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Elisa

Amanheceu e minha mãe novamente veio me acordar com uma marreta batendo na porta. Me levanto e vou em direção a porta.
— Por que a senhora tem que bater na minha porta com essa força toda? — Falo abrindo a porta e dando de cara com ela.
— Porque eu vim aqui mais de três vezes lhe chamar e você não se levantou. Seu pai precisa da sua ajuda na confeitaria, têm muitos clientes hoje.
— Hum, eu vou me arrumar. — falo e em seguida fecho a porta.
Alguns minutos se passaram e eu já estava pronta, desci, tomei o meu café da manhã e fui para a confeitaria do meu pai.
Chegando lá, realmente estava muito lotada.
— Bom dia, pai. — Vou em direção a ele e lhe dou um abraço.
— Bom dia, Elisa. Me socorre aqui, por favor. Ele fala olhando para os clientes.
— Certo. Vou pegar o avental.
Passou-se um tempo e já ia dar 6:00. O meu pai fecha a confeitaria às cinco, mas como hoje estava extremamente lotado, ele fechou um pouco tarde.
— Já acabamos por aqui, pai?
Olho para ele.
— Sim. Só falto jogar o lixo e fechar a confeitaria.
— O senhor fecha e eu jogo o lixo.
— Certo.
Então eu fui jogar o lixo. Cheguei no local e joguei o lixo, quando eu estava voltando, eu olhei para um lugar que tinha um banquinho e vi o Victor sentado lá, ele parecia muito estressado.
O que ele faz por aqui?
Então, eu decido ir até ele. Quando eu ia me aproximando, ele me notou e ficou muito surpreso.
— Oi, o que faz por aqui? — pergunto
— Que surpresa. Eu vim espairecer um pouco.
— Hum, o que foi? Brigou com as flores? — falo e ele sorri.
— Engraçadinha. Não, não.  É o Meu pai.
Seu semblante parecia estressado.
— Quer desabafar um pouco? — pergunto
— Na verdade, acho que preciso mesmo desabafar. — sento ao seu lado no banco.
— Meu pai vem me pressionando sobre o meu futuro ultimamente.  E isso está me deixando louco.
— Entendo. Mas como você se sente em relação ao seu futuro? — Ele olha pra mim e desvia o olhar para o chão.
— Eu não sei. Eu ainda sou muito novo, acredito que tenho que aproveitar um pouco antes de passar anos fazendo faculdade, entende?
— Sim. Os pais normalmente tem medo que os filhos se percam  em relação ao futuro, por isso tanta exigência da parte deles. Talvez o seu seja assim, não?
— Acredito que não. Ele é assim desde que...
Ele pausa e então eu percebo que seu semblante novamente muda, só que dessa vez ele parecia triste.
— Desde que...? — Falo.
—  Desde que meu irmão mais velho morreu em um acidente de moto. — Eu fiquei muito surpresa com o que ele disse. Então eu o olho e digo:
— Eu sinto muito, Victor. Se eu soubesse não teria insistido. — Falo e ele me olha.
— Não precisa se preocupar. Está tudo bem. Meu irmão era muito aventureiro, ele costumava a não obedecer as ordens do meu pai. Na verdade, ele passava por cima das ordens dele, o que deixava meu pai muito furioso. Ele não ligava pra nada. Só ligava para as aventuras dele. Isso eu realmente admirava nele. E desde que o meu irmão morreu, meu pai vem me atormentando para eu ter um futuro digno, e não acabar como o meu irmão.
— Uau, com todo o respeito, isso parece um filme dramático. — Falo e ele sorri.
— Eu gosto das suas piadas.
Ele fala e eu me derreto por dentro.
— Ah, falando em pai, o meu deve está me esperando até agora. Espera, eu vou ligar pra ele e dizer pra ele ir na frente. Eu me afasto um pouco e ligo para o meu pai. Termino de avisar a ele e volto para onde o Victor está.
— Pronto.
— Aliás, você trabalha por aqui?
Ele pergunta me olhando. Então eu sento novamente ao seu lado.
— Não. O meu pai tem uma confeitaria logo ali. Então eu venho ajudar ele de vez em quando.
— Hum. — Ele parece estar pensando em algo, como se quisesse me dizer alguma coisa.
— Aconteceu alguma coisa? — Pergunto.
— Que tal sairmos amanhã à noite? —
Olho pra ele surpresa. Seria bom sair com o Victor novamente. Está ao seu lado é muito agradável.
— Certo. É só dizer o horário.
Falo sorrindo.
— Ok, passo para buscar você às sete, tá?
— sim. — Confirmo.
— Vamos. Vou deixar você em casa.
— Não precisa, Victor. Eu moro perto daqui.
Eu falo e ele se levanta.
— Não importa. Eu não posso deixar uma donzela ir pra casa sozinha.
Ele fala e eu dou uma gargalhada em seguida.
— Ok então. Senhor Victor.
Ele me olha indignado. Então eu me levantei  e começamos a seguir para minha casa.
— Chega dessa de senhor. Quantos anos você acha que eu tenho?
Eu não conseguia parar de sorrir. Ele fica fofo quando está indignado e frustrado.
— Não sei. 23? 24?
— Sério? Eu pareço tão velho assim?
— Eu estou brincando. Eu acho que você tem....
Olho pra ele para analisar o seu rosto.
— 19?
— Sim. Tenho 19.
— Uau. Eu sou boa nisso. Que bom pra você que já terminou os estudos. — Falo chatiada pois  tenho que estudar ainda.
— Quer dizer que ainda está estudando? Qual período? O fundamental? Eu o olho super indignada.
— Sério? Fundamental?
O olho zangada.
— Estou brincando.
Ele me olha sorrindo.
— No terceiro?
Dessa vez ele pergunta sério.
— Sim. Só que eu estou de férias.
— Hum.
Continuamos conversando até que chegamos na frente da minha casa. Então eu me viro e digo adeus. Quando eu ia entrando dentro de casa, Victor me chamou.
— Elisa. Obrigado por me ouvir hoje. Isso foi muito atencioso e legal da sua parte.
Então eu sorrio
— Por nada. Você não precisa passar por tudo isso sozinho, Victor. Quando quiser desabafar novamente, é só me mandar mensagem, que eu estarei lá para lhe escutar.
— Muito obrigado, senhorita Elisa.
Ele sorri.

ainda há um jeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora