Voltei ao trabalho, pela minha infelicidade, mas a boa notícia é que poderia vê-lo todos os dias.
- Já não se fala aos pobres? - Vejo o Hugo o meu colega.
- Claro que falo, acabei de chegar! - digo.
Pôs a conversa em dia com o Hugo e o Gonçalo outro colega meu. Passou-se meia-manhã, e quando fui fazer a pausa para o pequeno-almoço ouço alguns rumores.
- Soubeste? - Um rapaz dos Juniores começa por dizer.
- Soube, muita coisa! - Continuei a comer.
- Um dos iniciados magoou-se. - O meu cérebro ficou em alerta, mas fui interrompida da conversa com um beijo na cabeça.
- Hey! - Ele sorri quando os nossos olhos se cruzaram.
- Hey! - digo aluada, presto atenção neles novamente, mas desapareceram.
- Sabias que há um jogador novo na equipa? - A minha atenção volta ao Henrique.
- Não, não sabia.
- Queres conhece-lo?
- Estás a esconder-me alguma coisa?
- Alguma vez escondi-te alguma coisa? Lembraste sem segredos?
- Lembro-me disso, e espero que tu também te recordes. - digo.
- Vêm! - Ele puxa-me para outra mesa e vejo o Arthur Cabral.
- És a namorada do Henrique? - Pergunta.
- Ele tem mais alguma? - Pergunto e ele riu-se e o madeirense ficou corado.
- Estão apresentados! - disse o Samuel.
- Ele não sabe o meu nome. - digo e o Henrique leva-me para outra mesa vazia. - É feio teres ciúmes! - digo a sentar-me ao lado dele.
- Não tenho! - disse.
- Engana-me que eu gosto! - digo.
- (S/n)! Finalmente, procurei-te por tudo o lado. - Vejo o pequeno Rúben surgir.
- O que fazes tu aqui? Devias estar do outro lado do campus. - digo.
- É... - Vejo o Henrique cortar o Rúben por gestos.
- É o quê, Rúben?
- O Simão, ele magoou-se.
- Tu mentiste-me! Disseste-me que não sabias de nada.
- Neves, espera! - Ele tentou impedir-me.
- Vou ver o meu irmão. - digo e afasto-me dele, bato no Neves, que não disse nada, apenas seguiu-me.
Henrique Araújo
- Fizeste-a bonito! - disse o Neres.
- Mentir é feio! - disse o Samuel.
- Podem parar, já estou mal o suficiente!
- Porquê lhe foste mentir? - disse o António.
- Porque o Jimmy disse para não lhe contar, o Simão pode deixar mesmo de jogar a bola. E a culpa foi minha!
- O quê? Como foi tua?
- Eu estava a passar e vejo-os a treinar, o Jimmy chamou-me e pediu para mostrar alguns troques com a bola, tentei um mais arriscado, e o Simão ao tentar reproduzir magoou-se, foi contra a trave, eu tentei persuadir a não fazer, mas ele quis tentar, não deveria ter permitido que ele o fizesse.
- A culpa não foi tua! - disse o Paulo.
- Foi, e por uma fração de segundos posso perder a (S/n), por uma parvoeira minha.
- Não te culpes Henrique. Ela ficou magoada por lhe teres mentido, põe-te calmo, e depois falas com ela com calma! - disse o António.
- Estás a treinar para tirar-me o lugar? - Pergunta o Otamendi.
- Estou num bom caminho?
- Caluda Silva! - disse o argentino, eu afasto-me deles e vejo o Rúben ainda ali.
- O que fazes aqui ainda? - Pergunto.
- Não tiveste culpa, o Simão queria apenas mostrar que vale alguma coisa para ti.
- Porquê?
- Porque ele gosta de ti. Não te preocupes ele não te vai dedurar, mas o Jimmy vai.
- Vamos eu levo-te!
- Podes levar-me ao Simão.
- Amigo até levava, mas não quero fazer mais estragos por hoje, vamos! - Ele esticou-me a mão e sigo com ele até ao Jimmy.
- Fogo Rúben! - disse o treinador ao recebe-lo.
- Fui ter com a (s/n)!
- É verdade! - Ouço a voz dela.
- O Simão? - Pergunta o pequeno.
- O Simão vai ficar em casa por uns tempos, mas nada de grave! - disse.
- Ainda posso brincar com ele?
- Podes ir lá a casa sempre que quiseres.
- Não te vais chatear com o Henrique, pois não?
- Isso são conversar...
- De adultos sei, mas vocês adultos são burros, discutem por tolices. - disse o Rúben, e afastou-se, ficámos sozinhos naquele corredor enorme, entre as salas dos iniciados e a enfermaria.
- A culpa foi minha! Deveria ter-te contado.
- Quebraste a nossa regra! - Afirmo. - Partiste a regra, afirmaste que não sabias de nada, afirmaste isso. - disse a aproximar-se de mim.
- Desculpa, okay? Eu peço desculpa, queria apenas proteger-te por cinco minutos, iria contar-te assim que soubesse que ele estava bem.
- E se ele não ficasse bem? Tu irias estragar o sonho dele para sempre.
- Desculpa!
- Sabes que o prometi ao meu irmão? - Neguei. - Que ele ficaria em primeiro, sempre, sabes qual foi o meu erro? Quebrar essa promessa. - disse e afasta-se de mim.
- (S/n), vamos acabar?
- Não, vamos dar um tempo!
- Por favor, eu preciso de ti porque eu amo-te! Por favor, não quero um tempo. - digo a aproximar-me dela.
- Pois, mas agora não é o que tu queres! Eu preciso de tempo. - disse prestes a chorar.
- Ok! - Abro mão! - Tudo bem, aceito o teu tempo! - digo e afasto-me dela. - Eu amo-te, não te esqueças disso.
Ela não responde, apenas ouço um soluço e um choro repentino vindo dela, quis voltar e abraça-la, mas apenas segui em frente sem olhar para trás.
Respiro fundo e ao entrar no balneário, começo a chorar, mas assim que os ouço chegar, agarro nas minhas coisas e parto para casa, o dia já estava mesmo encerrado, quando cheguei a casa, tranco-me no quarto e choro, mas choro com vontade, deito tudo para fora, choro como um bebé, precisava de desabafar, precisava de retirar aquela onda de má sensações e para isso precisava de chorar.
Não queria bater em nada, não queria gritar com nada, apenas queria agarrar-me as pernas, e chorar, foi o que fiz, chorei com vontade, chorei até adormecer, no dia seguinte, não havia treino, por isso fiquei na cama.
O teto fazia-me relembrar coisas, por isso fechei os olhos, e acabo por adormecer.
Acordo com o som da campainha, assusto-me, pelo som repetitivo do aparelho, mas quem raio seria, olho para as horas e vejo que eram 18 da tarde.
Respiro fundo e vou até ao intercomunicador.
- Quem é? - Não vejo ninguém. - Quem é? - Pergunto novamente. - Eu sei que estás aí. - digo e quando abro a porta não a vejo.
- Afinal não me enganei! - Assusto-me com a voz.
- O que fazes aqui sozinho? - Digo e quase que tive um treco mental.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Desleixado | Henrique Araújo
FanfictionAmbos éramos trabalhadores do Benfica, mas ele é um jogador e eu apenas uma funcionária do Benfica CAMPUS Como em menos de nada começamos a falar? Nunca planeei apaixonar-me, mas ele fez-me sentir diferente, mas o que poderia mudar ao começar a co...