Verso 12

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Elisa

Eu sinceramente não sei o que vestir, meu guarda-roupa é enorme e tem muitas coisas, só que eu sou muito indecisa! Olho para o relógio pela décima segunda vez e me assusto quando vejo que já é 7:40. Então decidi usar preto, sim Eliza, essa é uma ótima escolha. Penso. Pego o primeiro vestido preto que apareceu na minha frente e visto, eu já tinha tomado banho e passado maquiagem, só faltava o vestido e o sapato.

— Pronto. — Me olho no espelho, passo perfume e desço para esperar o Victor na sala.
— Uau, você está linda, filha. — Assim diz o meu pai.
— Obrigada, pai.
Passa uns segundos e eu ouço a campainha tocar. Victor. Vou em direção a porta e a abro dando de cara com o Victor.
— Oi. Boa noite. — Seu olhar estava brilhando. Ele estava lindo.
— Oi. — Falo sorrindo.
— Boa noite também, Victor. — Meu pai falou da sala. Coitado do Victor, tenho certeza que ficou com vergonha.
— Ah, senhor, Robert. Me desculpe, eu não vi o senhor aí. — Ele fala sem jeito.
— Tudo bem.
— Como está a dona Ana? — Victor pergunta ao meu pai.
— Ela está ótima. Bom, eu não quero atrapalhar a festa de vocês, não deixe ela chegar com nenhum arranhão, ok, Victor? — Meu pai fala como se  eu  fosse uma criança. Bufo.
— Pode deixar.
Fecho a porta e acompanho o Victor até o carro. Ele abri a porta pra mim e eu entro em seguida. Ele entra e então seguimos para a casa da Carmem.
Encosto minha cabeça na janela do vidro e começo sentir o vento bater em meu rosto. Passo alguns minutos assim.
— Está tudo bem? — Victor pergunta.
— Hum? — Olho pra ele.
— Você está tão distraída.
— Ah, eu só estava pensando.
— A casa da sua amiga tem algum ponto de referência? — Ele pergunta.
— Sim. Eu envie o endereço pra o seu contato.
Passou uns 50 minutos e enfim chegamos na casa de Carmem. Ele desce e abri a porta do carro pra mim.
— Uau. Isso é uma casa ou uma mansão? — Ele se impressiona com o tamanho da casa de Carmem, realmente a casa dela é muito grande, parece literalmente uma mansão, e ainda é em frente à praia.
— Os pais dela são muito ricos. — Falo.
— Vamos entrar? — pergunto olhando pra ele.
— Vamos.
Assim que entramos eu fui em direção a Carmem e as meninas para cumprimentá-las e apresentar o Victor pra elas. Elas acharam ele bonito e engraçado. O Victor me disse que iria pegar algo para beber, então eu fui conversar um pouco mais com as meninas. Após um tempo eu percebi que o Victor estava se sentindo um pouco desconfortável, então eu pego dois copos de suco de uva e vou até ele que estava no canto da piscina sozinho, mexendo no celular.
— O que faz aqui sozinho? — Sento ao seu lado.
— Bom, me abandonaram então eu não tinha pra onde ir e vim pra cá. — Ele fala e eu sorrio.
— Eu não te abandonei, você disse que ia pegar algo para beber, só que não voltou mais. — Falo.
— Eu não estava te encontrando, então decidi ficar aqui — Ele fala colocando os pés na água da piscina.
— Aceita? — Ofereço o suco de uva que tinha pego para ele.
— Sério? Suco de uva?
— Se você não quiser pode deixar que eu bebo o meu e o seu. — Falo colocando os meus pés na piscina também.
— O que é isso branco em cima? — Ele aponta para o chantilly em cima do suco de uva.
— É chantilly. O suco fica uma delícia, prova. — Ele pega da minha mão e toma um pouco. Eu fico esperando a sua reação.
— Caraca... isso é realmente muito bom.
— Essa receita é da confeitaria do meu pai, a Carmem sabe que é o meu preferido, então ela encomenda toda vez que faz festas.
— Hum. Mas qual o mistério em um suco de uva com chantilly? — Ele me olha.
— Eu sei que é só suco de uva com chantilly, mas tem uma história por trás disso. Meu pai me disse uma vez quando eu era mais nova que esse tipo de suco restaurou o relacionamento de um casal.
— Agora eu fiquei curioso. Como?
— Foi assim...os nomes do casal era Clara e Miguel, eles estavam em um café, com um copo de suco de uva com chantilly entre eles. A tensão era palpável, e Miguel sugeriu que conversassem sobre o afastamento que sentiam. Clara expressou que o suco, símbolo de momentos felizes, agora parecia amargo. Miguel fez um brinde à esperança de reconciliação, prometendo ouvir mais. Com um abraço sob o pôr do sol, renovaram seu amor e a vontade de recomeçar, fim. — Olho para o Victor e ele estava quase dando gargalhada de tanto sorri.
— Por que está sorrindo? — Pergunto séria.
— Tenho certeza que seu pai colocava remédio nesse suco e contava essa história para você tomar o remédio sem perceber. — Ele continua sorrindo.
— Não faz isso. Eu adoro essa história. — Ele pega uma mexa do meu cabelo e enrola nos dedos.
— Acha mesmo que isso é real? — Ele pergunta ainda enrolando o meu cabelo.
— Eu não sei. Mas eu gosto da história.
— Bom. Aonde que é o banheiro? — Ele para de enrolar o meu cabelo e me olha.
— Eu vou pegar mais suco e te levo lá. — Nos levantamos. Levei o Victor no banheiro e fui pegar mais suco. Até que um homem se aproxima, com um sorriso malicioso.
— Oi, linda. Você não precisa pegar suco sozinha. Posso te ajudar com isso.
— Obrigada, mas estou bem. — Desvio o olhar.
Ele começa insistir e se aproximar mais.
— Ah, não precisa ser tímida. Posso te mostrar um lugar melhor para beber isso... só nós dois.
— Me deixa em paz. — Falo ríspida.
— Só estou tentando ser gentil. Você não sabe o que está perdendo.
— Sério, me deixa em paz! — Ele coloca as mãos podres dele na minha cintura.
— Ei! Não toca em mim! — Falo super irritada com a situação.

ainda há um jeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora