Um adeus momentâneo.

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73° Capítulo.


Estamos de volta na casa de Serguei. O aquecedor do carro ficou estralando.A ida até a mina pode ter sido bem silenciosa, entre eu e o Mikhail. Mas essa volta não teve nada de calado, todo mundo falou bastante, o assunto rolou solto. Até a Verônica, que é a mais misteriosa, riu dos assuntos, e quando era sobre os Number, todo mundo ficava calado e escutava.


Dimitri disse que as coisas mudaram bastante em relação ao seu tempo, as conversas entre os Numbers e os humanos. Acho que ele disse isso por conta do brilho nos olhos do Mikhail, que parecia uma criança quando escutava sobre os dinossauros. Eu era assim, pelo menos.


Admito ter um certo medo da Verônica saber sobre os Numbers, já que ela tem ligação com o governo. Só que se não fosse a ideia dela de explodir a caverna junto do portal, talvez não estaríamos aqui agora.E ela disse que só iria reportar a parte dos vampiros, irei dar esse voto de confiança para ela. Depois, ela se despediu da gente e foi se encontrar com a sua equipe. Mikhail foi para a sua casa, mas os olhares permaneceram no Serguei até o último segundo.


    —Vamo entrando logo? Eu estou congelando aqui. — Serguei ri do que eu disse.


    —Claro. — Ele e o pai vão na frente.


Mesmo a mãe de Serguei não respondendo tanto assim, foi bem perceptível a felicidade dela ao ver os dois entrando.Teve até um momento que ela tocou na minha mão rapidamente e eu podia jurar que ela acenou com a cabeça para mim.


                                                                                             ☆


Os dias se passaram e as coisas foram se estabilizando. Felizmente o nosso chefe não despediu a gente. Na verdade, ele até agradeceu a gente por ter resolvido o problema da mina.Obviamente não contamos sobre a nossa raça, e muito menos sobre os vampiros.Só dissemos que encontramos um caçador que estava atrás da fera que estava morando lá dentro e o ajudamos a capturá-la.


Mas para manter o costume, ele mandou a gente trabalhar até tarde no dia seguinte. O pai de Serguei decidiu parar de se "aventurar" em minas e começou a trabalhar na fábrica que estamos, na parte mecânica do lugar. Ele trabalha no horário contrário da gente, para conseguirmos cuidar da mãe de Serguei da melhor forma possível.


Os treinos com o Serguei continuaram, obviamente. Não usei tanto assim da forma vampiro, mas me arrisquei algumas vezes. O meu foco mesmo foi os desenhos, ficar cada vez melhor em representar a minha ideia no papel e trazê-la para a realidade.


E sobre o Mikhail e o Serguei? O que dizer né?Eles começaram a se falar bastante, até marcaram um encontro. Serguei contou que terminou em um selinho. Eles estão vendo do Serguei ir jantar um dia na casa dele.Dimitri tem apoiado bastante a relação, foi ele quem deu a ideia de um dia chamar ele para jantar com eles. Queria estar presente neste dia, mas acredito que não vou estar.


Em um dos nosso treinos, senti algo me chamando. Algo relacionado a Bibis, e isso me diz para voltar.De alguma forma eu sinto que devo voltar e ajudá-la.


    —Então você vai mesmo agora, né? — O rosto de Serguei é de tristeza.


    —Sim, preciso ir. — Abraço ele. —Não fica assim, tá bem? Nós vamos nos ver de novo.


    —Espero que seja logo, então. — Ele me abraça também.


    —Por mim, você morava lá na minha cidade. — Desfaço o abraço e olho para ele.


    —Quem sabe um dia, né? — Ele olha para trás, para a sua casa. —Vou sentir a sua falta, Martins Gabriel LeBlanc.


    —Também vou sentir a sua, Serguei. — Não digo o nome dele completo, pois sou péssima nisso. Mas nos abraçamos de novo.


EU NÃO VOU CHORAR, EU NÃO VOU.


    —Agora vai lá, ajudar a sua amiga. — Seguro o choro. —Você já ajudou demais o seu amigo aqui. — Para a minha surpresa, ele começa a chorar primeiro.


Não me aguento e choro junto.


    —Ainda não terminei de ajudar. — Minha voz sai chorosa.


    —Você é incrível sabia? — Agora é ele quem desfaz o abraço e me olha.


    —Olha só quem fala.


A gente volta se abraçar e fica nisso por um tempinho.


    —Agora é sério, vai lá. — Ele ri ainda chorando.


    —Vou sim.


Eu já tinha falado com ele como eu iria voltar para lá mesmo sem dinheiro. Já que eu dei o dinheiro do trabalho para o Serguei. Ele demorou para aceitar. Mas depois que eu falei que iria me virar com os meus desenhos, ele acabou aceitando.


Será que é roubo eu usar dinheiro feito dos meus desenhos? Bom, espero que não.De qualquer forma, quando eu já estava saindo para ir embora, Serguei me chamou.


    —Martins, espera. — Eu me viro e vejo ele subindo as escadas do local até a sua casa.


    —Se lembrou de algo? — Ele nem deve ter escutado o que eu disse.


Não demora muito e ele volta na mesma velocidade.


    —Aqui, quero que leve isso. — Ele me dá a caricatura que eu fiz para ele.


    —Mas eu fiz para você, não posso ficar com isso. — Nego com as mãos.


    —E quem falou em ficar? É emprestado, para você lembrar como que é o meu rosto. Um dia vai voltar para mim. — O seu sorriso vai de orelha a orelha.


    —Gostei da ideia. — Pego o desenho. —Vai ser a minha companhia durante a viagem.


A gente se abraça mais uma vez e depois se despede de verdade.Agora é comigo, eu vou chegar até a Bibis. Não importa a forma que for. CONTINUA NA PARTE 7 (FINAL)

Marte avermelhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora