Capítulo 8

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Deixei de ouvir a minha mãe, por breves segundos deixei de a ouvir, o meu cérebro apagou todos os sons existentes naquela casa, o barulho dos pássaros na rua, uma serene de uma ambulância que passava ao longe, o ar condicionado da sala que fazia um ruído esquisito, a cortina que batia no móvel, a televisão que estava ligada, mas sem nenhum som audível para mim.

Olhei para a minha mãe, a boca dela fazia movimentos, ela estava a falar, mas eu não a conseguia ouvir, deixei de a ouvir.

- (s/n), estás a ouvir? - Olho por fim para os olhos dela que de encontram com os meus.

- O Pedro está vivo? - Repito para ter a certeza do que ouvi era verdade e não uma alucinação do meu cérebro.

- Está querida. - disse.

- Onde ele está? - Pergunto com as mãos trémulas.  - Como só o encontraram agora? - Ela respirou fundo.

- Estás a ver o prisioneiro? - Afirmo. - Ele matou sim algumas crianças, mas não matou o Pedro, foi um dos 10 sobreviventes das 200 crianças que ele torturou e raptou dos pais. O sequestrador deixou o teu irmão perto da fronteira, algumas pessoas encontraram-no e levaram-no para a polícia espanhola, mas houve uma falta de comunicação estre as autoridades portuguesas e espanholas e o Pedro ficou retido em bebé em Espanha, ele voltou com a família atual para Portugal, após ter sido adotado em Espanha.

- Porque o caso foi tratado em Espanha e não aqui?

- Porque ele foi encontrado a 2 metros da fronteira espanhola, acharam o espanhóis que deveria ser tratado na espanha e não em Portugal.

- Se havia casos de alerta em Portugal, porque haveria dos espanhóis tratar de um casos desses lá?

- Antigamente casos destes eram um sinal de alerta grave na União Europeia, acharam eles por bem tratarem do assunto.

- Onde está o Pedro ?

- Em Lisboa. - Ela desfaz o contacto visual.

- Ele chama-se Pedro?

- João Pedro Neves. - disse e eu olho para o lado antes de confirmar a minha teoria.

Henrique Araújo

O treino começou dez minutos antes do previsto, o Roger apertou connosco desde o primeiro minuto.

- Não aguento mais. - disse o Paulo ao meu lado.

- Por isso não ficas 90 minutos em campo. - disse o António.

- Que engraçado! - disse o Paulo.

- Então Araújo, como vai o namoro? - Pergunta o Gonçalo Ramos depois do treinador iniciar um intervalo de 5 minutos.

- Não vai. Não namorámos. - digo a chutar uma bola para o além.

- Porquê? Não gostas dela? - Pergunta o Samuel.

- Gosto. - digo. - Mas... - Fui interrompido por uma mulher que entra no relvado sintético. Ela dirigiu-se ao Roger, eles ficaram  conversar e o João Neves foi chamado para o seu encontro. Não era a mesma inspetora d primeira vez, percebo esse detalhe.

Desta vez a reação dele foi bastante diferente, o João que a minutos sorria, agora via a sua vida andar para trás, ele deslocou-se alguns centímentos para trás e foi preciso ser segurado por um treinador adjunto, antes de cair redondo no chão.

- Aquele fez porcaria de certeza. - disse o Samuel, e todos olhámos para ele. - Que foi? - Neguei lhe respondeu, apenas seguimos para o balneário, o treino havia sido suspenso.

Amor Desleixado | Henrique AraújoOnde histórias criam vida. Descubra agora