Capítulo 1

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                                        ◁━━━━◈ ᴘᴀʀᴛᴇ ✙ ᴜᴍ ◈━━━━▷

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彡★ Capítulo 1:

Acordei com aquela horrível sensação de quem está caindo e antes que eupudesse fazer alguma coisa para impedir, senti meu corpo entrando em contatocontra aquele chão gelado. Praguejei baixinho ainda atordoada pela queda,apesar da altura da minha cama não ser grande coisa, aquilo me fez sentir umador excruciante nas minhas costas. Senti o ar faltar no início, mas depois dealguns segundos me contorcendo no chão a fim de me livrar desta sensaçãohorrível, este logo foi recuperado, assim se apressando em encher meuspulmões. 

Minha mãe chamava meu nome da cozinha, provavelmente para que euacordasse, e é claro que sua tentativa foi de um completo sucesso, apesar denão ter sido o motivo pelo qual eu acordei. Eu estava completamentedespertada e, de brinde, agora possuía uma dor latejante nas costas.

 Olhei em volta, enquanto procurava forças para me levantar, era um quartobastante simples, os únicos móveis que o ocupavam era uma cama e umguarda-roupa de segunda mão. Lembro-me do dia em que minha mãeconseguiu o guarda-roupa, ela ficou tão feliz por me dar algo tão bonito e quenunca poderíamos comprar com o dinheiro que temos. Sinceramente foi umdos dias mais felizes da minha vida. Ela o conseguiu no lugar onde trabalha, asua chefe - uma senhora Astris - rica tinha comentado em alto e bom som, paraque todas as funcionárias ouvissem, que tinha comprado um guarda-roupanovo e ainda melhor para sua filha, e por isso não tinha o que fazer com essesegundo. Ela iria jogá-lo fora, mas minha mãe viu e na calada da noite, juntocom meu pai e outros trabalhadores do pomar, trouxeram aqui para casa.Muitos podem pensar que isso é roubo, mas não é roubo se a mulher não queriamais e jogou fora. Quer dizer, bem, tecnicamente é roubo sim, mas quando umapessoa não quer mais uma coisa e joga fora, e outra pessoa pega porqueprecisa, é justo não acha?

 O guarda-roupa estava em perfeito estado, a madeira cor de carvalho,contrastava lindamente com o papel de parede gasto do meu quarto, e o seuacabamento não ficava muito atrás no quesito beleza. O entalhe parecia tersido feito a mão por um artista habilidoso, eu não sabia que material eraaquele, mas parecia com uma madeira cintilante, que brilhava em milpedacinhos como um céu estrelado de um dia de verão, retratandoconstelações e ninfas dançando nuas sobre a calada da noite, no que pareciaum festival antigo há bastante tempo esquecido. A qualidade deste tambémnão ficava muito atrás, até parecia que possuía algum tipo de encanto - o queeu não duvidava caso realmente o tivesse - de qualquer modo não tinhamotivos para ela se livrar de algo assim. Mas as fadas são desse jeito, sempreostentando e gastando com coisas sem necessidade, acostumadas com afartura, com os recursos entrando nas suas casas em abundância, enquanto nósaqui estamos passando por constantes perrengues, que inclusive são por culpadelas. 

Quando a dor passou, fechei os olhos com força, respirei fundo e me prepareipara mais um dia, me levantei devagar e assim que fiquei de pé, calcei meuschinelos surrados. Senti um espirro vindo e logo levei as mãos ao rosto, o climaera frio nessa época do ano, quer dizer, ele permanecia frio apesar da época doano. Já devia ser verão, mesmo assim os ventos gélidos insistiam em ficar aqui.Na noite passada, parecia que o céu iria cair de tanto que choveu, a águaencontrando o chão da rua com violência, os trovões rugindo e os raiosprovocando grandes clarões, se não já estivéssemos acostumados com esseclima maluco, eu diria que era o fim do mundo. Fui até a janela do meu quarto afim de fechá-la, mas antes que eu pudesse fazer isso, deixei o vento geladotranspassar pelos meus cabelos loiros escuros e curtos e tocar minha pele alva,o motivo do meu espirro talvez seja porque eu havia esquecido de conferir se atranca da janela estava fechada na noite passada, com os ventos fortes, eladevia ter aberto no meio da noite. Olhei para a rua e vi como ela estava vazia,apenas uma ou duas pessoas andando apressadamente em direção aos seusrespectivos compromissos. O dia estava apenas começando e como estava frioa maioria das pessoas que trabalhavam em casa sempre se permitiam dormirmais um pouco antes de iniciar os seus afazeres. Sorri ao pensar napossibilidade de dormir mais um pouco, mais um luxo no qual eu não poderiater. Pessoas como eu, que trabalham fora sempre precisam acordar cedo, cadaminuto é dinheiro e dinheiro significa sobrevivência. Apenas os donos de algumestabelecimento de respeito como boticários ou gerentes de lojas de artigosconsiderados de luxo ficavam dormindo até mais tarde, nas suas camasenormes, compradas com o dinheiro sujo de exploração, afinal, eles tinhamseus subordinados para trabalhar por eles, não tinham? Dinheirodefinitivamente não era um problema para essas pessoas. 

O feiticeiro e o deserto.Onde histórias criam vida. Descubra agora