Capítulo 2

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— Senhorita? – acordo com uma mulher sacudindo com cuidado meu ombro. Esfreguei os olhos e vi a aeromoça que me deu o segundo calmante. — Acabamos de pousar.

— Tudo bem. Obrigada — passo a mão pelo meu cabelo para ajeitá-lo e pego minhas coisas, me encaminhando para a saída.

O ar estava frio e parecia que ia esfriar mais ainda, já que ainda estávamos no outono.

Acho que fiquei uns quinze minutos tentando pegar um táxi, porque o aeroporto estava cheio. Mesmo morrendo de frio, tiro minha luva e digito uma mensagem para Yana reclamando da temperatura, a qual ela jurou estar "agradável". Não me levem a mal, mas de onde eu vim 20°C é considerado frio já que minha cidade é muito quente, então 13°C é congelante. Mas é aquilo: vim para cada sabendo onde estava me metendo, então terei que me acostumar. Jogo o celular dentro da bolsa, assim que consigo um táxi.

Dentro do famoso carro amarelo, olho a paisagem pela janela. Algumas casas e lojas já estavam enfeitadas para o Halloween. Pego novamente meu celular dentro da bolsa e ligo como prometido para minha mãe, acalmando-a — não contei a ela sobre a turbulência. Já bastava uma apavorada - no caso, eu.

Depois de dez minutos em movimento e dez minutos parada no trânsito, chego ao prédio em que Yana mora e que eu vou morar. O motorista me ajudou a levar as malas até a portaria, então o paguei e agradeci a ajuda.

Fui direto falar com o porteiro sobre a suposta chave que Yana tinha deixado para eu pegar, mas ele disse que não estava sabendo de nada, que Yana não tinha deixado chave nenhuma.

Insisto e ele liga para Yana. Depois de alguns minutos de conversa, ele me avisa que eu posso subir.

Me arrasto junto com minhas malas até o elevador. Assim que as portas iam se fechar, um homem e uma mulher entraram no mesmo. O homem parece mais velho e mais alto que eu. A mulher é um pouco menor que eu, mas devemos ter a mesma idade. Eles estão com cara de quem estavam discutindo.

— Nossa mãe vai te matar — falou o homem.

Ah, então eles eram irmãos. E AINDA estão discutindo.

Observo-os enquanto travam uma batalha com o olhar — parecia quando eu brincava com meu irmão de quem piscava primeiro. Agora os olhando com atenção, realmente parecem irmãos. Ambos são elegantes e provavelmente devem ter uma situação financeira boa, além de estarem bem vestidos — ele de terno e ela com um belo vestido verde estilo camponesa.

— Tudo bem, não me importo. Vocês que se resolvam — diz por fim o homem.

Meu celular começou a tocar os fazendo me olhar, parecendo que tinham notado minha presença só agora.

Sinto minhas bochechas esquentarem ao notar que eles me pegaram os olhando. Atendo o celular, apressada.

— Alô? — falo em português mesmo.

— Letícia, você já chegou ao apartamento?

— Yana?

— Não, a vovó da Chapeuzinho Vermelho.

— Desculpa, não olhei o visor antes de atender. E respondendo sua pergunta: não exatamente, estou no elevador.

— Tudo bem. Eu estou quase chegando ao prédio, me espere na porta.

— Você não deixou a chave com o porteiro e nem escondida perto da porta... Então por que me mandou subir? Na portaria eu pelo menos estava sentada.

— Sinto muito mesmo. Não se preocupe que eu estou chegando.

— Acho bom, porque está frio aqui. Minhas roupas de frio não são para esse tipo de frio.

Meu chefe (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora