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Boston, Massachusetts
















Effie Petit
06|05










Capítulo XX= Lamúrios de Uma Alma Despedaçada




Part I


Deitada sobre o sofá, observo atentamente cada detalhe do filme legal que acabei de descobrir explorando cada canal dessa enorme Tv da sala de estar, me aconchegando no conforto das almofadas fofas.

    Finalmente paz! Pensava que nunca mais iria despistar Heloise e Eliott. Principalmente Eliott!! Bem, Eliott já era de se esperar, já que esse garoto sisma comigo. E tudo isso está extrapolando os limites de todas as relações de sangues possíveis! Na verdade, humanas! Nem se não fôssemos irmãos de verdade, isso está passando mais do que dos limites! Não é normal um irmão sentir esses tipos de sentimentos pela sua própria irmã! Isso é simplesmente nojento e repulsivo! Além do fato dele me assediar! Isso está acabando com meu psicológico... toda vez que ele me toca, me beija... fico completamente enjoada e com o estômago revirando em ansiedade. Não gosto quando ele faz isso... eu odeio tudo isso!

    Carrego isso comigo desde muito tempo, desde que ele começou a implicar comigo de repente... me beijando, me tocando... . Era angustiante, totalmente angustiante... e-eu fiquei tão traumatizada, com esses sentimentos tão ruins que depois daquele dia no lago, eu não queria mais me aproximar dele... e-eu não queria ficar perto dele, não brincava mais com ele como antes, sempre quando nos encontrávamos ficava com papai, sempre ao seu lado para evitar Eliott, que percebeu essa movimentação estranha e descaradamente tentou se enturmar comigo de novo, tentando brincar comigo, me dando doces, brinquedos. Isso nunca funcionou, apesar de eu ser uma criança bem infantil e inocente... o trauma foi tão grande que eu simplesmente não queria mais ver a cara dele...

    Pela primeira vez, pela primeira vez em todos os anos de minha vida, mamãe pareceu me entender... ela foi a única pessoa a notar que eu estava estranha, reclusa, mais nervosa que o normal. Não é normal uma criança de dez anos chegar a perder sete quilos só por nervosismo; não querer mais sair de casa nem ao menos para brincar; desmaiar por passar muito tempo sem comer... nada disso era normal, principalmente para uma criança saudável como eu sempre fui, que gostava de brincar, de brincar com Eliott.

    De tanto mamãe me ver naquele estado, nem mesmo ela aguentou, me sentou na beira da cama e me perguntou olhando no fundo dos meus olhos:

                               "O que você tem, meu bebê?"

    Meu coração tinha ido aos ares com essas seis palavras simples. Fiquei tão, mais tão nervosa que tive que sair correndo para o banheiro para poder vomitar de nervoso. ... eu perdi a oportunidade.. e-eu era uma criança muito medrosa... não tive coragem de falar a verdade para a mesma. Eu fui tão tola!

    Fungo e limpo meu rosto cheio de lágrimas ao ouvir passos se aproximando da sala, vendo de soslaio papai se sentando ao meu lado de forma relaxada, bocejando e coçando sua barriga redonda e grande possivelmente de bebidas alcoólicas, fungando o ar com o péssimo cheiro de álcool, o que comprova meu pensamento.

— Filha querida..!!— ele falou de forma embriagada e trêmula, arregalando os olhos por vê-lo chorar de repente.— Senti tanta sua falta!! Sua mãe me disse tantas baboseiras idiotas! Eu não queria me afastar de você, mas sua mãe te levou para longe de mim..!!

    Tentei o afastar enquanto o mesmo me abraçava de forma desajeitada, quase morrendo sufocada em suas banhas gordurosas e suadas, tossindo tentando respirar pelo cheiro que chega a me embriagar.
— Para com isso, pai!!

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