18. Get Free.

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Get Free – Lana Del Rey

"Às vezes parece que tenho uma guerra em minha mente
Eu quero sair, mas continuo seguindo em frente
Eu nunca percebi que tinha que decidir
Jogar o jogo de alguém ou viver minha própria vida"

*

Pov Sana



— Você começa a falar. – Disse ao levantar a vista do desenho para encarar o rosto de Dahyun. 

— Você começa. 

— Mas eu te disse que não tenho nada para dizer em troca...

— Ou você diz algo ou eu fico caladinha. – Fingiu passar um zíper na boca. – Por que não me fala sobre sua mãe? – Perguntou sem receio algum. 

— Oh, ok... – Demonstrei surpresa e ela parece não se abater. Era curioso como do nada sua postura mudava, seu jeito variava e, mesmo assim, eu sempre acabava cedendo. – O nome da minha mãe era Minatozaki Kana, ela morreu quando eu tinha cinco anos, morreu num acidente. 

— Isso você já tinha me dito.

— Verdade... – Suspirei um pouco e continuei em seguida. – Quer saber por que fiquei tão triste em não poder dançar na final do campeonato em Busan? – Assentiu. – Minha mãe era líder de torcida quando tinha minha idade. Depois que eu nasci, fui muito incentivada por ela a dançar. Ela queria que eu fosse líder também, então assim o fiz. 

— Mas gosta disso ou só fez por que era um sonho de sua mãe? 

— Eu realmente gostava. Me sentia mais perto dela e pensava que estava dando orgulho a ela mesmo que de longe, entende? – Assentiu. – Esse livro aqui. – Afastei-me na cama e peguei 'O Pequeno Príncipe' que estava na mesinha de cabeceira. – É o meu favorito da vida, foi minha mãe que me deu. – Entreguei a ela com a primeira página aberta. – Aí tem uma dedicatória, onde ela fala sobre eu ser uma "mini ela". – Ri fraco ao dizer, era uma memória boa, um fato confortante. 

— Sua mãe era maneira. – Falou quando leu. – Foi por causa desse livro que começou a gostar de literatura? 

— Como sabe que gosto de literatura? 

— Você costuma deixar isso bem claro... – Ela sorriu desconfiada. – Desculpe ter feito você perder a apresentação. – Colocou o livro atrás de si, na minha escrivaninha. – Eu juro que não queria que aquilo tivesse acontecido, era para ser na Yuna...

— Eu sei disso, agora eu sei. – Lancei um sorriso gentil para a menina que tinha uma expressão penosa. – Eu te desculpei no segundo em que li sua cartinha extremamente formal.

— Eu sei que você é uma chata com redação, então me esforcei para não errar a gramática e a estrutura textual de uma carta. – Revirou os olhos me provocando. 

— Ei! – Joguei uma almofada nela, que segurou prontamente, impedindo que a acertasse em cheio. – Você é chata, Kim Dahyun... – Arfei emburrada. 

— Eu? Eu sou chata? – Levantou-se da cadeira e com a mão no peito, fez cena fingindo mágoa. – Venho até sua casa e é assim que me trata?! – Encarava-me de longe.

— Sim. É uma chata, a mais chata do mundo! – Reforcei, indo mais para trás da cama, já imaginando o que viria a seguir. 

— Você vai ver quem é chata! – Jogou a almofada de volta em minha direção, exatamente como imaginei, mas não consegui evitar que a mesma me atingisse. – Um a zero para Kim Dahyun! – Virou-se de costas, com as mãos para o alto, fingindo comemorar uma cesta de três pontos no basquete. 

Tying Cherry Knots | SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora