20. Cigarette Daydream.

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Cigarrete Daydream – Cage The Elephant

"Você suspira, desvia o olhar
Consigo ver claro como o dia
Fecha os olhos, tão receosa
Escondida atrás desta carinha de bebê"

*

Pov Dahyun





Acordo com uma vagareza esperada e com uma dor de cabeça intensa, olho para o teto ainda com os olhos meio fechados e percebo que não estou em casa. Não me lembro de muita coisa e nem preciso, já que para entender onde dormi bastou olhar para o lado e encontrar Sana roncando.

Permito-me rir com a cena e fazer uma nota mental para zoar a japonesa mais tarde sobre isso. Como uma menina com um rosto tão meigo e delicado, dormindo profundamente desse jeito consegue emitir um som estrondoso e bruto como esse? Eu rio mais um pouco e finalmente levanto-me.

Depois de usar o banheiro, calço meus sapatos, pego as chaves que Sana havia colocado na mesinha de cabeceira e saio de seu quarto, mas não sem antes dar-lhe uma satisfação à altura. Escrevo um bilhete simples, arrumo meu lado da cama e coloco o papelzinho em cima do travesseiro.

Dirijo devagar, mas minha mente não acompanha. Estou acelerada, com vergonha, arrependida. Não costumo fazer coisas fora do hábito quando bebo justamente porque me conheço o suficiente para saber que me culpo além do normal quando volto à sobriedade.

Chego em casa, subo com pressa e sem cumprimentar ninguém. Ouço um barulho vindo do escritório e logo reconheço a voz feminina de minha mãe. Não vou até ela e ela não vem até mim, sigo para meu quarto no mais completo silêncio e ao chegar no recinto, rapidamente tomo banho.

Quando saio, depois de longos minutos, encontro minha mãe sentada em minha cama com uma expressão nada boa. Ela me encara sem dizer nada e eu caminho pelo cômodo da mesma forma. Nós nos olhamos dizendo tudo e dizendo palavra alguma. Eu expressava curiosidade, surpresa e medo. Ela expressava raiva, desapontamento e rigidez.

Não sei se prefiro o silêncio ensurdecedor que toma conta ou uma conversa franca que com certeza me deixará mal.

— Onde dormiu? – Ela finalmente diz algo.

— Na casa de uma amiga.

— Qual?

— Sana.

— Gosto que seja amiga dela, é uma garota exemplar, espero que consiga te influenciar positivamente.

— Todos os meus amigos são ótimos.

— Ótimos arruaceiros, você quer dizer. – Levantou-se e aproximou-se de mim, olhando-me com desdém. – Você bebeu?

— Um pouco.

— Fumou?

— O quê?! – Denunciei a surpresa com a pergunta. Minha mãe não sabe disso sobre mim. Nem ela, nem meu pai e nem Mei. Ou pelo menos não sabiam.

— Não adianta tentar negar, Kim Dahyun. – Não tirava os olhos de mim enquanto falava. Seu tom era duro. – Está fumando, não está?

— Não é nada de mais... – Respondi descendo o olhar, fugindo dela pelo menos nisso.

— Enlouqueceu?! – Gritou. – Você tem asma, garota! Asma!

— Minhas crises não são mais tão intensas, está tudo bem.

— Tudo bem até quando? – Disse exausta. – Até a próxima pegadinha no colégio? Até o próximo choro descontrolado?

— Eu não choro porque quero, eu odeio isso também.

Tying Cherry Knots | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora