o encontrasse na rua nunca em nenhum sonho eu diria que esse homem tem problemas na vida ainda mais com alcoolismo.

- Boa noite a todos! - Ele começa. - Minha trajetória ate aqui não tem sido nada feliz eu posso confessar. Participo das reuniões do AA fazem cinco anos e estou a três livre do álcool, mas infelizmente para mim esse ainda não é o suficiente, a bebida me fez perder minha família, emprego e dignidade. Mesmo recuperando o emprego graças a minha reabilitação e crescendo profissionalmente de lá pra cá, minha família continua afastada de mim. E isso me faz sofrer cada segundo da minha vida. Sei que eles estão certos em não confiar em mim novamente eu errei muito, mas gostaria que eles vissem como mudei e consegui me tornar uma pessoa melhor. Tudo aconteceu em uma noite de verão chuvosa estávamos eu, minha esposa grávida e meu filho Jason de seis anos em uma festa familiar de aniversário, eu bebia desde novo, muito e várias vezes por semana, mas nunca me considerei alcoólatra ate tentar parar e não conseguir. E naquela noite bebi demais para variar, minha esposa pediu para não irmos embora e dormíssemos ali por causa do meu estado, mas eu não quis disse que estava bem, muito bem então ela disse que eu iria sozinho se quisesse, mas eu a obriguei a vir comigo e no caminho perdi o controle do carro pela falta de reflexos não desviei do poste a tempo e batemos. - Eduard chora copiosamente quando se acalma um pouco continua. - Perdemos o bebê por pouco minha esposa também, meu filho Jason foi para UTI com traumatismo craniano e eu que deveria ter morrido não sofri um arranhão. Assim que eles deixaram o hospital, minha esposa e meu filho fui posto para fora de casa pelos meus próprios pais que não queriam que mais nada de mal acontecesse ao neto deles e mandaram eu me tratar, pois eu estava doente. Minha esposa conseguiu uma liminar na justiça e não posso me aproximar a menos de quinhentos metros dela e de Jason hoje com 12 anos. Tento mostrar a ela todos os dias que estou mudado, mas o dor que a fiz passar foi tão grande de perder um filho ainda no ventre e ver outro a beira da morte que eu a entendo. Todos os dias vou a escola de meu filho na hora da saída para observá-lo, o vejo conversando e rindo com os amigos e vejo minha ex-mulher chegar de carro para buscá-lo. Às vezes ele se demora um pouco a mais para entrar no carro e olha em minha direção, não sei se ele realmente me vê, mas sinto em seus olhinhos tristes pena e isso me quebra inteiro por dentro. Quem sabe um dia antes da mãe dele chegar eu vá ao seu encontro, mas sinto medo de ser rejeitado e sempre que me disponho a ir até ele mudo de ideia no caminho. Quando ele crescer tenho esperanças que me procure. Meus pais falam que ele pergunta por mim às vezes, se ainda bebo, se estou bem. Sempre mando presentes no seu aniversário e natal, mas ele os deixam na casa dos meus pais, pois não pode levar pra casa as coisas que dou, sua mãe proibiu, ela o alertou que se soubesse que meus pais me deixam chegar perto dele ela proibiria meu filho de visitar os avós e por conta disso não apareço quando ele está lá. É difícil para mim falar essas coisas a pior dor é a solidão, não poder brincar com meu filho e acompanhar ele crescendo de longe, mas preciso dizer a vocês: não percam o amor das pessoas que estão com você, não os decepcione, nem as desaponte seja forte, decidido que você supera a bebida, mas você não supera a perda.

Pensei em meus pais, avós, Adele e John.


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Olá queridos....

Obrigada pelos comentários e estrelinhas dedicadas ao nosso querido livro.

Uma leitora pediu para eu indicar o livro dela MilaCavalcantie vamos dar uma força para o primeiro romance dela Give Me Love.

Olha vocês me dão forças pra continuar sempre....

Beijos de muita LUZZ

Laura


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