um Deus paciente

187 27 0
                                    

Wang Yibo acordou num pulo. Foi um sonho? Foi a primeira coisa que se questionou. Estava deitado no sofá da sala, seus livros estavam abertos sobre a mesa de estudos, então deve ter sido um sonho...

Suspirou, vendo que já eram nove da manhã, os raios solares batiam na diagonal, passando pela janela e indo até o chão de madeira marrom mogno da casa. Atingia até uma parte do sofá bege canyon empoeirado. A casa era de tamanho médio e bem disposta, a maioria das cores eram bege, marrom e cinza, mais puxado para tons claros, porque o Sr. Wang preferia assim e o filho atendia seus desejos, afinal sentia que devia muito ao pai que sempre acreditou nele.

Yibo levantou e ainda de olhos baixos, rosto inchando, passos lentos, abriu a porta do banheiro. Ele deu de cara com uma figura alta, talvez 183 centímetros, e pouco conhecida. O jovem voltou atrás, fechando a porta, virando as costas para aquele canto.

- Não é possível. - a cena seria engraçada se Yibo não estivesse tão chocado.

- Não vai me prender aqui, vai? - ele escutou a voz.

- Não é de verdade. - segurou a maçaneta com as duas mãos para aquele não abrir a porta, até que ele sentiu alguém lhe chamar com um toque no ombro. - Ah! - deu um pulo, virando novamente para aquela direção.

- O que está fazendo, Bo-xiao?*

- Que susto, die...** - falou baixo, colocando a mão sobre o peito. - Achei que tinha visto um fantasma.

- Um fantasma? - de repente o homem de antes saiu do banheiro. - Pareço um fantasma?

- Oh, muito prazer. - o Sr. Wang cumprimentou sem muita delonga, e olhou desconfiado para o filho. - Quem é esse?

- Esse...? - olhou para o lado. Então segurou o braço dele e o puxou para seu quarto, que ficava no corredor mais a frente. Apenas o soltou quando fechou a porta. - Isso não é um sonho... - sussurrou pensativo. - Ou talvez seja!

- Na verdade, não. - deu um passo para frente, aproximando-se dele, que recostou na porta na tentativa de não ficar perto daquele estranho. - Fiz-te adormecer, já que parecia um pouco cansado àquela hora. Decidi vir hoje, mas ainda parece confuso... - cruzou os braços, levando uma mão até o queixo e olhando para cima. - O que será que fiz de errado?

- Apareceu três da manhã na minha casa e de repente estávamos do outro lado do mundo?! E agora apareceu de repente no meu banheiro, meu pai vai fazer tantas perguntas... - Yibo sentiu-se derrotado quando bateu a mão contra a própria testa.

- Vocês são tão complicados.

- Quem é você?

- Finalmente me perguntou isso. - sorriu. - Alguns me chamam por muitos nomes: Deus, Alá, energia, universo, natureza... Até Jeová! - começou a caminhar pelo quarto do garoto, olhando curioso para a mesinha que havia ali, fotos estavam nela, de quando era criança ainda. - No final todos significam sou o que sou. Ou coisa assim.

O garoto não conseguiu segurar a risada. Ele riu, mas tentou esconder ao menos, não queria parecer desrespeitoso.

- Até parece... - mas seu riso foi sumindo ao ver que Xiao Zhan estava lhe encarando, parado, quieto, sério. - Não tá falando sério, tá? Acha mesmo que é Deus? Acha que Deus teria um nome e por acaso Deus é chinês?!

- Eu criei esse nome porque preciso de uma identidade terráquea. - voltou a olhar a foto, pegando o pequeno quadro na mão e passando o indicador por cima do rosto da criança. - Não acredita mesmo que Deus tenha uma aparência europeia, acredita? - olhou de relance para o garoto. - Levar-te às cordilheiras não foi o suficiente?

- Deus não tem uma aparência.

- Seja lá o que imaginar, apenas sou. Não se preocupe demais, Wang Yibo. - deixou a imagem no lugar e colocou as mãos para trás para se aproximar mais uma vez do garoto. - Vamos?

- Não vou à lugar algum com um estranho que pensa que é Deus. - nem questionaria como aquele homem sabia seu nome. - Ainda tenho que trabalhar hoje. - era sábado, ele precisava ir ao escritório, seu chefe já estava sendo bonzinho demais em deixá-lo estudar ao mesmo tempo que trabalhava, não podia se atrasar. - Me deixe em paz, por favor.

- Não sabe o que é paz. - abaixou o olhar e riu muito baixo, aquilo era tudo muito misterioso. - Mas vou te deixar, por enquanto. Até mais. - fez uma reverência e desapareceu.

- Wow. - respirou aliviado, seu coração estava a mil, não entendia nada do que estava acontecendo. - Acho que tô enlouquecendo. - disse para si mesmo e foi se arrumar para poder ir trabalhar. Não pensaria demais no que acabara de acontecer.

...

*Xiao significa pequeno, quando juntado ao nome, é como se estivesse no diminutivo, por exemplo: Ana-xiao significaria Aninha.

**Die significa pai.

GOD || YiZhanOnde histórias criam vida. Descubra agora