O feiticeiro e o deserto.

Capítulo 10

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彡★ Capítulo 10:

O quarto estava escuro, e de repente no lugar da noite quente com estrelas, o vento assumiu essa posição, as rajadas adentravam o quarto com violência, fazendo as janelas de vidro se agitaram e suas dobradiças rangerem. Corri até estas para fechá-las antes que algum acidente acontecesse. E mesmo isso parecendo ser impossível o quarto ficou mais escuro. Escutei os passos de Duni atravessarem o recinto e parar de frente para a cama, ela puxou um lençol e se aproximando novamente de mim, me olhou com os olhos cansados e chorosos.

-Eu não aguento mais tudo isso, Zade... - e começou a chorar.

Ela se enrolou com o lençol e eu impulsivamente a abracei. Senti seus braços em volta de mim, me apertando, enquanto os seus soluços rompiam altos pelo quarto. Apesar de não ser propício para o momento, era engraçado e interessante ao mesmo como "Zade" possuía uma sonoridade parecida com "Jade".

-Não, Duni, vai ficar tudo bem... - disse enquanto alisava sua cabeça com a ponta dos dedos.

Dessa vez, foi a minha vez de arrastar Duni até um lugar em específico, me afastei do abraço e segurando sua mão, eu a levei até a minha cama e a fiz se sentar, em seguida fiz o mesmo. Puxei uma parte do lençol que estava com Duni e envolvi nos duas nele, a abracei, e ela passou a chorar ainda mais.

Ficamos assim por não sei quanto tempo, Duni havia chorado tanto que acabou dormindo nos meus braços, já eu, não conseguia dormir, fiquei encarando a porta daquele quarto, escutando os gritos, rugidos, e barulhos diversos, imaginando o que estava acontecendo, e pensando no que eu fizera. Eu havia salvado aquela Astris, mas... pensei novamente no momento em que eu estava dentro do salão do duque e... eu havia entrado no livro... Balancei a cabeça em negação, mas como isso era possível? eu sabia que existia todo tipo de objeto encantado, mas ainda assim... além de que, eu atendia pelo nome Sherazade aqui e esse nome não me é estranho. Droga, droga! Se ao menos eu conseguisse falar com o ser de cabelos lilás... Fechei os olhos com força e tentei criar algum tipo de contato com ele, porém nada aconteceu, ou talvez ele não quisesse falar comigo. A essa altura, eu não sabia mais em que acreditar, será que eu havia morrido? será que isso tudo é um sonho?

Olhei em volta mais uma vez ao mesmo tempo que minha cabeça trabalhava, era um quarto realmente bonito, como eu disse, havia almofadas posicionadas por ele todo, além dos livros junto a elas. Aparentemente Sherazade gostava muito de ler, e apesar de eu não compartilhar o mesmo hábito, entendia o motivo daquelas almofadas por todo canto, para se encostar e relaxar quando quisesse ler um bom livro. Na minha escola em Torthaí, tinha uma sala com algo semelhante, tirando as almofadas chiques e os livros com capas belíssimas que Sherazade tinha e colocando almofadas duras como pedra e livros desgastados no lugar, temos um local bem semelhante a este. Além das almofadas, eu vi uma escrivaninha, encostada entre as duas janelas que davam para a sacada, ela possuía mais livros em cima dela e alguns objetos pessoais, como escovas de cabelo, grampos e joias.

Encostei Duniazade mais uma vez pareceu certo chamá-la assim, na cama e automaticamente ela se encolheu toda, como uma criança, e de fato ela parecia uma criança, acho que ela teria entre uns quinze a dezesseis anos. Levei minha mão até o seu rosto e ajeitei uma mecha de cabelo que caia por cima destes, e por algum motivo pensei no meu irmão. Estava com saudades dele.

Me levantei e fui direto para a escrivaninha de Sherazade, e de perto, ela parecia ainda mais bagunçada. Talvez organização não fosse o forte dela, por isso resolvi arrumar tudo enquanto Duni dormia, para distrair a cabeça. Juntei as muitas joias largadas e as coloquei em um pote semi aberto cujo as outras estavam, depois peguei os livros, um por um, eles estavam empoeirados e por isso passei a mão por cima das capas e depois assoprei para me livrar da poeira. O livro que estava no topo, tinha como título algo sobre animais fantásticos, já o outro era sobre mitologia, e assim sucessivamente, todos possuíam um tema parecido. Havia muitos lápis espalhados pela escrivaninha, por isso eu os peguei e os coloquei dentro de um tipo de copo, onde seus semelhantes se encontravam. No entanto, quando fui juntando os lápis um a um, acabei derrubando alguns livros ao esbarrar neles com o meu cotovelo, fazendo um barulho alto o suficiente para ser escutado do outro lado do quarto. Olhei para Duni, mas ela nem se mexeu, o barulho não foi suficiente para acordá-la. (sono pesado) imaginei. Me abaixei e peguei os livros espalhados no chão, porém achei algo diferente ali embaixo, entre eles.