O dever de ajudar os seus amigos.

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                                                                                   62° Capítulo.


Mais uma semana se inicia no trabalho, e como de costume, eu e Serguei somos os primeiros a chegar. Não que haja muito coisa para fazer de manhã, mas é parte do treinamento.


Serguei diz que ter um horário de sono regular ajuda a manter energia, evitando certa sonolência nos momentos importunos. Eu discordo muito dele nesse ponto. Adoro dormir e valorizo muito o meu sono.


    —Acorda logo, Martins. — Ele me cutuca.


    —Eu estou acordada, não enche. — Digo estando com os olhos fechados.


    —Virou sonâmbula? E esses olhos fechados aí?


    —Só estou descansando. — Ele ri.


Começamos a fazer o nosso trabalho normalmente.Só que não demorou muito até sermos chamados pelo nosso chefe.


    —Martins e Serguei, na minha sala. — O grito do homem me deu um susto de início.


    —Você fez algo? — Serguei me pergunta enquanto vamos em direção a sala do chefe.


    —Eu não, e tu? — Ele nega. —Isso é estranho.


O corredor até a sala, me lembra a cena dos filmes, quando um preso vai pro corredor da morte. Será que ele vai me demitir? Mas eu realmente não fiz nada. Ao chegarmos no local, Serguei bate na porta. Para logo em seguida escutarmos a pessoa lá dentro permitindo a nossa entrada.


A sala do chefe não mudou nada desde a última vez que eu vim aqui, quando fui me candidatar para a vaga.Continua na mesma simplicidade de antes, prateleiras sem o que colocar, uma mesa com um computador no centro, que é onde ele fica sentado enquanto fuma seus charutos, com a única janela para uma vista fria lá fora.


    —Aqui estamos, senhor. — Serguei é quem fala.


    —Muito bem. — O homem dá uma bela tragada no charuto. —Tenho uma boa e uma má notícia para vocês dois.


É, eu vou ser demitida.


    —Qual querem ouvir primeiro? — Só diz logo que eu me lasquei, penso comigo.


    —A má notícia, senhor. — Serguei fala com uma expressão neutra.


    —Pois bem. — Mais uma tragada. —Terão que trabalhar até mais tarde por um tempo.


    —Quê? Mas por quê? — Pergunto.


    —Um funcionário sumiu tem alguns dias, aí vamos precisar que trabalhem um pouco mais até repor alguém no seu lugar. — Ele esfrega o charuto no cinzeiro. —Mas a notícia boa, é que serão pagos pelo horário extra. — O homem diz isso com uma animação, mas não me deixa nem um pouco animada.

Marte avermelhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora