Capítulo 11

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Tal e qual o combinado fomos para a Madeira uma semana, eu estava nervosa, porque ele ia levar-me onde cresceu, onde aprendeu a jogar futebol, onde caiu por diversas vezes, o parque onde conheceu amigos, e acima de tudo, conhecer os pais dele, acho que nisto tudo, essa parte era a mais difícil. 

Quando ele cumprimentou os pais, eu fiquei quase encostada a um canto, com a intenção de não repararem em mim, mas obviamente que isso só iria acontecer se tivesse uma capa de invisibilidade, ou uma pinta que conseguisse  camuflar-me com os tons do chão e da parede. 

Seguramente tive que arranjar forças para falar um simples "Olá", e mais energias para continuar a conversa, evidentemente que o Henrique ria-se da situação e francamente só tinha pensamentos de assassinato para com ele. 

Logo que, ficamos sozinhos no quarto dele, eu bati-lhe. 

- Ouch! Isso doeu, francamente, nem pareces uma dama! - Olho para ele. 

- Onde está o castelo? Porque não me ajudaste? 

- Estavas a ir muito bem! Até que começaste a falar de coisas aleatórias. - Suspiro e sento-me na cama, ponho as mãos na cara. 

- Os teus pais odeiam-me! - digo e deito-me na cama. 

- Não sejas assim! Os meus pais não te odeiam! - disse, e eu olho para ele. - A sério! Foste a primeira rapariga que trouxe e não falou sobre eu ser jogador de futebol, não falaste do Benfica, isso pode ter ajudado, e talvez sei lá, vá lá, é só o primeiro dia, vais ver que logo, logo tu e a minha mãe já são amigas e estão contra mim, a minha mãe é um pouco tímida, e tu também, dá-lhe tempo. 

- Confio em ti! - digo e ele sorriu. 

- Vá, temos muito que ver, ainda hoje! - disse a levantar-me, ele abraça-me. - Tu és tudo para mim, okay? Não interessa o que os meus pais pensam, eu adoro-te, gosto de ti, e acima de tudo amo-te, ok? 

- Porquê?

- Não sei, só amo, não tenho uma explicação, apenas amo! - disse e eu beijei-o, ele agarrou-me ao colo, levantando-me do chão. 

- Amo-te! - digo entre o beijo. 

- Boa, vamos! - disse a colocar-me no chão, descemos as escadas. 

- Henrique? - Ouço a mãe dele chama-lo. 

- Sim, mãe? - disse a entrar na cozinha, fiquei ao lado dele. 

- Tens uma visita! - disse e vejo uma menina loira, um pouco mais alta que eu, a surgir da sala. 

- Andrea? - Ele reconheceu-a assim que a viu, abraçou-a e girou-a no ar. - Meu Deus, estás linda! - disse e eu senti-me a mais. A mãe dele passou por mim, sem olhar para os meus olhos, eu senti-me mal. Os três ficaram a conversar, e eu fui até ao jardim. 

- Não te sintas mal! É só uma amiga de infância! - disse o pai dele a arranjar uma mota no exterior da casa. 

- Não sinto! - digo. 

- És bonita, não precisas de mentir! Eu gosto de ti, e apesar de não parecer a minha esposa também gosta. - disse Gonçalo pai dele. - Nunca vi o meu filho olhar para uma mulher como olha para ti, ele ama-te mesmo, e não deixes que isto te afete! - disse e eu sorri. 

- Talvez devesse afinar. - digo, e mostro-lhe como, ele faz como lhe mostrei, e depois experimenta a mota. 

- Funcionou! - disse para mim e eu sorri. - Como...?

- O meu pai, o meu pai ensinou-me. - digo a sorrir. 

- Bonita, inteligente, talentosa, e sabes concertar motas e carros, percebes futebol também?

- Fui jogadora, até aos 8 anos 7 anos, não sei bem. - digo. 

- Porque paraste de ser? 

