Capítulo 12

1.1K 43 2
                                    

Eu não me mexi, desde às 14h eu estou aqui, ela mandou eu ir para a cela, mas mais uma vez eu a desobedeci. Ela tem que reconsiderar. Mesmo que alguém venha me tirar daqui, eu vou ficar, vou lutar e vou permanecer exatamente aqui.

Ela saiu com o pulguento faz pouco tempo, eu vi tudo o que eles fizeram e cada gemido dela era uma faca entrando no meu peito. Cada movimento do pulguento eu desejei que fosse meu, todo o carinho que ele recebeu... Eu quero isso, mais do que tudo na vida, eu quero exatamente isso, com ela. Por isso, eu vou ficar aqui.

Exatamente aqui.

Não sei que horas são agora, mas não me importa. Devo ter dormido, sinto meu corpo dolorido, mas também não me importa.

Ouço a porta se abrir e me preparo para lutar para ficar aqui, mas é ela que entra.

— Mas que... o que você está fazendo aqui ainda? - Ela sabe o porquê, tem que saber.

— Você está aqui desde ontem? - Assinto com a cabeça, mas não me levanto.

— Mas que merda! - Ela diz brava, irritada.

— Senhora, me desculpe... - Eu peço, humildemente.

— Caramba n.5!

— Juro que eu faço qualquer coisa para ficar aqui... qualquer coisa mesmo! - Me arrasto aos seus pés, implorando. - Não quero ser transferido...

Ela respira fundo e diz:

— Qualquer coisa?

Uma fagulha de esperança se acende em mim e eu levanto a cabeça para olhá-la.

— Sim, senhora! Qualquer coisa.

Ela não fala nada, apenas me olha. A ansiedade toma conta de mim.

— Vou te dar mais uma chance, se você me decepcionar, vou te mandar para o pior CRM que eu tenho notícias!

— Obrigado, senhora. - Eu explodo de felicidade e beijo seus pés em gratidão.

— Tá, tá, chega! Fica em pé!

Obedecer a essa ordem se mostra mais difícil do que eu imaginava. Meus joelhos estão doendo muito, mas me levanto.

— Vira.

Eu obedeço e ela solta meus pulsos.

— Se alonga.

É um alívio imediato fazer o que ela manda, meus braços estão duros, minhas pernas doloridas e minhas costas... Aff.

Ela me puxa pela guia e me leva até o refeitório. Não sei se o horário do café ainda não começou ou se já passou. Minha dona fala com a cozinheira, pedindo alguma coisa para eu comer e tenho a resposta.

— Mas diretora, o horário do café já acabou.

— Eu sei, mas esse aqui não comeu e ainda dormiu fora da cela.

A cozinheira me olha com desdém, é uma das coisas que eu não entendo aqui, nunca fiz nada para essa mulher...

— Me consegue um café também, Ju, por favor. - Minha dona pede.

Nos sentamos em uma mesa, e enquanto como, Adriana bebe seu café em pequenos goles. Aproveito para olhá-la, entre uma porção e outra, mas ela não está feliz, sua cara é de preocupação e irritação. Assim que termino, ela me manda levar a bandeja na cozinha, e eu respiro fundo no caminho. Essa mulher não gosta de mim, vai me xingar em 3...2...1...

— Obrigado pela...

— Saí da minha cozinha, seu inútil! - Ela grita e vem pra cima de mim com uma colher de pau na mão.

CRM - Centro de Reabilitação MasculinaOnde histórias criam vida. Descubra agora