Capítulo 14

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彡★ Capítulo 14:

Meu rosto deve ter demonstrado muito espanto, afinal Xariar olhou para mim despretensiosamente com um sorriso de canto de boca.

-V-você... Q-quer d-d-dizer. - tossi com força e levei a mão ao peito, por Deus. - Vossa majestade, o que faz aqui? - consegui por fim dizer, com a voz um pouco engasgada.

-Bem, esse jardim é meu, então o correto seria dizer, o que você faz aqui? - ele olhou dentro dos meus olhos com aquela tonalidade penetrante, e os cílios tão pretos que faziam suas írises se destacarem ainda mais.

Senti minha boca se abrir em forma de assombro. Eu devia estar parecendo uma tola agora, olhei de volta para as empregadas que vieram me seguir, e para minha surpresa apenas a metade do número inicial que estava comigo no quarto permaneciam ali, e com a mesma cara de assombro na qual eu me encontrava, menos o guarda musculoso, que continuava impassível. Olhei de volta para Xariar, que agora estava sorrindo, um sorriso cheio de dentes, e uau, se não fosse pelo meu medo atual eu poderia dizer que foi um dos sorrisos mais bonitos que eu já vi na minha vida. O sultão matador de esposas da história de mil e uma noites, estava me encarando e querendo uma resposta minha por invadir um lugar que eu nem sequer sabia que devia ser dele.

-B-bem eu, estava passando e notei o quanto esse lugar era bonito, então resolvi vir aqui para... ler. - não conseguir sequer terminar a frase sem desviar o meu olhar do dele um milhão de vezes. - Mas, se for da sua vontade senhor, eu irei embora. - me levantei em um pulo e quando o dei as costas para ir embora, senti uma mão envolver meu pulso livre e me segurar.

-Não está incomodando. Sente-se, por favor.

Me virei imediatamente para olhar aquela mão que me segurava e aos poucos, fui levantando o olhar, até me fixar em um ponto específico, uma linha clara e grotesca cruzava o seu pescoço da esquerda para a direita. Tive que segurar um impulso de levar minha mão até ela para tocá-la. Me sentei novamente assim como Xariar pediu, mas ele não soltou a minha mão, muito pelo contrário, assim que ficamos de frente um para o outro, ele envolveu minhas duas mãos nas suas, me fazendo assim largar o diário que até então eu não havia largado por nada em cima do meu colo.

-Eu quero agradecer o que você fez por mim. - o belo sorriso dele se desfez, e no lugar deste, seu rosto ficou sério.

Pisquei várias vezes antes de lhe dar uma resposta.

-Como assim? - foi tudo o que eu consegui responder antes de me tocar que ele estava falando do corte na garganta. - Ah, bem... não foi nada, é o que qualquer um faria no meu lugar, salvar a vida do nosso sultão é a maior honra que alguém poderia ter. - sorri de forma tímida e fiquei surpresa do quanto as palavras saíram fáceis da minha boca.

Ele riu sarcasticamente.

-Resposta padrão minha cara, muito esperta. - ele retribuiu. Abandonando o rosto sério e abrindo aquele sorriso admirável novamente, enquanto sarcasticamente ele ia envolvendo suas mãos grandes e quentes nas minhas, eu me arrepiei.

-Vocês nos podem dar licença? - sua cabeça tombou lentamente para o lado, para que ele conseguisse olhar por inteiro todas as empregadas que estavam conosco naquele jardim. Elas fizeram uma reverência com a cabeça e aos poucos, foram embora uma por uma, até mesmo o guarda musculoso que meu pai designou para me escoltar, após uma longa reverencia ao seu modo, saiu pelos fundos, um pequeno pânico começou a se instaurar na minha cabeça.

Quando o sultão se certificou que estávamos de fato sozinhos, ele aproximou o seu rosto do meu, e por um momento eu achei que ele fosse me beijar, mas ele levou os seus lábios para outro lugar, para perto da minha orelha, e disse:

O feiticeiro e o deserto.Onde histórias criam vida. Descubra agora