- O meu irmão foi raptado. 

-  O João Neves? - Afirmo. 

- Deixei de jogar, quando isso aconteceu, foi um processo complicado. - digo. 

- Não falaremos mais sobre isso ... 

- Estás aqui, andei a tua procura! - disse o Henrique a descer o vão das escadas. 

- Ela estava a ajudar-me, enquanto tu e a tua mãe matavam saudades da Andrea! - disse o pai dele, e ele olhou para mim. 

- Vamos? - Pergunta-me, e eu afirmo. - Concertas-te a mota? - Pergunta.

- Não, foi a tua namorada! - disse, a limpar as mãos a um pano. - Bem pombinhos vou para dentro. - Seguiu para o interior da casa, deixando-me sozinha com ele. 

- O que acabou de acontecer? - Encolho os ombros, e ele aproxima-se de mim. - A Andrea é só uma amiga! - explica-se. 

- Eu confio em ti. - digo apenas. 

- Não quero estragar isso! - disse. 

- Tudo bem! - digo. 

- Está mesmo? - Pergunta. 

- Pereira? - disse a Andrea. - O pessoal vai sair, queres vir? - Ele olha para ela. -Até te convidava, mas ias sentir-te de parte! - disse para mim arrogante. 

- Andy! Tem calma! Desde quando, ela iria sentir-se de parte sendo minha namorada? - Pergunta. 

- Desculpa princesa, não sabias que ficavas ofendido! - disse. 

- Andrea, eu não quero chatear-me, por isso, é melhores saíres! Agora, saí agora! - disse, e eu travo-o. 

- Tem calma, vai sair com eles, eu fico bem! - disse. 

- Não, tu és minha namorada, não és minha amante, não iria ficar bem! - A Andrea saiu da casa dele e eu olho para ele. 

- Não precisavas de me ter defendido assim. 

- Tu aceitaste namorar com o Henrique Pereira Araújo, aceitaste-me não como jogador de futebol famoso, mas como pessoa que sou, não tenho palavras para agradecer isso, eles que já eram meus amigos têm que perceber que eu escolhi-te, escolhi-te como namorada, como amiga, e como confidente, tu és tudo para mim, neste preciso momento, estou a escolher-te, e não a eles. Eu quero que este resulte, por isso vou defender-te até ao fim. Como fizeste comigo. - disse e eu beijo-o. 

- Podemos sair daqui? - Digo e ele afirma. 

- Claro! - digo. 

Seguimos para um jardim ali perto, e ali ficámos até a noite.

Quando regressamos a casa, vejo a mãe dele, na sala. 

- Peço Desculpas aos dois pelo meu comportamento! - disse assim que cruzamos os nossos olhares. - Essencialmente a ti (S/n) , pareces uma menina cinco estrelas, e eu não te dei a oportunidade de ver isso, desculpa-me! 

- Está tudo bem! - digo, ela levanta-se e aproxima-se de nós. 

- Preciso de ajuda na cozinha, sei que cozinhas maravilhosamente bem, posso experimentar? - Sorri e afirmo. 

- Henrique, ajudas-me? - digo e ele afirma. 

- hoje tenho folga da cozinha! - disse e o pai dele riu-se. 

Cozinhamos um prato simples, mas gourmet! 

- Isto está divinal! - disse a mãe dele assim que levou o talher a boca. 

- Maravilhoso!  - disse o pai dele. 

- Se tivesse uma cozinheira assim nunca mais ia a um restaurante na vida! - disse a mãe dele e eu coro, sorri e no final daquela noite, conversámos, jogamos jogos de tabuleiro, e quando me deitei ao lado dele, digo:

- Apesar de já o ter dito, eu amo-te! - digo e ele abraça-me em concha. 

- Eu amo-te! -disse sinto os lábios dele colados ao meu pescoço e adormeço assim. 





Amor Desleixado | Henrique AraújoOnde histórias criam vida. Descubra agora