Capítulo 16

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Embarquei para International Falls às 02h15 AM do dia 22 de julho. Tha e Yana dormiam e o prédio estava silencioso quando saí.

Soube que o Sr.Taylor iria para casa amanhã. Fico feliz por ele.

Recebi por mensagem da secretária do Sr.Taylor com os endereços da minha casa e da empresa em International Falls.

Depois de cinco horas e meia de viagem, com escala em Minneapolis, eu desembarquei em International Falls. Eu pensava que Nova Iorque era fria, mas ao que parece International Falls era muito mais. Estávamos no verão e a temperatura não chegava aos 23 °C. Imagine no inverno.

Eu estou com uma blusa de manga longa branca, de lã, calça jeans, bota preta de cano curto e óculos escuros.

Coloco minhas malas nos carrinhos do aeroporto e o empurro até onde ficam os táxis.

O taxista me leva até a minha casa provisória e ainda me ajuda a colocar as malas na varanda. Lá, a minha espera, na porta da casa, estava uma mulher de mais ou menos 50 anos. Altura mediana, cabelo curto e olhos castanhos e pele parda meio rosada.

– Bom dia. Sou Margareth. Moro do outro lado da rua e vou trabalhar com você. O Sr.Taylor me mandou vir aqui e te falar que tem um carro da empresa na garagem para facilitar seu deslocamento até você poder comprar um. Nele tem GPS e você não vai se perder. A casa tem aquecedor e uma lareira na sala e uma no seu quarto. Seja bem vinda – ela sorriu e me ajudou a colocar as malas dentro da casa.

Ela falou tudo tão rápido e tão decorado que eu não pude deixar de sorrir também.

– É linda – olho em volta.

– Vou deixá-la descansar. Qualquer coisa pode bater em minha porta.

– Obrigada.

– Ah, e o Sr.Taylor disse que você pode começar a trabalhar no dia primeiro mesmo, já que ia fazer isso em Nova Iorque.

– Okay.

Ela sorri mais uma vez e sai. Tiro o restante da manhã para olhar a casa e guardar minhas roupas.

A casa é pequena, mas aconchegante. Ela é completamente de madeira, com as paredes de fora pintada de branco e as de dentro da cor original. A casa tem dois andares e bastante janelas, do jeito que eu gosto. As portas e janelas são marrons, como o piso. A sala tem um sofá médio, lareira e rack com televisão. A cozinha é separada da sala por um balcão de mármore preto, tem um microondas, geladeira, fogão e armários embutidos nas paredes. Subo as escadas para o andar superior e vejo que tem um bom espaço e uma enorme janela no corredor que leva para o meu quarto e o banheiro. Com certeza adicionarei mais tarde algumas coisas aqui. No meu quarto contém uma lareira, uma cama de casal em um espaço entre duas paredes com uma janela, um armário e um banheiro. O banheiro social é completamente azulejado e tem um vaso sanitário, pia e um box com chuveiro e uma escadinha que leva para a banheira.

Pela janelinha que vi pelo lado de fora, deduzo que aqui tem um sótão. Acho a portinha com escada no corredor que leva ao meu quarto. Puxo a portinha por uma corda e a escada aparece. Encontro o sótão completamente empoeirado e abandonado. Decido que vou fazer limpar o lugar e fazer um cantinho só meu.

Depois de conhecer a casa e deixar as malas no quarto, vou para o banheiro e tomo um banho quente. Visto uma blusa de frio preta de gola alta, um macacão jeans branco e uma bota preta de cano baixo. Divido meu cabelo ao meio e o prendo em um coque baixo e apertado. Me olho no espelho, passo um batom claro e coloco meu óculos escuro. Resolvi me aventurar e conhecer a cidade.

Pela janela do carro, eu observava tudo ao redor. Eu estava como as outras pessoas que eu vi: bochechas rosadas por causa do tempo.

