33. With A Little Help From My Friends.

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With A Little Help From My Friends – The Beatles

"O que você pensaria se eu cantasse desafinado?
Você se levantaria e me deixaria sozinho?
Preste atenção e eu lhe cantarei uma canção
E eu tentarei não cantar fora do tom"

*

Pov Dahyun





"Era uma manhã de domingo, acordei por conta própria e me sentindo descansada. Eram situações raras. Acordar cedo, sozinha e me sentindo bem eram coisas que eu não tinha costume. Levantei-me depressa, fiz minha higiene pessoal e me pus para fora do quarto animadamente.

Tinha em mente fazer algumas coisas. Queria caminhar pelas ruas ouvindo uma música calma e sentindo o vento gelado no rosto, apreciando as pequenas coisas da vida e vendo graça nelas, depois iria até a casa de Chaeyoung jogar algum jogo e rir das besteiras dela, voltando para minha residência no fim do dia. Queria tudo isso, não era complicado, não era nada complexo, era habitual, normal, coisa de jovem, mas parecia que eu não era boa o bastante para isso, não merecia isso.

— Você ouviu o que a psicóloga disse, Sanghun. – Escutei minha mãe dizer sem pudor na voz e no tom das palavras. – A nossa filha não é normal, ela tem os mesmos problemas que você.

— Eu não sou doente! – O homem gritou irritado. Eu ouvia aquilo da escada, encolhi-me sentada em um dos degraus, num ângulo perfeito para ouvir a discussão e não ser vista por eles. – Eu me tratei, eu não fui mimado como a Dahyun, não venha dizer que somos iguais.

— Sanghun, você ouviu a psicóloga... – Dizia com cuidado, tentando convencer o homem e o fazer manter a calma.

— Isso foi uma péssima ideia, inclusive. – Soltou depois de um arfar aborrecido. – Essa sua ideia não trouxe benefício nenhum.

— A ideia de pagar a psicóloga para nos contar sobre a Dahyun não foi só minha e você concordou com ela. – Rebateu também aborrecida.

— Eu achei que isso ia nos dar alguma vantagem, íamos descobrir o que a Dahyun tem, mas não foi isso que aconteceu...

— Você só diz isso porque não quer aceitar que nossa filha é bipolar como você!

— Hyemi! – Berrou. – Eu não sou bipolar e nem a Dahyun... A doutora disse outro nome... É... – Parecia pensar com dificuldade.

— Borderline. – Completou. – No fim, é tudo a mesma coisa, é uma merda lidar, ter, tratar... No que importa o nome científico da coisa? A verdade é uma só e nós precisamos lidar com ela.

— Saber o que a Dahyun falava em consulta com a psicóloga não ajudou em nada, Hyemi, então não vejo outra saída...

— Internar a nossa filha? – Minha mãe perguntou receosa e eu, ao ouvir aquilo, deixei-me fragilizar por completo. Senti medo, tristeza, raiva. Era mais do mesmo, meus sentimentos misturados, a falta de controle e uma culpa anormal sobre mim. – Você acha mesmo que isso ajudaria?

— Agora eu que digo, Hyemi, você ouviu a psicóloga, nós ouvimos a consulta... A Dahyun não está bem e... – Suspirou profundamente antes de prosseguir. – Se ela tem algum problema parecido com o que eu tive no passado, então vamos tratar da mesma forma.

— Você disse que os profissionais da clínica eram brutais, Sanghun... Acha mesmo que é uma boa ideia enviar nossa filha para um lugar assim?

— Eu voltei curado, então, sim, eu acho uma boa ideia. Aliás, acho que é a única saída.

Não fiquei parada para ouvir mais, a conversa principal parecia ter encerrado e minha paciência já tinha esgotado. Não conseguia ficar ali nem mais um minuto. Levantei-me, retornei para o meu quarto, pulei a janela e saí correndo pelas ruas. Eu tinha um lugar para ir, mas me sentia perdida mesmo assim.

Tying Cherry Knots | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora