Verso 15

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Por mas que eu fiquei chatiada com a pergunta dela, eu não vou surtar. Eu prometi pra me mesma, que falar do Victor não vai ser mais um incômodo.

- não, mãe. Eu não tive mais notícias. _ falo levando o garfo em direção a minha boca.

- ah, sei. E você acha que aconteceu alguma coisa, com ele?_ ela pergunta e eu fico meio frustrada, mesmo assim, respondo.

- não, não acho. Ele apenas quis seguir sua vida . Vamos mudar de assunto?_ pergunto e eles entendem.

- o Alex me ligou._ ela afirma e eu arregalo os olhos.

- ligou foi? E o que ele disse?_ pergunto meio que preocupada. Ele sabe que eu não contei aos meus pais.

- ele disse que você e ele tiveram uma conversa longa. _ eu acho que ela está fazendo isso de propósito, eu estou ficando desesperada. Aquele maldito médico!

- é, foi. E ele disse mais alguma coisa?_ pergunto super curiosa.

- por que? Era pra ter dito?_ ela pergunta retoricamente.

- O que? Não, não. Apenas conversamos sobre a minha restauração.

- sim, eu sei._ ela fala desconfiada.

O jantar acaba, como sempre, eu ajudo ela com as coisas e subo para o meu quarto. Só que, do nada deu uma vontade de tomar uma ar, então, eu pego o meu casaco, calço uma sandália confortável e saiu.

Caraca, não imagina que a noite estava tão perfeita hoje. Esse vento batendo em meu rosto, nunca senti algo igual. Estava caminhando tranquilamente, até que eu sento em um lugar que fica perto de uma árvore, e que dá pra ver a praia, sim, eu a vejo daqui. Ela está simplesmente linda!

Eu não sei explicar, mas, parece que hoje tudo está tão lindo, tudo esta encaixando, sabe? Eu precisava disso, de sentir isso, de viver isso e de está aqui nesse exato momento. Eu fiquei por muito tempo ali, sentada, olhando o céu estrelado, quando eu ia embora , eu senti uma mão grande, porém, muito gelada, tocar os meu ombros ( na mesma hora me arrepio dos pés a cabeça) e em seguida uma voz grave e suave ao mesmo tempo, chama o meu nome e diz:

- Elisa? O que faz aqui a essa hora?_ aquela voz ... eu sabia de quem era. Mas como? É impossível, ele estava na Austrália. Eu queria virar, dar uns tapas na cara dele e fazer ele sofrer, mas eu paralisei ali.

- o.. que fa..z aqui? _ finalmente uma frase se forma em meus lábios, eu realmente estava chocada com a situação.

- olha... eu sei que..._ corto ele no mesmo instante. Então eu me viro.

- sabe o que em? Me diz o que sabe? Eu realmente não sei como você tem a audácia de vir aqui, de falar comigo. Você sabe o que fez? Sabe como me deixou, seu covarde?_ eu me alterei de uma forma que nunca vi antes, estava furiosa.

- Elisa... olha... eu sei que eu fui embora, e que eu não falei nada pra você, você está certa em falar tudo isso, está certa em me odiar, eu também me odeio, por nunca der dado satisfação de onde eu estava, o que eu estava fazendo, e o porquê deu ter ido. E eu sinto muito. Sinto muito por tudo que eu fiz você passar. Se eu pudesse...

- "se" você pudesse. Só que acabou. Eu não quero mais ouvir suas desculpas. Não é nem por você ter sumido do nada, é por você ter feito eu confiar em você, eu confiei em você. E na primeira oportunidade que você teve, você desaparece, sem dizer nada. Você era o único que não sumiu ao saber da minha doença, mas, só esperou eu baixar a guarda, não é?

- eu jamais faria esse tipo de coisa com você , Elisa. Acredite ou não, você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, eu te magoei, me desculpa por isso. _ ele fala , e meus olhos se enchem de lágrimas, não é porque ele disse aquilo, é que algo mudou nele , já não é o mesmo Victor que eu conhecia.

- sabe... o Victor de quase um ano atrás, jamais me deixaria sozinha, ele cuidaria de mim, ele com certeza diria pra me que tudo não passou de um mero pesadelo, e que eu estou bem, e que eu vou enfrentar esse mar cheio de tempestades, e vou vencer. Mas, as coisas nunca saem como planejadas, não é? As pessoas sempre vão embora, elas mudam , eu mudei.

- eu ainda sou o Victor de quase um ano atrás , Elisa. Eu não mudei, e eu nunca vou mudar._ ele fala olhando pra mim.

- quem dera fosse. Sabe qual era o meu maior medo? Desde que você foi embora? Era não ter a oportunidade de ver mais ninguém dócil. Morrer sem ver um sorriso verdadeiro. Eu comecei a alimentar esse pesadelo, até que ele virou pessoal , e eu comecei a afastar todo mundo de perto de mim, a minha mãe, o meu pai , até mesmo o doutor Alex. E tudo virou um caos.

Estávamos sentados, em um banco de praça, observando a praia. Até que uma sensação estranha percorreu pelo meu corpo, foi então que eu levantei e vomitei ao lado do banco, só que... era sangue.

Continua...??

ainda há um jeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora