Stalker à Solta

IV

                         Boston, Massachusetts

     

                                    Effie Petit
                                        12|03

Capítulo IV= A Múmia Entediada

    Encaro o teto de meu quarto com tédio, contando cada pedacinhos de cristais presentes no lustre em cima de minha cabeça, tão no tédio que resolvi os contar. Até agora, foram cento e dois cristais brancos...

Desde aquele dia, da foto e da carta... não tenho saído de casa, tenho ficado mais na minha, trancada em meu quarto, com as janelas e cortinas totalmente fechadas e vedadas, com uma novo sensação de estar sendo observada a todo momento, por pequeno que seja meu movimento no quarto. Estou com medo, tenho que admitir, afinal, não sairia dando pulos de alegria após um psicopata tirar fotos minhas dormindo e ter me enviado aquele bilhete pervertido, piorando toda a situação cada vez que paro para pensar o quão absurdo tudo isso é! Essa pessoa por quem quer que ela seja, conseguiu entrar em meu quarto, a noite, para tirar essa foto.

Esse é o problema principal, pois, se ele pode entrar em meu quarto com tanta facilidade, mesmo que tudo seja extremamente trancado já, pelo meu nervosismo, e preciso de agilidade para não me acordar, então quer dizer que ele pode entrar em meu quarto a qualquer momento, até mesmo agora, com as janelas vedadas pela cortina, é uma grade de metal, que eu mesma instalei com medo de mamãe perceber minha mudança radical. Não conseguirei manter isso por muito tempo, pois, já está meio óbvio: sou uma esgrimista, conhecida mundialmente! As pessoas alguma hora ou outra sentiriam minha falta.

Não gosto de ter que chatear meus fãs, mas toda essa situação, não é brincadeira, é coisa séria. Minha vida pode estar em risco, afinal, como já disse milhões de vezes, esse psicopata entrou aqui!! E tirou a porra de uma foto minha!! ...Mas de certo modo, ele está sim, brincando comigo, pois se ele quisesse, já teria feito muitas atrocidades, como, me matar. Isso em partes, também é culpa minha, já que tenho o sono muito pesado, e mesmo que esse cara me sufocasse com um travesseiro, eu não iria acordar, principalmente se ele me matasse... é óbvio.

Estou enrolada em meu cobertor, ainda paranoica com tudo a minha volta, desconfiando até mesmo de minha própria sombra, sentindo a raiva corroendo minha alma medrosa, própria me contrariando, com uma parte de mim, lutando para que eu me levante daqui, e vá viver normalmente, não deixando esse babaca parar minha vida, e outra, apenas fala para eu me manter aqui, vivendo de forma cautelosa e segura, no conforto de minha própria casa e comida caseira da mamãe, podendo até mesmo, ter o bônus das visitas de Chloe. É como se eu tivesse uma versão minha anjinho e diabinho em cada lado de meu ombro, discutindo entre eles como me dominaram.

Tenho medo.. muito medo.. e se ele invadir meu quarto novamente..? Ou me sequestrar a luz do dia? Machucar mamãe e a mim? Não sei o que faria caso ele machucasse mamãe, seria capaz de endoidar de vez, ter meu mundo desmoronado, completamente destruído. Mamãe é meu pilar, minha vida não tem sentido sem ela, afinal, sou sozinha no mundo, se não fosse por ela aqui comigo, caminhando ao meu lado em cada batalha difícil de minha vida... menos... na de agora, o que me restaria? Apenas um cadáver vazio, de alma, e corpo.

Me enrolo totalmente no lençol e me sinto confortável, fechando os olhos, apreciando o escuro do quarto, e o frio do ar-condicionado, me sentindo quentinha com meu cobertor grosso, sentindo um sono absurdo. Coço os olhos e finalmente apago...
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— Papai, papai!

    Agarrei o pé de papai, esfregando minha cara no mesmo, feliz em vim brincar com papai no parquinho! Quase nunca vínhemos aqui! Mamãe que geralmente me trás para brincar um pouco.