Capítulo 6 - N.8

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Depois do café, fui levado pela adestradora para o tal canil. Não sei se consigo me acostumar com esse treco no meu pinto, dói pra caramba ainda, sem contar que as correntes ficam puxando meus mamilos. Que droga isso!

O canil é um espaço gramado, com uma cerca baixa e umas estruturas estranhas. Junto comigo tem mais 4 outros "cachorros".

A adestradora para na minha frente, se abaixa e fala:

— Você vai ser um cachorrinho comportado?

— Sim, senhora. - Respondo. Já me basta essa gaiola.

— Cachorros não falam, n.8. - Ela fala sorrindo pra mim e afaga minha cabeça.

A adestradora tem um rosto bem calmo. Ela é mais nova do que a Adriana, bonita, com um cabelo cacheado quase preto.

— Vem, vamos começar pelo básico. Vou te ensinar os comandos iniciais. Ok?

Eu não sei como ela quer que eu responda, então a sigo até o meio do gramado.

— Primeiro senta! - Ela diz.

Eu me ajoelho no chão, acho que é isso que ela quer.

— Isso, só mantenha as patas no chão.

Me ajeito e ela sorri feliz.

— Agora deita!

É, aí ela me pegou, deita? De lado? De barriga? Fico parado olhando pra ela.

— Joga o corpo para frente, n.8, e se abaixa. Dobra os cotovelos e os mantenha junto ao corpo. Igual a um cachorro de verdade.

Certo, fácil. Sigo as ordens e ela me corrige um pouquinho.

— Ótimo, tá super bem! De pé!

Como é? Me levanto do chão e a encaro, sem saber o que fazer.

— Se ajoelha, fica bem retinho... - Tá. - empurra a bunda mais pra frente e levanta as patas, mantendo seu cotovelo dobrado. Isso! Olha pra frente.

Ela sorri novamente quando eu acerto a posição.

— Deita! - Ela fala.

Atendo a sua ordem e fico na posição.

— Boa. Senta! Muito bem! De pé!

Sigo suas ordens e recebo um belo sorriso em troca.

— Nossa você é muito bom!

Não sei se ela diz isso se referindo às posições ou a mim mesmo, como eu sou ruim em entender o que essas mulheres falam.

— Como cachorro você pode responder de algumas formas. Pode latir, rosnar, chorar... a não ser que eu ou sua treinadora diga que você pode falar. Late pra eu ver.

Ai que vergonha.

— Vai, late!

Quero enfiar a cabeça no chão!

— Não precisa ter vergonha, todos os cachorros latem, é normal.

Tomo fôlego e faço o que ela me pede.

— Au.

— Ótimo! Agora rosna.

Eu não sei bem o que fazer. Ela se aproxima de mim e coloca a mão no meu pescoço suavemente.

— O rosnado tem que sair daqui. - Ela aperta um ponto no meu pescoço. - Vai, tenta.

— Rrrrrrr.

— Isso! Agora chora!

Imito um choro de cachorro e recebo um sorriso e um afago em troca. Seu sorriso é tão bonito, gosto de quando ela sorri pra mim.

— Muito bom! Aqui no canil você vai praticar as posições e também vai fazer exercícios para manter esse corpo lindo que você tem. Ali tem água - ela aponta uma tigela no chão. - e ali é o banheiro. - ela aponta um quadrado de azulejos no chão.

Sério que eu vou ter que fazer xixi na frente de todo mundo?

— Vem que eu vou ensinar você a fazer xixi sem se sujar.

É super fácil, tira essa gaiola que eu consigo! Ela me chama de novo e eu a sigo até o quadrado.

— Sua gaiola não permite que você faça sentado, então você tem que levantar a patinha e fazer...

Eu nem sei o que responder para ela... ou fazer.

— Quando você sentir vontade eu te ajudo! - Ela diz sorrindo.

Ai que vergonha.

— Vem, vamos brincar um pouco.

Ela me chama e pega um osso de borracha, se aproxima da grade e joga no meio do gramado.

— Pega!

Como é? Eu não me mexo e a encaro.

— N.8 isso é parte do seu treinamento, se você ficar me desobedecendo vou ter que avisar sua treinadora. - Ela diz com uma voz compreensiva.

Tá bom... vou até o brinquedo, pego ele com a boca e trago de volta para ela.

— Isso! Só que eu quero que você faça isso mais rápido, você tem que correr, ok?

Ela jogou o brinquedo novamente, eu fui buscar mais rápido e voltei. Ela repetiu isso mais umas tantas vezes, meu corpo passou a queimar e suar pelo exercício. Já não tô aguentando mais, me aproximo dela e deito no chão.

— O que foi? - Ela me pergunta.

Choro pra ela, quem sabe ela entende...

— Você já está cansado?

Faço que sim com a cabeça.

— Certo, vai tomar uma água e pode descansar. Daqui a pouco a gente continua. 

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Nota da Escritora:

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