Capítulo 3

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Caro Sirius,

Há muitas coisas que eu gostaria de falar a você, e tenho certeza de que não poderei fazer. Então me desculpe.

Me desculpe por tudo.

Eu sinto muito por tanto, por nossa infância, por nossos pais, por nosso tempo em Hogwarts. Sinto muito por quebrar minha promessa a você, sei que éramos crianças quando prometemos estar sempre juntos contra tudo e todos, mas eu fui muito fraco para isso. Eu sei o quanto isso te machucou, meus atos, minhas palavras, minhas escolhas, tudo em mim te machucou tanto e eu nunca quis isso.

Tudo o que eu queria é meu irmão, mas eu joguei isso fora, a chance que você me deu, todas as chances que você tentou me dar, me mostrar que havia uma vida, uma vida real e boa longe de toda a dor que nossos pais nos causaram, e eu apenas dispensei todas elas com minha estupida ideia de poder fazer as coisas funcionarem.

Sei que você não me vê mais como um irmão, já não o faz a anos talvez. Eu não fiz nada para merecer esse posto além de compartilhar seu sangue, eu nunca fiz por merecer nada de bom que você me fez e por isso eu sinto muito.

Me desculpe Sirius por tudo. Não sei se você poderá encontrar em você para me perdoar, e eu entendo completamente se não o fizer, novamente, eu não fiz nada para merecer nada.

Nem ao menos sei se você chegará a ver essa carta, com a guerra e você escondido (espero que seguro) em algum lugar, talvez você nunca a leia.

Ainda assim eu a escrevo para me desculpar com você por tudo.

Espero que saiba, você obviamente sabe, que estava certo sobre tudo, sobre a guerra, o Lorde das Trevas, nossos pais, nossa família em geral, sobre as crenças de purismo de sangue e o quão ignorante, danoso e perigosa ela.

Você estava certo Sirius, e eu tão errado, e tão cego por tanto tempo sobre isso, mas agora eu sei a verdade. A verdade dura e cruel que você tentou me contar, mas que eu fui muito estupido e egocêntrico para entender.

Dói muito saber que não poderei dizer isso pessoalmente a você, que não poderei me desculpar e tentar reparar meus erros.

Eu errei tanto, com você e com tantas outras pessoas. Fiz coisas abomináveis que hoje me impedem de me olhar no espelho, e eu sinto tanto por tudo isso.

Eu vou tentar reparar meu erro, não sei se conseguirei ver o mundo depois da guerra, mas saiba que eu sei, o Lorde das Trevas não pode nunca vencer essa guerra, não haverá mundo bruxo se ele o fizer.

Sirius, sei que isso é difícil de acreditar. É possível que quando você receber essa carta (se você receber, e a ler) eu já estarei sumido a um tempo, talvez já até dado como morto. Bom, eu provavelmente estarei morto mesmo. Mas eu descobri algo Sirius, algo que vai mudar a guerra para sempre.

O Lorde das Trevas fez algo horrível (mais do que já sabemos que ele é capaz de fazer), ele fez uma Horcrux. Não tenho certeza se você sabe o que isso, mas é uma magia negra sem precedentes, ele dividiu sua alma e a guardou em um objeto. Com isso, mesmo que consigam destruir o corpo dele, ele ainda estará vivo, preso a terra por esse fragmento de alma.

Como eu descobri isso não importa, eu sei onde ele escondeu essa horcrux, e vou a encontrar. Espero poder destruí-la, farei de tudo para conseguir, mesmo que custe minha vida. 

Não sei porque de escrever isso a você, talvez apenas uma parte ainda mesquinha minha quer que você saiba que seu irmãozinho não morreu em vão, ou como um soldado cego pelas ideologias fanáticas de um lunático cruel.

Não importa. Quando você receber essa carta já terei feito tudo o que planejei de qualquer forma.

Eu só queria me desculpar com você, mesmo que eu nunca consiga o fazer pessoalmente e que você nunca consiga me perdoar, eu entendo, eu fiz por merecer tudo o que eu recebi.

Eu te desejo Sirius, meu irmão, uma boa e longa vida. Que você consiga tudo o que almejou um dia e que seja feliz, tenha uma boa família. Você merece, e eu, mesmo que não tenha o direito de te chamar mais de irmão, te amo.


RAB

Os Marotos, os Sonserinos e as HorcruxsOnde histórias criam vida. Descubra agora