Capítulo 14

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Voltei ao trabalho, pela minha infelicidade, mas a boa notícia é que poderia vê-lo todos os dias.

- Já não se fala aos pobres? - Vejo o Hugo o meu colega.

- Claro que falo, acabei de chegar! - digo.

Pôs a conversa em dia com o Hugo e o Gonçalo outro colega meu. Passou-se meia-manhã, e quando fui fazer a pausa para o pequeno-almoço ouço alguns rumores.

- Soubeste? - Um rapaz dos Juniores começa por dizer.

- Soube, muita coisa! - Continuei a comer.

- Um dos iniciados magoou-se. - O meu cérebro ficou em alerta, mas fui interrompida da conversa com um beijo na cabeça.

- Hey! - Ele sorri quando os nossos olhos se cruzaram.

- Hey! - digo aluada, presto atenção neles novamente, mas desapareceram.

- Sabias que há um jogador novo na equipa? - A minha atenção volta ao Henrique.

- Não, não sabia.

- Queres conhece-lo?

- Estás a esconder-me alguma coisa?

- Alguma vez escondi-te alguma coisa? Lembraste sem segredos?

- Lembro-me disso, e espero que tu também te recordes. - digo.

- Vêm! - Ele puxa-me para outra mesa e vejo o Arthur Cabral.

- És a namorada do Henrique? - Pergunta.

- Ele tem mais alguma? - Pergunto e ele riu-se e o madeirense ficou corado.

- Estão apresentados! - disse o Samuel.

- Ele não sabe o meu nome. - digo e o Henrique leva-me para outra mesa vazia. - É feio teres ciúmes! - digo a sentar-me ao lado dele.

- Não tenho! - disse.

- Engana-me que eu gosto! - digo.

- (S/n)! Finalmente, procurei-te por tudo o lado. - Vejo o pequeno Rúben surgir.

- O que fazes tu aqui? Devias estar do outro lado do campus. - digo.

- É... - Vejo o Henrique cortar o Rúben por gestos.

- É o quê, Rúben?

- O Simão, ele magoou-se.

- Tu mentiste-me! Disseste-me que não sabias de nada.

- Neves, espera! - Ele tentou impedir-me.

- Vou ver o meu irmão. - digo e afasto-me dele, bato no Neves, que não disse nada, apenas seguiu-me.

Henrique Araújo

- Fizeste-a bonito! - disse o Neres.

- Mentir é feio! - disse o Samuel.

- Podem parar, já estou mal o suficiente!

- Porquê lhe foste mentir? - disse o António.

- Porque o Jimmy disse para não lhe contar, o Simão pode deixar mesmo de jogar a bola. E a culpa foi minha!

- O quê? Como foi tua?

- Eu estava a passar e vejo-os a treinar, o Jimmy chamou-me e pediu para mostrar alguns troques com a bola, tentei um mais arriscado, e o Simão ao tentar reproduzir magoou-se, foi contra a trave, eu tentei persuadir a não fazer, mas ele quis tentar, não deveria ter permitido que ele o fizesse.

- A culpa não foi tua! - disse o Paulo.

- Foi, e por uma fração de segundos posso perder a (S/n), por uma parvoeira minha.

- Não te culpes Henrique. Ela ficou magoada por lhe teres mentido, põe-te calmo, e depois falas com ela com calma! - disse o António.

- Estás a treinar para tirar-me o lugar? - Pergunta o Otamendi.

- Estou num bom caminho?

- Caluda Silva! - disse o argentino, eu afasto-me deles e vejo o Rúben ainda ali.

- O que fazes aqui ainda? - Pergunto.

- Não tiveste culpa, o Simão queria apenas mostrar que vale alguma coisa para ti.

- Porquê?

- Porque ele gosta de ti. Não te preocupes ele não te vai dedurar, mas o Jimmy vai.

- Vamos eu levo-te!

- Podes levar-me ao Simão.

- Amigo até levava, mas não quero fazer mais estragos por hoje, vamos! - Ele esticou-me a mão e sigo com ele até ao Jimmy.

- Fogo Rúben! - disse o treinador ao recebe-lo.

- Fui ter com a (s/n)!

- É verdade! - Ouço a voz dela.

- O Simão? - Pergunta o pequeno.

- O Simão vai ficar em casa por uns tempos, mas nada de grave! - disse.

- Ainda posso brincar com ele?

- Podes ir lá a casa sempre que quiseres.

- Não te vais chatear com o Henrique, pois não?

- Isso são conversar...

- De adultos sei, mas vocês adultos são burros, discutem por tolices. - disse o Rúben, e afastou-se, ficámos sozinhos naquele corredor enorme, entre as salas dos iniciados e a enfermaria.

- A culpa foi minha! Deveria ter-te contado.

- Quebraste a nossa regra! - Afirmo. - Partiste a regra, afirmaste que não sabias de nada, afirmaste isso. - disse a aproximar-se de mim.

- Desculpa, okay? Eu peço desculpa, queria apenas proteger-te por cinco minutos, iria contar-te assim que soubesse que ele estava bem.

- E se ele não ficasse bem? Tu irias estragar o sonho dele para sempre.

- Desculpa!

- Sabes que o prometi ao meu irmão? - Neguei. - Que ele ficaria em primeiro, sempre, sabes qual foi o meu erro? Quebrar essa promessa. - disse e afasta-se de mim.

- (S/n), vamos acabar?

- Não, vamos dar um tempo!

- Por favor, eu preciso de ti porque eu amo-te! Por favor, não quero um tempo. - digo a aproximar-me dela.

- Pois, mas agora não é o que tu queres! Eu preciso de tempo. - disse prestes a chorar.

- Ok! - Abro mão! - Tudo bem, aceito o teu tempo! - digo e afasto-me dela. - Eu amo-te, não te esqueças disso.

Ela não responde, apenas ouço um soluço e um choro repentino vindo dela, quis voltar e abraça-la, mas apenas segui em frente sem olhar para trás.

Respiro fundo e ao entrar no balneário, começo a chorar, mas assim que os ouço chegar, agarro nas minhas coisas e parto para casa, o dia já estava mesmo encerrado, quando cheguei a casa, tranco-me no quarto e choro, mas choro com vontade, deito tudo para fora, choro como um bebé, precisava de desabafar, precisava de retirar aquela onda de má sensações e para isso precisava de chorar.

Não queria bater em nada, não queria gritar com nada, apenas queria agarrar-me as pernas, e chorar, foi o que fiz, chorei com vontade, chorei até adormecer, no dia seguinte, não havia treino, por isso fiquei na cama.

O teto fazia-me relembrar coisas, por isso fechei os olhos, e acabo por adormecer.

Acordo com o som da campainha, assusto-me, pelo som repetitivo do aparelho, mas quem raio seria, olho para as horas e vejo que eram 18 da tarde.

Respiro fundo e vou até ao intercomunicador.

- Quem é? - Não vejo ninguém. - Quem é? - Pergunto novamente. - Eu sei que estás aí. - digo e quando abro a porta não a vejo.

- Afinal não me enganei! - Assusto-me com a voz.

- O que fazes aqui sozinho? - Digo e quase que tive um treco mental.

Amor Desleixado | Henrique AraújoOnde histórias criam vida. Descubra agora