Marte avermelhada

Começando uma antiga aventura.

20° Capítulo.

POV YUTAKA/LAUREN(PASSADO)

-Vê se não me enche o saco, Christopher. - Resmungo.

Estou tentando estudar, mas meu irmão não quer deixar.

-Ahh, vamos lá, Lauren. Tá na hora do recreio, e tu tá aí estudando. - Ele puxa de leve o meu cabelo, só para perturbar mesmo.

-O certo é intervalo, não somos mais crianças. Estamos no ensino médio agora. - Eu dou um tapa em sua mão.

-Intervalo ou recreio. Se eu quiser, chamo até de hora do lanchinho.

-Chame do que quiser, contanto que não me perturbe. - Começo a me levantar para sair de perto dele.

-Chata. - Escuto ao longe, mas ignoro.

Primeiro dia de aula, e como sempre, Christopher enchendo meu saco. Às vezes me amaldiçoo por se tão inteligente e ter pulado uma série; assim acabei na mesma sala e no mesmo colégio que Christopher.

Ele não é burro, longe disso. Mas parece que não entende que teremos ter grande responsabilidades daqui para frente. Ele será o rei dos Numbers, e eu serei o seu braço direito. Tenho que treinar, ficar forte, inteligente e tudo mais para que eu possa protegê-lo.

Desde o início dos Numbers, as mulheres têm ficado com a parte mais complicada, treinando para ficar fortes, saber lutar e coisas do tipo. Isso se dá por conta da nossa genética, que faz com que as mulheres se sobressaiam, enquanto fazemos a parte mais física e coisas do tipo. Os homens vão mais para o lado político. O que eu não acho ruim, pois precisamos de ordem em nossa sociedade, ainda mais que moramos em um planeta com outro tipo de raça inteligente.

Homens também podem fazer a parte mais "física" da nossa sociedade, e alguns fazem mesmo. Assim como as mulheres podem participar da política abertamente. Isso vai do que o Number quiser. Eu gosto de estudar, ler livros e coisas assim. Mas sou apaixonada pelo combate. Muitos dizem que eu vou virar umas das Numbers mais fortes que já existiram.

Por isso que sou tão rigorosa comigo mesma; quero proteger o cabeça dura do meu irmão da melhor forma possível. E também adoro quando consigo derrubar alguém com certa facilidade. Bom, não conheço muito dessa nova escola, então acho que me perdi.

Começo a andar pelo local, olhando para todos os cantos.Não devia ter feito isso, pois não foquei na minha frente. E o pior me aconteceu. Bati nas costas de um outro estudante e acabei caindo junto de meus livros de estudo.

-Caramba, sinto muito. - O garoto se desculpa enquanto me ajuda a levantar e a arrumar os livros. -Você está bem?

-Estou sim, não foi nada demais. - Falo, arrumando a ordem de livros no chão. -Desculpe por bater nas suas costas. Eu acabei me perdendo e não vi direito por onde andava.

-Também é novata? Também me perdi nesse labirinto todo. - Ele sorri para mim e eu perco o equilíbrio.

Mas o que é isso? O sorriso dele fez eu perder o equilíbrio? Porque senti um nervosismo quando ele sorriu para mim? E também sinto minha pulsação acelerar. Será que a batida foi mais forte do que eu pensei?

Ele tem um cabelo azul quase que preto, pele clara e olhos verdes. Uma estatura mediana e um sorriso com dentes perfeitos.

-Opa, cuidado aí para não cair de novo. - Ele me segura até que eu esteja em pé. -Eu sou o Adamus e você?

Fico sem responder por uns segundos, mas volto a si.

-Ahh, meu nome é Lauren. - Estou com meus livros de volta.

-Oi Lauren, quer desvendar esse labirinto comigo? Ou até o recreio tocar? - Ele estende a mão para mim.

Recreio... igual a como Christopher falou. Mas eu não achei estranho, achei até engraçado. Me vejo pensando se devo aceitar o seu pedido.

Bom, eu não conheço todo o colégio. Não seria má ideia eu saber onde cada coisa fica, ainda mais com um guia tão experiente quanto eu ao meu lado. Eu aceito a oferta e pego em sua mão. Adamus solta um sorriso e me leva por um tour pelo colégio.

☆

Chego em casa com Christopher e pensando como foi legal esse primeiro dia.

-Como que foi o primeiro dia de vocês? - Nosso pai aparece segurando uma panela e pergunta.

Mesmo que tenhamos condições para contratar um chef, meu pai que faz toda a comida em casa. Ele gosta fazer culinária, até mais do que ser rei em si. Madame Berry (Sim, igual a fruta), sempre dá um sermão nele. Ela é o braço direito de meu pai.

Sempre que dá, ela me treina. Seu treino é bem rigoroso, mas dá resultados. Com cerca de 1,63 metros de altura. Ela me ensina a derrubar adversários com o dobro de tamanho no geral.

-Foi bem legal pai, tem uma garota na sala que é muito bonita. - Christopher vai até o pai e pega uma das guloseimas que ele estava fazendo.

-Sério? Como que ela se chama? - Quando Christopher tenta pegar mais uma, meu pai se afasta para que ele não consiga.

-O nome dela é Aurora. E ela é linda.

-No primeiro dia e já está pensando em garotas? - Digo a ele, e Christopher faz uma careta.

-Olha só quem fala. Eu vi você andando com um garoto do segundo ano. - Meu rosto fica vermelho.

-Não é isso que você está pensando. Eu só estava perguntando onde ficam os lugares do colégio. - Começo a ir em direção ao meu quarto.

-Não quer provar algum desses? - Meu pai pergunta.

-Agora não, vou tomar um belo banho. - Digo sorrindo para ele.

Enquanto vou para meu quarto, passo pelo local de trabalho de minha mãe. Ela é uma escritora, e passa boa parte de seu tempo escrevendo. Diferente de nosso pai, nossa mãe não interage muito conosco. Já houveram discussões entre os dois por causa disso.

Meu pai acha que ela vai perder a gente, que estamos crescendo. Em certa parte, ele está certo. Mas eu fico feliz que ela esteja fazendo o que mais ama. Penso em dar um oi a ela, mas parece que está bem entretida. Então resolvo ir direto ao meu quarto. Jogo minhas coisas na cama mesmo e decido ir direto para o banho. Que dia cheio e aquele tal de Adamus. Ele até que é bonitinho, mas só isso mesmo. Acho que não vamos nos falar muito. E é melhor assim, ele é um humano e eu uma Number.