Capítulo 9

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Sirius estava dormindo em seu novo lugar habitual, uma cadeira não muito confortável ao lado da cama de seu irmão. 

Já fazem dias, semanas, ele meio que perdeu a conta, mas sabe que se passou mais de um mês considerando o jantar com James e Lily antes da lua cheia nascer. Aquilo foi há alguns dias ou à mais de uma semana, Sirius não poderia responder a isso nem se sua vida dependesse disso.

Do lado de fora daquela singela cabana no norte da Irlanda, a guerra estava a toda pelo que eles sabiam. Sirius deveria estar lá fora, lutando pelo o que acreditava, brigando com aqueles bruxos malignos estrupidos que só querem destruir o mundo.

Mas novamente, ele não sairia dali nem que sua vida dependesse disso.

Ele jamais abandonaria Regulus novamente.

Seu nem tão tranquilo sono foi atrapalhado por algo debaixo de sua cabeça. Em algum momento ele acabou com a cabeça deitada sobre a mão de Regulus, uma das poucas partes não marcadas do jovem Black.

Ele resmungou brevemente. Sirius não tem dormido muito bem. Se é que um dia ele dormiu direito, os pesadelos e ansiedade espreitando o tempo todo, apenas esperando que ele abaixasse a guarda, relaxasse, para atacar.

Então houve um movimento, e Sirius estava de pé atento ao seu redor. Ele sabe que não foi Remus. O loiro não o assusta, ainda quando ele o acorda dos pesadelos, Sirius tem uma estranha sensação de alívio e segurança mesmo antes dele perceber quem está ali com ele. Seu corpo reconhece a presença de Remus antes de sua mente e olhos, m as a sensação não estava ali, ele estava em alerta pronto para enfrentar o que fosse necessário. 

Sirius escuta antes de ver. Uma respiração diferente, meio ofegante e um gemido de dor.

Seus olhos cinzas caem sobre o corpo desacordado de Regulus, mas ele não está mais tão inconsciente. Ele notou o movimento lento da cabeça do irmão e um resmungo baixo.

Suas mãos estavam sobre Regulus antes dele mesmo perceber, tocando o rosto, braços e ombros. Essa é o primeiro sinal de vida que Regulus demonstrou além de respirar em mais de um mês, e Sirius não está pensando em nada além de que seu irmão está vivo, está finalmente acordando e há uma chance real de que ele fique bem. De que ambos fiquem bem.

Não importava mais as palavras cruéis trocadas, o duelo que ele nunca colocou qualquer fogo, não importava nem a marca feia que rugia em tinta preta na pele pálida dele. Tudo o que importava é que seu irmãozinho está vivo

Então algo mudou drasticamente, seu quase silencioso irmão estava se debatendo, gritando e tentando fugir de seu alcance. Infelizmente para Regulus, ele claramente não tinha força para isso.

Sirius se assustou com a tentativa de Regulus, mas continuou tentando mantê-lo deitado. Ele ainda não viu os olhos cinza claros do irmão abrindo, então aquilo deveria ser algum tipo de pesadelo.

O coração de Sirius foi esmagado com a perspectiva de não poder ajudar seu irmão, de não poder salvá-lo mais uma vez, mesmo que dessa vez seja apenas um pesadelo e que na verdade Regulus estava bem ali, seguro e "bem".

Tudo o que Sirius conseguia fazer é murmurar, pedir, implorar para que seu irmão pare de se debater, que ele fique quieto antes que se machucasse ainda mais. Porém tudo o que ele dizia parece cair em ouvidos surdos.

A porta atrás dele se abriu e Remus surgiu parecendo confuso e em alerta.

— Me ajuda — Sirius murmurou quando em um rompante de força Regulus conseguiu quase cair da cama.

Remus estava do outro lado da cama em meio segundo, ajudando Sirius a colocar Regulus deitado de novo.

— O que aconteceu?

— Eu não sei, pensei que ele estava acordado — Sirius disse empurrando os ombros de Regulus para baixo enquanto Remus segurava as pernas do mesmo — mas ele parece estar tendo um pesadelo.

Um som de agonia e desespero escapou de Regulus fazendo os dois mais velhos congelarem. Seja lá o que Regulus está sonhando deve ser muito assustador para ele estar reagindo assim.

Sirius que o diga, ele tem pesadelos a tanto tempo e por tantas razão diferentes que ele não gosta nem de pensar nisso enquanto está acordado. 

— Regulus por favor — Sirius repetia, mas nada mudava — abra os olhos Regulus, por favor.

Algo finalmente mudou, houve uma inspiração longa e então as pálpebras de Regulus abriram levemente antes de se fecharem novamente.

— Regulus — Sirius gritou e o irmão se encolheu.

Os Marotos, os Sonserinos e as HorcruxsOnde histórias criam vida. Descubra agora