um Deus que não é Deus

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A porta do local se abriu e ninguém realmente deu atenção a aquilo, o homem passou por ela tranquilamente e seguiu até um escritório que ficava no corredor, uma moça que passou por ele até ia questionar, mas ela rapidamente voltou ao seu caminho como se ele não existisse. Na verdade Xiao Zhan estava se fazendo silencioso e discreto, em outras palavras, usando seus poderes para passar com facilidade.

Abriu a porta do escritório onde ficavam cinco pessoas da administração, Yibo estava sentado lá em sua mesa, mas notou a presença especial e levantou-se rapidamente.

— O que foi? — a mulher dos longos cabelos chocolate indagou e mirou na mesma direção que Yibo olhava. — É cliente?

— Sou.

— Não.

Falaram ao mesmo tempo. A mulher sorriu e assentiu para Xiao Zhan.

— Vá atender ele, Yibo. — ela praticamente mandou. O mais jovem dali suspirou frustrado e foi para fora do escritório.

— Por que ela parecia enfeitiçada? — olhou confuso para trás e depois para o homem.

— Eu a fiz cooperar um pouco. — sorriu. O sorriso dele era lindo. — Falei que nos veríamos logo.

— O que tá fazendo aqui, não me escutou dizendo pra me deixar em paz?

— Quer que eu te mostre a paz? — ele não esperou uma resposta, apenas estalou os dedos e estavam em um beco perto do prédio qual o jovem trabalhava. — É simples.

— De novo, não... — murmurou cansado, mais foi tarde demais, porque Xiao Zhan tocou a testa dele com o indicador e o fez cair desmaiado. Bom, o corpo caiu, a alma continuou no mesmo lugar. Yibo até estaria chocado se de repente não estivesse sentindo nada. Ele começou a flutuar lentamente, ficando na horizontal, mas olhando para o chão. Sentia que estava sendo puxado aos poucos para cima, mas a sensação, emoção e sentimentos estavam silenciados, nada existia. Ausência de dor e ausência de felicidade, apenas ausência, aquilo era paz, neutro. De repente Wang voltou para o corpo e levantou num pulo, impressionado.

— Esteve morto por alguns segundos. — Zhan respondeu antes de uma pergunta real vinda do outro. — Isso é paz.

— Como isso é possível...? — sussurrou.

— Eu já falei. — deu de ombros e segurou a mão dele delicadamente, puxando-o para andarem para um outro canto. Yibo até tentou se soltar, mas percebeu que não adiantaria muito, nem sequer questionou, estava pensativo demais sobre a recém experiência que teve. Ficou em silêncio o restante do caminho, acompanhando o mais alto tão absorto, que não se importou com olhares curiosos por estar de mãos dadas com um outro rapaz.

Voltou à realidade quando pararam de andar e Xiao Zhan soltou sua mão. Estavam em um jardim, um parque talvez? Mas era uma área mais reclusa, fechada, talvez até um pouco abandonada por ser tão escondida. As folhas de inverno estavam secas sobre os dois bancos, e não havia nenhuma flor nos ramos do arco que eles formavam. Claro que algum paisagista tinha feito aquilo com as próprias mãos para tornar o ambiente romântico e bonito, mas não pensou muito sobre a estação mais fria, qual não se florescia quase nada.

— O que o lao-Xiao quer comigo? — estava cansado. Parecia que toda suas dúvidas, incertezas e medos sobre o mais velho haviam desaparecido. Apenas lhe restou pensamentos e cansaço.

Preciso trabalhar. — Yibo pensou.

— Sei que precisa voltar para trabalhar, mas não vou tomar muito do seu tempo. Na verdade nada. — o tempo parou de repente, como da outra vez, mas Zhan quem havia feito aquilo.

— O quê...? — olhou em volta, mas não se deu o trabalho de questionar mais umavez, parecia que o homem dizia a verdade ou simplesmente estava enlouquecendo. — Não importa. Como soube o que eu tava pensando?

— Eu sei de tudo. — sorriu gentilmente e sentou-se no banco, após empurrar as folhas secas para o chão, e cruzou as pernas elegantemente. Wang não moveu um músculo. — Quando tinha 10 anos de idade... Pensou na mesma coisa que pensou alguns dias atrás.

— Hm? — o garoto ficou confuso, buscando nas lembranças algo que tenha dito e também disse aos 10 anos, mas como poderia lembrar?

— “Deus existe? Por que ele existe? Por que ele existiria?” — repetiu as mesmas palavras que escutou e o garoto arregalou os olhos. Havia ofendido a Deus e agora ele estava ali na sua frente. Seu coração errou uma batida, mas isso porque estava com medo, não sabia do que, mas estava. — O que mais me ofende é dizer que sou cruel e sádico.

— E-eu... — gaguejou sem planejar isso, não sabia o que dizer.

— Não é para me temer. — olhou nos olhos do jovem e tombou a cabeça levemente de lado, poucos graus; ele pensava. — Apesar de ser uma escolha inteligente, mas não deve me temer.

— É que eu... Não sabia... O que pensar. — disse entre longos intervalos de silêncio, procurava as palavras corretas.

— É engraçado. — riu anasalado. — Após dizer tais coisas e me proferir tantas palavras estranhas, porque não sabia quem eu era, agora parece que procura dizer meticulosamente o que eu quero ouvir. Mas eu só quero a verdade.

— Por que eu? — então algo racional se formou na cabeça dele. Era uma pergunta válida. — Muitas pessoas pensam como eu, fazem pior do que eu! Mas você está... Falando comigo. É quase... Incrível.

— Não é incrível?

— Até ontem eu não acreditava em nada.

— Nós dois sabemos que não é verdade. — sua expressão era neutra, quase séria e o tom de voz poderia parecer ameaçador, mas apenas emitia calma. — Mas você tinha apenas 10 anos. Foram poucas as crianças que não acreditaram em mim ou que me caluniaram. — Zhan fez uma careta ao dizer, era tão pretensioso dizer aquilo. — Não. — levantou-se. — Retiro o que disse, você não me caluniou, Wang Yibo. Afinal, quem sou eu para cobrar algo de vocês. — sorriu. — Apenas estou curioso, essa é a verdade.

— ... — o menor franziu o cenho confuso, então Deus não se via como um... Deus? Era atordoante.

— Repetiu as mesmas palavras.

— Eu só estava entediado e irritado com a vida, foi só isso.

— Mas o que disse era verdade, eu sinto quando é verdade.

— Frustração, chateação e irritação são sentimentos fortes. Eu acho que o suficiente pra eu dizer algo e soar tão verdadeiro. Se eu amasse alguém e depois esse alguém me abandonasse, talvez eu xingaria a pessoa, mas não é que eu pense isso da pessoas, só... Estaria chateado.

Xiao Zhan teve uma epifania e o tempo voltou a funcionar como deveria.

GOD || YiZhanOnde histórias criam vida. Descubra agora