GOD || YiZhan

um Deus com saudades

Haviam se passado dias após aquele acontecido estranho. Meses, na verdade, 14 para ser exato. Wang não entendeu quando o Deus sumiu, de certo que eles se conheceram apenas por três dias, mas ele sentia que estava realmente próximo do outro, mesmo com tão pouco. Sentiu falta dele em todos os outros dias e não houve um em que não pensou nele pelo menos uma vez.

Yibo estava na varanda de um hospital naquele momento, foi lá buscar receitas para seu pai, alguns remédios necessários, afinal o Sr. Wang estava ficando velho e precisava deles. A médica disse que iria demorar um pouco, então Wang resolveu ir até uma das enormes varandas de área comum para esperar. Era o sétimo andar, a vista era agradável.

— A temperatura do inverno é boa quando está em transição para a primavera, não é? — a voz conhecida indagou e rapidamente Wang olhou para o lado.

Era ele. Estava apoiando os braços sobre a barra do parapeito de vidro, vestia um casaco preto por cima da roupa de hospital. Espera, roupa de hospital?

— Por que tá aqui? — o humano estava preocupado, seu cenho franzido e a voz baixa.

— Pensei que perguntaria outra coisa. — sorriu e ajeitou a postura para virar para ele. — Faz tempo.

— Eu pensei que tivesse voltado pra sei-lá-onde... E tivesse me deixado. — murmurou, voltando a olhar a vista.

— Eu não abandono ninguém, mas tive um imprevisto...

— Por que tá aqui? — repetiu a pergunta.

— Meu corpo na Terra, aparentemente, não pode aguentar o fardo de ser um ser celestial e não consegue carregar todas as coisas nas costas. — com coisas ele se referia a tudo, mas em grande maioria os erros dos seres humanos. — Estou internado desde então...

— O que você tem?

— Imunodeficiência. E as consequências dela. — sorriu minimamente.

— As pessoas fizeram isso com você? — ele engoliu em seco, na verdade estava se sentindo culpado e já estava se sentindo mal antes, então poderia chorar a qualquer momento, ou seja, segurava o nó na garganta que o choro causava.

— Não culpo-as. — era sincero.

— Por que você é assim...? — deu as costas para o maior, porque sentiu seus olhos encherem de lágrimas.

— Porque eu sou Deus.

— Você não pode mais ficar aqui se te machuca.

— Mas eu estava te esperando.

— Me... Esperando...? — questionou pausadamente, voltando a mirá-lo. Sua visão ainda estava turva pelas lágrimas acumuladas. — Por quê?

— Se sente saudades, é só dizer. — riu baixinho. — Eu senti.

— Nem nos conhecemos direito. — cruzou os braços.

— Eu te conheço muito bem.

— Não importa. — fingiu dar de ombros. — Me senti mal.

— ... — Xiao esperou que ele continuasse.

— Eu tava sozinho de novo.

— Não queria que se sentisse assim. — o abraçou de repente, aquilo fez Wang ficar parado, não sabia se deveria devolver o abraço ou não. Mas uma coisa era certa, sentia-se confortável e acolhido naqueles braços. — Agora sabe onde estou, então podemos continuar nos vendo e conversando. — afastou-se um pouco.

— Seu nariz. — apontou hesitante. — Tá tudo bem?

— Oh. — colocou a mão e viu que estava sangrando. Virou de costas e tirou um saquinho de papel do bolso para limpar. — Isso sempre acontece. — riu baixo.

— Eu não entendo...

— E não precisa. Você é apenas um humano, não se force tanto. — quando terminou, olhou para ele. — Estou bem.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Por que imunodeficiência? — estava curioso.

— Quando alguém está triste, a imunidade cai, então fica doente. É fato. Todos estão tristes, até às plantas, isso me faz ter a imunidade baixa de maneira crônica. Faz sentido agora? — tentou ser didático.

— Até que sim... — suspirou.

— Mas estou bem. Apesar das bactérias e vírus atacando-me o tempo todo. — brincou.

— Não precisa ficar por minha causa.

— Acho que o destino quer que eu fique. E eu quero ficar. Você é interessante, Wang Yibo.

— Então é mesmo por minha causa?

— Eu vim por sua causa e vou ficar pelo mesmo motivo.