Paro o carro quando encontro uma lanchonete. Sento em um banco no balcão sob os olhares da população. A cidade não é grande, e eles devem reconhecer quando alguém novo aparece por ali. Peço para a garçonete um café grande e um sanduíche natural.

Enquanto espero meu pedido, pego meu celular e ligo. Várias mensagens chegam. Da Tha, de Thamires, da Yana, de Janette, do Louis, da minha mãe... Escrevo uma mensagem e encaminho para todos.

Estou trabalhando em uma filial da empresa. Preciso de um tempo só para mim. Expliquei tudo na carta que deixei na mesa de centro do meu apartamento, as meninas provavelmente já acharam. Volto quando puder.

A garçonete volta com meu pedido e eu resolvo comer em uma mesa do lado de fora do estabelecimento para poder observar mais a cidade. Pago o lanche e me direciono para o exterior da lanchonete, mas mal me levanto e alguém tromba em mim, derrubando meu café no chão. Felizmente consegui salvar meu sanduíche.

– Você não olha por onde anda?! – elevo um pouco minha voz e olho para cima.

Uau. Eu trombei em um homem. Eu posso estar apaixonada por Louis, mas não sou cega e não posso negar: É um homem extremamente lindo e de tirar o fôlego. Ele tem o cabelo castanho claro, corpo atlético, barba por fazer, tem olhos verdes e pele clara. Ele ainda consegue ser mais alto que eu – provavelmente tem mais de 1,85m. Perco a fala por alguns instantes enquanto ele me fita com aqueles olhos intensos e um pouco raivosos.

– Você também não olhou – fala com um tom completamente grosseiro. – E quem é você?

Depois disso, recuperei minha fala totalmente.

– Não é da sua conta quem eu sou. Olha o que você fez. Derramou todo o meu café!

– Aí o problema já é seu. Passar bem.

– Você está achando que é quem, hein? – puxo o braço dele e ele me encara raivosamente com aqueles olhos verdes.

– Não é da sua conta quem eu sou – me imita.

Puxa o braço, desvia de mim e vai em direção ao balcão. Percebo que todos dali estavam observando nosso show.

– Cuidar da própria vida ninguém quer, né? – falo em um tom mais alto propositalmente para as pessoas escutarem.

Com apenas meu sanduíche na mão, eu saio dali.

Volto para casa e ligo para Yana, já me preparando psicologicamente para ouvir gritos.

– Você sabe o quanto eu quero te matar?

– Oi para você também, Yana. Eu estou bem e você?

– Não, eu não estou bem. E a culpa é toda sua. Você deve gostar de deixar todo mundo preocupado!

– Sinto muito. Tenho meus motivos. Como estão todos aí?

– Abalados. Thamires chorou muito e depois te xingou de um monte de palavrões, tanto em inglês quanto em português.

– Peça desculpa a todos por mim. Eu só preciso de um tempo.

– Tudo bem, mas quero que me ligue todos os dias.

Eu já ia responder, quando alguém tomou o celular de Yana.

– Sua vaca! Eu deveria ir atrás de você e te matar.

– Oi Tha.

Nem o Louis sabe para onde você foi. O pai dele, seu chefe, não contou para ninguém.

– Graças a Deus, porque foi o que eu pedi para ele fazer.

Mas eu pensei que você e o Louis...

– O que quer tenha pensado, pensou errado. Olha, eu vou mandar notícias todos os dias, nem vão sentir minha falta, mas agora estou cansada. Amanhã eu ligo ou mando mensagem. Manda um grande beijo para todos aí, amo vocês.

Também te amamos. – escuto mais de duas vozes falando ao mesmo tempo e sei que mais gente estava escutando nossa conversa.

A chamada se encerra e eu suspiro. Sentirei mesmo falta deles. Resolvo ir me deitar. Mesmo que não esteja tarde o suficiente, eu estou realmente cansada da viagem.

Meu chefe (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora