VII

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                        Boston, Massachusetts








                                   Effie Petit
                                       31|03










Capítulo VII= Devaneios, Mentiras e Encontro Estranho





    Depois daquele dia, no qual eu encontrei aquelas fotos de baixo da cama de mamãe, não paro de pensar sobre isso em nenhum momento do dia sequer, até mesmo no treino de esgrima. Quase quebrei a mão ao realizar a manobra errada, apenas por estar fantasiando teorias malucas sobre todas as quelas fotos bizarras.

      Quem eram aquela moça e aquele garoto? De quando é essa foto, quantos anos ela deve ter? Qual a relação entre papai e eles?

    Tenho tantas dúvidas, e tenho nenhuma resposta. Mas não posso simplesmente chegar em mamãe e falar "Fui arrumar seu quarto, mas felizmente andei bisbilhotando o mesmo, e por acaso, encontrei essa caixa totalmente suspeita e super convidativa. Taquei o foda-se e simplesmente não respeitei sua privacidade, abrindo a caixa para suprir minha curiosidade mórbida que ainda não matou o gato, encontrando essa foto estranha aqui... Quem são eles? Você é a amante da história?". Nunca poderia dizer isso. Em hipótese alguma.

    Estranhei o fato de que nesse tempo todo, depois da carta e do bilhete, das fotos, que mamãe não notou nada de diferente em mim, nem mesmo no meu modo de agir ou falar, nem mesmo notando que perdi peso, ficando mais magra do que já sou. No momento pareço um esqueleto-morto-vivo-que-não-dorme. Na verdade, nem sei se zumbis dormem, nem esqueleto. Para falar a verdade, estou bem chateada que ela não percebeu isso, até mesmo o Liam já percebeu que estou meio para baixo, sempre perguntando quando nos vemos se eu estou doente ou se estou bem; comendo bem. Todos perceberam que estou mal, menos minha própria mãe.. ou só se ela está se fazendo de sonsa.

    Mexo em minhas ervilhas com o garfo, entediada, e olho para mamãe, que come elegantemente em minha frente, fingindo ter classe em meio ao restaurante de luxo, realmente entediada e enjoado por essa comida ser cara e ruim. Por que esses restaurantes parecem servir pratos para ratos? Por que essas migalhas de comida não dão nem de amostras grátis. Até mesmo as amostras dos supermercados são maiores que isso, é muito mais saborosas. No momento, estou mais afim de almoçar biscoitos de amostra grátis do supermercado, do que comer nesse restaurante cinco estrelas chato, que a sua única coisa boa, e por ter música ao vivo, de piano.

    O cara do piano toca lindamente de costas para todo mundo, apreciando aquela música suave e melodiosa com os olhos fechados, parecendo saborear as notas musicais que saem do piano de tão prazeroso é, ouvir essa pessoa tocar. Abro os olhos e tento o enxergar melhor, só conseguindo ver sua estatura alta e magra, apesar de ser grande, notando seu cabelo preto por baixo de seu chapéu escuro como o ambiente meio caótico deste restaurante famoso, dando grande destaque em sua pele pálida, na qual só consigo notar por conta de seu pescoço descoberto, por seu terno elegante, com mexas lisas negras destacando sua pele descoberta.

Ele para de tocar e as pessoas aplaudem, levantando do lugar para baixar seu chapéu, fazendo reverência para todos nós, tentando enxergar seu rosto que não consigo ver. Ele volta ao normal e veste o chapéu de forma rápida, tampando seu rosto com ele, de repente, virando para nós, mais especificamente, para mim. Por ele estar longe, não consigo notar se ele está realmente olhando para nós, mas... seu sorriso fino com certeza me afetou, mesmo que não seja para mim. Seu sorriso fino faz covinhas em cada lado de suas bochechas pálidas, desviando o olhar para meu prato quase intocado, me sentindo nervosa mais uma vez.

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