Capítulo 2

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彡★ Capítulo 2:

Escutei uma freada muito alta e um resmungar igualmente alto. Quando abri os olhos vi que o carro parou a centímetros de mim e Gustavo. O pequeno tremia nos meus braços e permanecia com os olhos fechados, percebi que a minha boca formava um perfeito O, e antes que eu pudesse tomar qualquer tipo de atitude, senti algo me puxando pelo antebraço, me obrigando a me levantar enquanto Gustavo se soltava do meu abraço e corria até Naíde que permanecia em estado de choque. No começo fiquei desorientada, minha cabeça estava confusa, então, senti aquela dor de pressão no meu braço, e quando me virei para descobrir a causa disso, um homem estava apertando este. Sem se importar se estava doendo ou não, subi meu olhar até que conseguisse ter uma boa visão do seu rosto, era bronzeado, com os olhos castanhos e cabelos de mesma cor, seria um homem bonito, se não estivesse me encarando como se eu fosse um inseto que acabara de pisar com os seus sapatos de grife. Em resposta, eu fiquei ali para encará-lo de volta, e conforme a minha consciência foi voltando, um sentimento forte de raiva veio subindo pelo meu corpo. A rua estava em extrema quietude, se duvidasse dava para escutar uma agulha caindo na calçada de tão silêncio que estava.

- Você enlouqueceu?! Por acaso estava querendo se matar se jogando na frente do carro desse jeito?! – o homem vociferou bem no meu rosto enquanto apertava o meu braço com mais força.

Ainda estava muito brava para dizer qualquer coisa, só tomei alguma atitude quando senti as gotas de chuva caindo solenemente no meu rosto. De supetão, soltei meu braço da sua mão, e caramba estava bem dolorido. Olhando por mais tempo agora eu tinha mais certeza de que aquele homem não era fada, pois tinha a ponta das orelhas perfeitamente redondas como as minhas. Senti a fúria subir pelo meu rosto com cada vez mais intensidade, e eu tenho certeza de que estava vermelha de raiva, eu poderia estar errada em ter feito o que eu fiz, mas eles também estavam errados em ao ver a criança, não ter no mínimo pelo menos, diminuído a velocidade.

- Olha aqui, Senhor! O único maluco aqui é você, eu não me joguei na frente do carro! Eu apenas tentei tirar a criança ali do meio da rua! Se vocês tivessem um pingo de noção! Teriam diminuído a velocidade do seu... – fui interrompida por Naíde que tocou meu ombro. Eu estava tão brava que poderia ter mandado Naíde ir a merda ali mesmo, mas antes que eu pudesse berrar mais uma sucessão de xingamentos, percebi as faíscas saindo das mãos do homem... ele era um mago. Um mago do governo, humanos com magia, e dependendo do seu nível de treinamento conseguem acabar com pessoas comuns como eu em segundos. Agora entendi do porquê humanos estavam escoltando o carro, eles eram magos, e se eram magos, o Astris ali dentro era bem importante.

Eu ainda estava com raiva, imensamente zangada, mas senti minhas pernas falharem ao ver que o homem era mago, não só ele como todos os outros que estavam escoltando o carro, são esses caras que nos levam presos ou para alguma casa nobre quando não pagamos os impostos, são esses caras que machucam pessoas como eu quando elas saem da linha. Olhei o mago dos pés à cabeça, ele usava um uniforme verde claro com amarelo, com uma corrente dourada se destacando e atravessando o seu peito da direita para a esquerda. Olhei em volta para os outros magos que o acompanhava e notei que só ele possuía essa corrente, não tinha certeza, mas acho que isso indicava a alta patente dele. Eu me encontrava em um estado de engolir minha raiva e pedir desculpas para o homem, quando escutamos a porta do carro bater e outro homem em vestes extremamente elegantes saiu de lá. Ele era pálido, cabelos brancos longos perfeitamente arrumados e amarrados com uma fita preta. Alto e tinha orelhas pontudas. Um Astris, um maldito Astris.

Vimos a respiração de todos ali se perder no ar mais uma vez, o homem não era apenas um Astris comum (mesmo os comuns sendo perigosos também) o brasão na sua roupa dizia muito bem quem ele era, uma cobra e rosas, ele era o dono atual dessas terras, o herdeiro de Torthaí, o duque de Limethorm.

O feiticeiro e o deserto.Onde histórias criam vida. Descubra agora