um Deus que existe

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Agora Deus tinha nome, tinha cor, tinha voz e tinha aparência. Mas ainda era ele mesmo.

Deus é mesmo o termo correto para denominar aquele homem de aparência de 31 anos, alto e muito bem cuidado? Não, ele não se chamaria assim, ele apenas diria que era, é e será.

— Xiao Zhan... — o homem com uma blusa de gola alta, calça social e sobretudo pretos murmurou para si mesmo. Estava sentado em uma cadeira do bar, pernas e braços cruzados, e dedo indicador batendo continuamente em seu próprio braço. Ele pensava copiosamente.

— Disse algo, senhor? — o velho de cabelos grisalhos indagou ao jovem. Jovem... Enfim, ele estava terminando de servir uma moça que jantava numa mesa distante, mas então escutou o homem dizer.

— O que acha do nome Xiao Zhan? — perguntou sem olhar diretamente nos olhos do senhor, ainda pensando se era uma boa combinação.

— É um belo nome. — riu baixinho e pensou. — Parece nome de médico ou artista!

— Isso. — ele sorriu minimamente e se levantou. — Obrigado, senhor. — fez uma reverência e foi embora após deixar algum dinheiro sobre a mesa do balcão, porque havia bebido uma água.

Ele, agora Xiao Zhan e médico, caminhou pelas ruas iluminadas por luzes humanas na cidade chinesa. Era uma criação e tanto. Ainda estava imerso em suas próprias ideias, era a primeira vez que fazia uma coisa dessas, uma coisa que poderia ou não dar certo.

De repente tudo parou, menos Xiao Zhan; a água no copo caindo da mão de uma criança do outro lado da rua num restaurante, o bater de asas dos pássaros, o vento passando pelas árvores, os carros andando quando o farol tornou-se verde. Todo mínimo detalhe havia travado por instantes.

Ele olhou por toda a volta e nenhum sinal de algo diferente, ainda como humano, estava se acostumando com a falta de certas habilidades que aos poucos voltariam.

— O que pensa que está fazendo? — de repente um homem surgiu ao lado dele; um belo homem de quase 25 anos, cabelos negros, pele bronzeada, mas ainda clara, e roupas totalmente sociais.

— Plantando. — Zhan sorriu.

— Plantando? — arqueou as sobrancelhas e suspirou. Aquilo era novidade... — O quê?

— Possibilidades, Zhuocheng. — ele estalou os dedos e tudo voltou a funcionar como deveria. — Wang Zhuocheng, não é?

— Como você- — não iria terminar aquela pergunta. — É claro que sabe.

— E mesmo assim não me contou que havia criado até um nome. Como você soube? — deu ênfase no pronome. Referia-se ao outro saber que Xiao Zhan estava ali, caminhando pelas ruas de Xangai ao invés de simplesmente existir.

— Sou criação sua e me deu poderes o suficiente para saber se o senhor está onde deve estar. — começou a andar um pouco atrás do mais alto, quando o viu caminhando às pressas.

— O seu dever é cuidar.

— O seu também.

— Eu criei, eu mando. — não olhava nos olhos dele, estava com a visão ocupada com a rua caótica e bela da cidade. — Se eu plantei uma rosa, então ela é minha e faço o que bem entender com ela. Se eu contratei um jardineiro para retirar os espinhos dela, ele deve apenas retirar os espinhos e não fará mais nada.

— Eu sou o jardineiro?

— É.

— Mas é o senhor quem está plantando... Possibilidades.

— Responda minha pergunta.

— Deu-me um corpo e uma identidade para caminhar por essas terras, é meu trabalho saber quem entra e quem sai. Entrou de repente e isso pode mudar a linha do destino.

— Eu sou o destino.

— Mas- — respirou profundamente, fechando os olhos por segundos. — Claro. — e como de repente apareceu, sumiu.

GOD || YiZhanOnde histórias criam vida. Descubra agora